O Chelsea visitou o Brentford e conquistou mais três pontos importantíssimos na briga pelo título da Premier League. Com o resultado, os Blues chegam aos 19 pontos e se mantêm no topo da tabela, com um ponto a mais do que o segundo colocado Liverpool.
A vitória magra, arrancada com muito sofrimento e grandes doses de heroísmo de Edouard Mendy, ganha ainda mais tamanho ao se considerar as circunstâncias: um território hostil, contra um adversário extremamente organizado, agressivo e que sabe se aproveitar do fator casa – não por acaso, Arsenal e Liverpool já haviam perdido pontos jogando lá nessa temporada.
Zaga desfalcada no Chelsea
Os donos da casa tiveram o desfalque do meio-campista Shandon Baptiste e, para o lugar dele, o técnico Thomas Frank apostou no dinamarquês Mathis Jensen.
A alteração, no entanto, manteve o mesmo 3-5-2 que vem sendo utilizado pelos Bees nessa Premier League.
Já pelo lado do Chelsea, Thiago Silva e Rüdiger foram vítimas da Data FIFA e desfalcaram a equipe. Com isso, Thomas Tuchel escalou dois jovens no setor: Malang Sarr, que fez sua estreia na Premier League, foi o zagueiro pela esquerda e Trevoh Chalobah, já com um pouco mais de rodagem na temporada, atuou pelo lado direito do setor.
Tuchel também escalou os Blues no 3-5-2, espelhando com o esquema do Brentford para, assim, ter igualdade numérica no meio-campo. Dessa forma, além de N’Golo Kanté e Mateo Kovacic, o treinador alemão apostou em Ruben Loftus-Cheek, que foi titular pela segunda partida consecutiva. Com Cheek, o intuito de Tuchel era ganhar mais força física no meio-campo, uma vez que o adversário costuma tentar se impor dessa maneira.
Na frente, Timo Werner foi outro que ganhou sequência no onze inicial, formando dupla com Romelu Lukaku.
Primeiro tempo truncado
Como era de se esperar, Brentford e Chelsea travaram um duelo intenso desde os primeiros movimentos. Ambas as equipes, bem ao seus estilos, subiam a marcação e dificultavam a saída de bola adversária.
Nesse sentido, o Chelsea tinha mais a posse, mas sofria com os encaixes de marcação do Brentford, que cortavam as opções de passe e dificultavam o trabalho dos zagueiros. Assim, a equipe se ressentia da falta de Thiago Silva, como o zagueiro construtor capaz de romper as linhas com um passe mais criativo, e de Rüdiger, como o zagueiro capaz de arrancar com a bola e gerar desequilíbrio no sistema de marcação rival.
Foi então que Loftus-Cheek começou a se destacar. Responsável pela iniciação das jogadas no meio-campo, o camisa 12 recebia a bola de costas, cercado muitas vezes por dois jogadores adversários, mas na base da técnica conseguia girar e progredir com ela, gerando desencaixes na marcação do Brentford.
Werner e Kanté também apareciam bem, movimentando-se nos espaços e oferecendo a aceleração da qual o Chelsea precisava para tentar ser mais agressivo.
Embora os espaços começassem a aparecer, a partida seguia tendo poucas jogadas de real perigo e tudo levava a crer que as equipes iriam para o vestiário com o placar inalterado. Até que, aos 45 minutos, Ben Chilwell recebeu uma sobra de bola na entrada da área, encheu o pé e tirou o zero do marcador.
Segundo tempo com metades diferentes
Os Blues voltaram para a segunda etapa se impondo no campo de ataque e dominando as ações. Chilwell se tornou a grande arma ofensiva, saindo do lado e fechando por dentro. Lukaku desperdiçou excelente chance, mas aos poucos o Chelsea foi perdendo o ímpeto e, depois de algum tempo, Tuchel lançou mão de Mason Mount na vaga de Kovacic.
Entretanto, a mudança que realmente transformou o jogo veio logo na sequência, quando o relógio marcava metade do segundo tempo. Thomas Frank decidiu desfazer o 3-5-2 do Brentford, tirando o meio-campista Frank Onyeka e colocando o centroavante Marcus Forss. Depois, Sergi Canós saiu, dando lugar a Saman Ghoddos. Assim os donos da casa, com a bola, passaram a ter uma linha de quatro na defesa, com Zanka fazendo a lateral direita; Ghoddos compunha outra linha de quatro, mas ofensiva, em um incrível 4-2-4.
A mudança desestruturou por completo o sistema defensivo do Chelsea. O Brentford passou a ter domínio absoluto das ações, se impôs no campo de ataque e imprimiu um ritmo avassalador, que sufocou os visitantes.
Foi então que Mendy apareceu. Foram pelo menos quatro grandes intervenções para evitar o empate. A última delas uma defesa espetacular, já nos acréscimos, após tentativa de bicicleta de Christian Nørgaard. Foram ainda duas bolas na trave e uma salva por Chalobah em cima da linha.
Inoperante, Romelu Lukaku saiu e Kai Havertz entrou, mas o Chelsea não conseguia sair de trás, se segurava como podia e contava também com a sorte ao seu lado. Tuchel ainda trocou César Azpilicueta por Reece James só para gastar tempo na parte final. Enfim, aos 96 minutos, o apito final do árbitro sôou, trazendo alívio e mais três valiosos pontos na conta.
Destaques individuais
O primeiro grande destaque foi Sarr. O garoto de 22 anos, que debutou na Premier League, pareceu, na verdade, vestir a camisa do Chelsea há anos. Venceu a grande maioria dos duelos, tanto pelo alto quanto pelo chão e certamente ganhará mais espaço na sequência da temporada.
Loftus-Cheek fez nova boa partida e é outro que vai conquistando cada vez mais espaço com Tuchel. Jogando os 90 minutos, se impôs, foi bem na construção e fundamental nos duelos físicos.
Mas é impossível não direcionar todos os holofotes a Mendy. O goleiro senegalês teve atuação de gala, provando mais uma vez ser o melhor goleiro do mundo atualmente. A forma exuberante do camisa 16 transmite confiança para toda a equipe e é capaz de assegurar resultados como esses, mesmo em momentos que parecem improváveis que se consiga.
Em suma, uma vitória fundamental, com ares de heroísmo. Superando desfalques, com garotos dando conta do recado e provando seu valor, mas, principalmente, com seu goleiro inspirado, levando o Chelsea de volta ao topo da tabela e mostrando à UEFA quem está no topo da posição hoje no mundo.