Mesmo se encaminhando para o final e com, aparentemente, tudo definido, o processo de venda do Chelsea tem uma nova reviravolta: uma nova proposta. Na manhã desta sexta-feira (29), os setoristas Matt Slater e Liam Twomey escreveram para o The Athletic que Sir Jim Ratcliffe submeteu um lance atrasado de mais de 4 bilhões de libras para comprar o clube londrino.
Ratcliffe, bem no início do processo, era um dos grandes nomes associados aos Blues. Diante dos rumores que envolviam seu nome, ele desmentiu que faria qualquer oferta pelo clube por várias vezes. No entanto, parece que o bilionário britânico mudou de ideia. Mais ainda, de acordo com os setoristas, Ratcliffe teria conversado com Bruce Buck na quinta-feira (28) antes de fazer sua proposta na manhã de sexta. Vale lembrar que Buck é um dos membros do Conselho do Chelsea que, no fim das contas, terá voz na escolha de qual consórcio será o novo proprietário do clube.
Proposta bem acima do pedido
Com o clube avaliado em £2.5 bilhões, a proposta de Ratcliffe é consideravelmente mais alta. Além disso, inclui um juramento de investir £1.75 bilhões no clube na próxima década. De forma que esses investimentos seriam tanto para a reforma de Stamford Bridge, como também para contratações e infraestrutura no geral. Enfim, outros £2.5 bilhões seriam destinados a um fundo para vítimas da guerra da Ucrânia.
O britânico também ressaltou que sua proposta seria uma proposta britânica para um clube britânico, com o objetivo de permitir que o Chelsea siga trilhando um caminho de sucesso. Não apenas dentro de campo, considerando jogadores, jogadoras e comissões técnicas, mas considerando também a torcida e a comunidade de Fulham Road.
Ratcliffe é proprietário da INEOS, uma companhia voltada para a indústria química. Sendo assim, logo depois, a empresa britânica soltou a seguinte declaração confirmando a proposta feita por seu proprietário:
Statement | @INEOS pic.twitter.com/2wS3nD3i2R
— Absolute Chelsea (@AbsoluteChelsea) April 29, 2022
Por que tão tarde?
Depois de negar por vezes que não faria propostas pelos Blues, é estranho, no mínimo, decidir fazê-lo com o processo já no fim. Mais ainda, é estranho que o proprietário da INEOS tenha conversado com Bruce Buck antes de fazê-lo.
Na verdade, nem é tão estranho uma vez que o dinheiro que Ratcliffe traz para a mesa é considerável. Isso porque o britânico tem os recursos necessários para, até mesmo, fechar o negócio neste fim de semana caso necessário. Mais ainda, ele tem experiência administrando clubes de futebol uma vez que ele já é, também, proprietário do Nice (clube francês da Ligue 1).
Contudo, um outro fator chama atenção: o bilionário interessado em comprar o Chelsea é torcedor do Manchester United. Inclusive, já tendo publicamente expressado a ideia de comprar o clube para que torce.
Enfim, a proposta de Ratcliffe, principalmente, parece ser uma tentativa de bater os outros três consórcios que contam com americanos como acionistas majoritários. No fim das contas, em termos de valor geral, ela não se diferencia muito da dos outros consórcios. Ainda mais depois das demandas recentes feitas por Roman Abramovich e pelo banco Raine. Porém, a possibilidade de haver apoio direto de um membro importante do Conselho do clube pode levar a alguns desdobramentos que, antes, não pareciam possíveis.
O que sabemos até então
Depois do anúncio da proposta do dono da INEOS, o setorista Matt Law deu mais detalhes sobre os bastidores do processo.
Em primeiro lugar, o Chelsea Supporter’s Trust (CST), que assumiu um papel central ao escutar cada um dos consórcios interessados na compra dos Blues, ainda não se encontrou com Ratcliffe ou com qualquer outro representante do consórcio. Desse modo, o vice-presidente do CST afirmou que o grupo está aberto a ouvir o time do britânico e que está aberto ao diálogo quando a primeira oportunidade aparecer.
O grupo de torcedores tem sido vocal para garantir que os novos proprietários estejam de acordo com os valores do clube. Assim como sejam capazes de garantir que o Chelsea permaneça na primeira prateleira do futebol. Não apenas em relação ao futebol masculino, mas em todas as demais categorias. Da mesma forma, o CST busca dialogar para levar a visão dos torcedores aos licitantes, para que eles podem considerar a torcida – um dos pilares do clube – dentro de seus projetos.
Law também afirmou (via Twitter) que o grupo liderado por Stephen Pagliuca teria sido informado de que sua proposta não havia sido selecionada para seguir no processo:
Breaking: Stephen Pagliuca's group have been informed they will not be the preferred bidder for Chelsea
— Matt Law (@Matt_Law_DT) April 29, 2022
Por outro lado, o setorista disse que fontes próximas ao processo de venda do Chelsea teriam dito que a proposta de Martin Broughton também não seria selecionada. Contudo, até o momento, isso é apenas um rumor. Não havendo confirmação de qualquer representante do consórcio.
Sources close to Chelsea sale process tell me the Sir Martin Broughton bid may also be out of the running. But no confirmation yet from his group #cfc
— Matt Law (@Matt_Law_DT) April 29, 2022
Dessa forma, os grupos liderados por Broughton, Boehly e, agora, Ratcliffe são os restantes no processo.
Desejo antigo perto da realidade
Todd Boehly não é o único licitante no seu consórcio, mas tem representado o grupo desde o início. O americano, que é um dos proprietários do LA Dodgers, já havia expressado interesse em comprar o Chelsea em 2019. Contudo, Abramovich não aceitou a proposta.
Agora, Boehly parece ser o favorito para suceder o russo como proprietário do clube. Não apenas pela questão financeira, mas também sob o olhar da torcida e até de ex-jogadores e ícones dos Blues como Paul Canoville. Ao que tudo indica, pelo menos até antes da proposta de Ratcliffe, o grupo do norte-americano teria sido escolhido como a proposta preferida para dar sequência à compra do clube.
De modo que o grupo entraria em conversas exclusivas para, finalmente, fechar o acordo. Porém, muita coisa ainda permanece no ar com a incerteza sobre a rejeição da proposta de Broughton e sobre a chegada de um novo interessado nesta manhã.
Enfim, mais uma vez uma reviravolta mexe com o processo de venda do Chelsea que, cada vez mais, se aproxima do seu prazo final. Com novos rumores, além disso, o clima dentro do clube permanece um tanto impactado, o que, com certeza, não é o ideal neste fim de temporada.