Depois da partida do meio de semana contra o West Ham, o volante brasileiro Ramires concedeu entrevista ao site oficial do Chelsea. Nela falou sobre o jogo de segunda-feira contra o Manchester City e assegurou estar muito determinado a ajudar o clube a vencer o título da Premier League que resiste em escapar-lhe.
Para a maioria dos nossos jogadores, a possibilidade de olhar para o último jogo com algum carinho é mínima. Os Blues deixaram de ganhar dois pontos numa partida em que a vitória era esperada e cujo resultado foi desolador, principalmente levando em conta as 39 chances de gol que o clube construiu contra os Hammers.
Passado o calor do jogo, Ramires refletiu sobre o derby londrino, que foi também sua 100ª partida na Premier League, numa trajetória que, coincidentemente, começou a ser traçada numa vitória do Chelsea, em setembro de 2010, por 3×1 em Upton Park.
Para um atleta que, desde que chegou ao clube, teve vital importância nas campanhas da Champions League, FA Cup e Europa League, alcançar 100 jogos na Premier League não é uma conquista das maiores, mas, ainda assim, é um bom momento para analisar sua trajetória.
“Eu aproveito cada oportunidade que tenho de jogar,” diz Ramires.
“Jogar essa quantidade de partidas é uma grande conquista e é muito importante, pois é algo que muitos jogadores gostariam de fazer. Aqui me sinto em casa e só quero continuar indo bem, jogando o máximo possível e ajudando o clube a colecionar troféus.”
Depois de assinar com o Chelsea – vindo do Benfica – para a temporada 2010/2011, Ramires se adaptou rapidamente às exigências físicas do futebol inglês cavando um lugar na tríade do meio-campo ao lado e Frank Lampard, Michael Essien ou John Obi Mikel e ocupando a vaga deixada por Michael Ballack.
Sua energia e capacidade atlética no meio-campo garantiram-lhe, rapidamente, um lugar regular na equipe e, já no meio de sua primeira temporada, os torcedores já se deliciavam com seu grande nível de atuações e consistência.
Seu primeiro gol pelo clube, na vitória fora de casa contra o Bolton por 4×0, é uma memória que sempre devolve um sorriso ao seu rosto.
“Eu me lembro muito bem desse gol.” Ele recorda. “Os jogadores estavam ansiosos para me ver marcar, pois já estava atuando na equipe há algum tempo e não tinha marcado gols ainda. No momento em que marquei, eu me lembro que Didier Drogba me abraçou a me jogou no gramado e então os outros jogadores chegaram e se jogaram sobre mim.”
“Lembro-me desse gol como se fosse ontem, não só porque foi meu primeiro gol pelo clube, mas também pelas comemorações que se seguiram.”
Seu tempo no Chelsea já registra sua participação em várias partidas memoráveis, tanto nas competições domésticas quanto na Europa. Quando perguntado sobre sua memória mais especial na Premier League se lembrou de uma partida contra nossos próximos oponentes.
“Me lembro da partida em casa contra o Arsenal na última temporada, pois no intervalo já vencíamos por 2×0 e jogamos muito bem, mas há vários outros jogos,” diz.
“Outro jogo que me lembro foi a partida em casa contra o Manchester City em minha primeira temporada. Ganhei do Chelsea o prêmio de Gol da Temporada nesse jogo. Recebi a bola de Michael Essien driblei dois zagueiros e marquei. Ganhamos por 2×0 e me lembro bem do jogo por conta do gol.”
Na atual campanha, Ramires atuou em 2.683 minutos e nenhum jogador, exceto o goleiro Petr Cech, jogou mais.
Ainda que sua versatilidade lhe permita atuar no lado direito do trio de ataque e também na lateral direita, como jogou alguma parte do jogo contra o West Ham, José Mourinho enxerga sua melhor posição na dupla de meio-campistas.
Atuando ao lado de Frank Lampard, John Obi Mikel e David Luiz muitas vezes, Ramires explica que as demandas de cada jogador variam conforme a dupla escolhida para cada partida.
“Isso depende de quem está jogando ao meu lado, mas sempre temos que nos adaptar e fazer outras funções durante a partida,” diz.
“Por exemplo, quando estou jogando com Obi, posiciono-me mais à frente, e assim também é com o David, pois é um defensor por natureza. Já quando jogo com Lampard, temos que encontrar uma maneira de jogar em que quando um ataca o outro permanece atrás e vice-versa.”
“Jogando com jogadores mais fixos defensivamente tenho mais liberdade, mas com Frank temos que nos adaptar melhor um ao outro.”
“Acho que o treinador confia em mim, e sempre tento dar meu melhor em campo e satisfazer suas expectativas.”
O empate contra o time do treinador Sam Allardyce, além de ter terminado a sequência de sete vitórias consecutivas, trouxe um significado ainda maior à partida de segunda-feira contra o Manchester City, com os Blues de olho na distância de três pontos existente entre as duas equipes.
A equipe do treinador Manuel Pellegrini ainda não perdeu um ponto sequer na frente de seus torcedores, mas podemos nos lembrar da nossa vitória por 2×1 em Outubro.
“Todos sabemos que será muito difícil, mas os derrotamos em casa, mesmo tendo sido um jogo muito duro,” disse Ramires.
“Esperamos vencer o jogo de segunda pois, se queremos conquistar o título, isso será muito importante. Independentemente de o jogo ser difícil, uma vitória lá seria muito boa e daremos nosso melhor.”
A chave para o sucesso na noite de segunda-feira será a vitória nas batalhas individuais, o que, para Ramires, representa uma luta contra Yaya Touré e seu compatriota Fernandinho.
“Ele é um grande jogador. Joguei com ele na seleção brasileira e também contra ele quando jogava no Shakthar,” diz. “É difícil falar que você conhece o oponente pois ele sempre pode atuar de uma forma diferente da habitual, assim você tem que se adaptar e preparar não só para ele, mas para toda a equipe.”
“Também temos de ser cuidadosos com Yaya e David Silva pois eles são capazes de fazer a diferença”
Com o retorno da Champions League se aproximando, e nossa esperança de sucesso tanto na Premier League quanto na FA Cup estando vivas, estamos nos aproximando de um período crucial na temporada.
O elenco foi encorpado na janela de janeiro com as contratações de Nemanja Matic e Mohamed Salah, e Ramires insiste que as duas contratações terão um grande papel para desempenhar.
“É sempre bom ter novos jogadores que vem com a mentalidade de nos ajudar,” explica. “Matic já esteve aqui, deixou o Benfica e retornou, além disso, temos o Salah e todos sabemos de que se trata de um ótimo jogador. Penso que os dois são muito talentosos e têm tudo para nos ajudar a ganhar títulos. Ainda que tenham chegado no meio da temporada, eles podem ser muito importantes.”
Ramires pode olhar para trás em sua estada em Stanford Bridge com muita satisfação, particularmente quando vê a expansão de sua coleção de medalhas.
Contudo, um troféu continua escapando do simpático brasileiro, e, sem dúvida, um triunfo na Premier League nessa temporada seria uma conquista fantástica.
“Quando cheguei ao clube todos falavam da Champions League; nós estamos nos aproximando ano após ano sem conquista-la, mas, por fim, conseguimos,” ele recorda.
“É mais ou menos o que está acontecendo com a Premier League, todos sonhamos conquista-la e temos que tentar nosso verdadeiro melhor para isso. Se conseguirmos será uma grande momento em minha carreira.”