Na última temporada, Manchester City e PSG foram ambos multados em 49 milhões de euros pela UEFA, além de receberem restrições de número de inscrições de jogadores em competições europeias. As punições faziam parte da estratégia da UEFA para equilibrar e balancear o futebol europeu, que foi denominada de Fair Play Financeiro. Clubes como os citados, eram punidos por gastarem valores exageradamente maiores do os recebidos durante a temporada.
Contudo, ao invés de se adaptarem a nova realidade financeira do futebol europeu, alguns clubes, como o Manchester City, continuaram a gastar além de suas receitas, o que o tornava passível de punições, que chegavam até mesmo a uma possível exclusão da UEFA Champions League. O City, por exemplo, mesmo após a punição, fechou, em janeiro, a assinatura de Wilfried Bony, do Swansea, por 28 milhões de libras.
As regras do Fair Play Financeiro (FFP, sigla em inglês) foram muito elogiadas ao redor do mundo e clubes, como o Chelsea resolveram se adaptar, fizeram grandes esforços para manter o plantel em nível competitivo. Os Blues, por exemplo, tiveram de vender grandes estrelas de seu elenco (Juan Mata, Kevin De Bruyne, Romelulu Lukaku, David Luiz, André Schurrle, entre outros), para poder financiar a chegada de grandes jogadores como Diego Costa e Cesc Fàbregas.
Contudo, ao que parece, as regras do FFP serão afrouxadas, contrariando as promessas de endurecimento progressivo àqueles que desobedecessem a iniciativa da UEFA.
No próximo mês, a UEFA deve anunciar que as regras do FFP serão facilitado para permitir maiores investimentos de clubes que possuam um proprietário. O movimento, ao que tudo indica, foi feito sobre pressão, já que a entidade sofreu mais de dez processos na justiça, iniciadas por clubes insatisfeitos com a política financeira.
Alguns clubes (incluindo o City e o PSG) argumentaram que as regras do FFP favorecem os ricos, clubes estabelecidos, impedindo efetivamente que ricos proprietários comprem clubes menores e se esforcem para que eles possam brigar diretamente com os mais tradicionais do continente. A Associação dos Clubes Europeus também tem colocado pressão sobre UEFA para uma mudança.
Michel Platini, em entrevista à rádio francesa RTL, criticou a postura dos clubes que foram contra o FFP, sendo irônico, inclusive, em relação a imprensa francesa, que pressionou a UEFA criticando times como Chelsea e Milan, que possuem donos, mas se calaram em relação ao PSG, que tem sido um dos clubes a mais gastar na Europa, sob a tutela de um proprietário. Contudo, Platini informou que a UEFA deve mesmo facilitar as coisas:
“O mundo do futebol realmente tem duas caras, mas vamos dizer abertamente: Eu acho que nós vamos mesmo facilitar as coisas, mas será o Comitê Executivo (da UEFA) que vai decidir se as coisas serão mesmo facilitadas, e o resultado será conhecido até o final de junho.
Eu acho que os regulamentos têm sido muito bons e foram os próprios clubes que votaram pelo FFP.
Porém a imprensa francesa diz que não é certo que (o dono do Chelsea, Roman) Abramovich possa comprar muitos jogadores e na França os times não possam comprá-los. E se um grupo no Catar pensa em comprar o AC Milan, os franceses vêm e dizem que nós deveríamos fazer o fair play financeiro ainda mais difícil. Contudo, se você pergunta os italianos, eles querem que diminua.”
Jean-Louis Dupont, advogado que conduz uma das ações legais contra sistema FFP da UEFA (representa o PSG), disse em um comunicado:
“Estamos felizes com o anúncio de uma mudança nas regras, em conformidade com as exigências expressas por nossos clientes em suas várias ações judiciais. Quando o conteúdo exato e o alcance destas mudanças forem divulgados, vamos considerar com os nossos clientes como este desenvolvimento, que à primeira vista parece favorável, é suscetível de satisfazer as expectativas legítimas dos clubes e influenciar o comportamento das ações judiciais em curso.”
As perspectivas de enfraquecimento do FFP, contudo, foi criticada pela imprensa europeia, inclusive a inglesa, que afirma que clubes que fizeram grandes esforços para se adaptar a nova política financeira, como o Chelsea, terão todas as suas adaptações jogadas por terra, em claro beneficiamento de clubes que não respeitaram as regras impostas.
Por outro, o Chelsea, por mais que tenha apoiado e defendido o FFP, será um dos clubes que poderão ter maiores gastos nas próximas temporadas, já que é um clube com proprietário, no caso, Roman Abramovich.
