O diretor médico da FIFA, Jirí Dvorák, demonstrou seu apoio à médica do Chelsea, Eva Carneiro, e sugeriu que José Mourinho aceitasse sua autoridade.
Dvorák afirmou nesta quinta-feira (13) que os médicos do clube têm um ‘dever ético para cuidar da saúde dos jogadores’, dando continuidade à discussão sobre os acontecimentos no empate na estreia da Premier League, diante do Swansea City, por 2 a 2.
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O técnico português ficou furioso após a Dra. Eva entrar em campo em Stamford Bridge para tratar de Eden Hazard, o que acabou deixando a equipe com nove homens em campo – o goleiro Thibaut Courtois havia sido expulso no lance que resultou no gol de Bafétimbi Gomis, de pênalti. Mourinho descreveu as ações de seu corpo médico como ‘impulsivas e ingênuas’, sugerindo que eles precisavam ‘entender o jogo’.
No entanto, Dvorák rejeitou a ideia de um treinador pedir para seus médicos ficarem de fora do campo, no caso de um jogador machucado necessitar de assistência. Ele disse à Sky Sports News:
“Eu não consigo enxergar tal situação e nós temos que defender a posição do médico. Todos os envolvidos têm que respeitar o fato de que o médico está no comando.
Eu não quero interferir no clube, mas eu endossaria claramente o que a médica do clube e o fisioterapeuta fizeram. Quando eles foram chamados, eles tiveram que entrar em campo.
Nos aspectos médicos, nos diagnósticos médicos, o treinador não tem nada a dizer.”
Já de acordo com o especialista em leis trabalhistas, Glenn Hayes, Eva poderia alegar um caso de demissão construtiva e discriminação de gênero caso seu papel no clube seja alterado devido às críticas de Mourinho.
Foi informado que Eva permanecerá no seu cargo mas não será mais envolvida em partidas ou treinamentos, e caso seja esse o caso, Hayes acredita que ela teria base para tomar medidas legais.
O Sr. Hayes, que é um dos sócios do renomado escritório de advocacia Irwin Mitchell, disse:
“Não estão totalmente claros os motivos pelos quais Mourinho disse o que ele disse, mas se ele falou baseado no fato de que ela é uma milher e não um homem e ela se sentir desconfortável por conta disso – e eu posso ver que esse poderia ser o caso, particularmente se ela foi tratada diferente pelo seu sexo – então efetivamente ela poderia apresentar uma queixa contra Mourinho e contra o clube.
Se fundamentalmente seu papel tenha sido mudado em virtude do fato que ela foi fazer seu trabalho e ele a criticou por uma aparente falta de entendimento do jogo, isso pode ser ligado a seu gênero, então há uma alegação, do ponto de vista dela.
É difícil saber a exata situação em relação às decisões tomadas pelo Chelsea.
O que nós sabemos de casos anteriores, no entanto, é que o futebol tende a existir em um vácuo quando se trata de questões trabalhistas – e é seguro dizer , baseado em relatórios, que se essa situação tivesse surgido em um outro setor, poderiam haver implicações aos envolvidos.
Por exemplo, poderia ser argumentado que falar sobre ela publicamente danificou o dever implícito de confiança entre as partes, e que poderia haver potencialmente um pedido de demissão injusta construtiva”.
Nesta sexta-feira (14), Mourinho deve receber pela primeira vez perguntas sobre o caso envolvendo a Dra. Eva Carneiro.
O Chelsea convocou uma coletiva de imprensa no centro de treinamentos de Cobham com o português, para falar sobre a prévia do jogo de domingo (16) contra o Manchester City.
Imagens divulgadas pela Sky Sports na quinta mostraram o campo de jogo do último domingo, com Mourinho demonstrando sua fúria sobre Eva e sobre o fisioterapeuta Jon Fearn.
Hayes disse que o Chelsea ainda poderia justificar a decisão tomada acerca de sua funcionária, incluindo um rebaixamento de cargo, caso seja provado que ela ignorou instruções.
O Grupo de Médicos da Premier League também expressou sua preocupação sobre a situação e disse que a redução do papel de Eva seria ‘injusta ao extremo’.
Tanto Eva quanto o juiz da partida, Michael Oliver, que a convocou para entrar dentro de campo, receberam o apoio do ex-chefe de árbitros Keith Hackett. Ele escreveu em seu blog:
“A doutora estava claramente fazendo seu trabalho e ganhou merecidamente a simpatia da maioria das pessoas envolvidas no jogo.”
Eva Carneiro chegou aos Blues em fevereiro de 2009, tendo trabalhado anteriormente no Instituto Médico Olímpico Britânico, Futebol Feminino da Inglaterra e Atlética da Grã-Bretanha.
A doutora agradeceu as pessoas que a apoiaram no domingo, postando em sua página do Facebook:
“Eu gostaria de agradecer o público em geral pelo seu apoio esmagador. Realmente muito agradecida.”
