O Chelsea tem vinte e oito jogadores emprestados em times espalhados pela Europa, dos quais cinco estão sendo utilizados pelo holandês Vitesse – o clube que possui mais jogadores dos Blues nessa temporada em seu elenco.
O técnico da equipe da Eredivisie, Peter Bosz, disse ao Daily Mail da Inglaterra sobre a identidade do charmoso time auri negro e garante que mesmo com muitos jogadores vindo do Chelsea, o time histórico fundado em 1892 não perdeu sua identidade. Bosz analisou os Blues mais proeminentes e disse que a amizade entre os donos dos dois clubes, Roman Abramovich e Alexander Chigirinsky, em nada influencia dentro de campo.
“Nosso dono e o dono do Chelsea são amigos, mas é apenas isso. Eu não vejo nenhum problema. Se nós algum dia jogarmos a Champions League contra o Chelsea, nós vamos com tudo para buscar a vitória. Esse seria o meu objetivo – fazer tudo que pudermos para batê-los. Nós somos os primeiros a fazer esse tipo de parceria (entre clubes), mas eu converso com vários dirigentes e todos eles demonstram curiosidade para saber como as coisas funcionam. Se você é capaz de manter a sua identidade, é uma colaboração perfeita. Na minha visão esse tipo de cooperação será mais comum no futuro,” disse o comandante do que ocupa a quarta colocação no holandês, um ponto apenas atrás da zona de classificação para a próxima Champions, faltando cinco rodadas para o final.
Sobre os jogadores emprestados, Bosz destacou Lucas Piazon e Bertrand Traoré, além de ter garantido que o lateral-esquerdo holandês de 23 anos, Patrick van Aanholt, não está pronto para jogar pelo Chelsea. “Na liga holandesa não temos medo de colocar jogadores jovens em campo. Temos o ambiente perfeito para o talento deles, pois jogamos um futebol ofensivo e dominante. Nós gostamos de pressionar o adversário e se você joga contra o Chelsea é a mesma coisa, dominando o adversário no seu campo.”
“(Patrick van Aanholt) não pode cometer no Chelsea os erros que tem cometido conosco, não é possível. Ele está progredindo, e não é um jogador velho, tendo apenas 23 anos, mas não está pronto. Ele é rápido e tem uma ótima técnica e atacando é um dos melhores jogadores, mas ele tem muito o que aprender na defesa se ele quiser jogar pelo Chelsea; ele tem de ser confiável.”
“Quando o Lucas (Piazon) chegou aqui era desconhecido, mas agora os outros treinadores dizem ‘Piazon é importante para eles, se nós o marcarmos de maneira especial, matamos uma boa parte da estratégia do Vitesse’. Além disso a imprensa o adora porque ele é técnico e talentoso e eles dão muita atenção para ele, algo que ele não estava acostumado e é muito interessante ver a maneira como ele lida com isso. O novo desafio para o Lucas é manter o bom nível em todos os jogos, mas os últimos passos na curva de desenvolvimento de um jogador são sempre os mais difíceis.”
“Traoré é um jogador especial, algo que eu sabia desde o primeiro momento que o vi. Eu sei que no Chelsea eles já têm um ‘Special One’, mas esse jogador também é especial, ele é naturalmente talentoso, maduro e sabe o que é necessário fazer. Nós não precisamos ensinar essas coisas para ele.”
Há muitos rumores na Holanda e na Inglaterra sobre o quanto o Chelsea controla o Vitesse, sendo que muitos apelidaram o clube holandês de ‘Chelsea B’, mas o treinador garante que apesar de haver conversas diárias com os dirigentes dos Blues, não há pressão pela parte deles e tampouco eles têm algum papel na frequência e na posição que os jogadores emprestados têm no time.
“Eles não colocam pressão em nós ou nos pedem para fazer coisas que não estão nos nossos planos. Eu estou dizendo a verdade, não é assim que funciona. Eles nos explicaram como eles trabalham e o que eles esperam. Eu digo a eles posições que nós precisamos de reforços e eles vêm o que podem fazer por nós e depois vemos se é viável ou não. Uma vez que nós entramos em acordo e eles nos emprestam um jogador, eu tenho o compromisso de aprimorá-lo e esperamos que no fim ele cresça ao ponto de ser bom o suficiente para jogar pelo Chelsea. Eles não nos dizem que eu devo escalar os jogadores nem que devo usá-los em determinada posição. Eu sou o técnico e eu decido, mas obviamente nós trabalhamos em conjunto,” esclareceu Bosz.
O diretor técnico do clube Mohammed Allach e o presidente Joost de Wit endossaram as palavras do treinador, e o primeiro ainda citou o caso do Watford, time controlado pela família Pozzo e que recebeu mais de dez jogadores de outros clubes controlados por eles.
“Aí já é demais e você pode se considerar um segundo time (deles), mas isso não é quem somos. Você tem de manter a sua identidade e é isso que é tão bonito nessa cooperação, nós respeitamos a identidade um do outro,” falou Allach.
“Atualmente temos 32 jogadores no elenco, cinco do Chelsea, mas temos oito jogadores que formamos na nossa base e creio que isso é importante para mantermos a nossa identidade, mesmo que os nossos torcedores não se importem de onde os jogadores vêm. Para eles se você veste a camisa auri negra e marca gols no derby como o Lucas Piazon, então você é popular. Nós gostamos de sentir que nós somos os patrões aqui e nós realmente somos, mas nós respeitamos a nossa parceria com o Chelsea. Nós seriamos tolos se não o fizéssemos, já que ela é tão benéfica para nós,” complementou de Wit.