No início deste mês, na vitória do Chelsea contra o Derby County, John Obi Mikel jogou seu 300º jogo pelo Chelsea, se tornando o quarto estrangeiro a alcançar tal marca pelos Blues. Na ocasião, ao final da partida, ele havia marcado um gol, sido capitão da equipe, e levado o Chelsea em frente para a próxima fase da FA Cup. Mikel conversou com o site oficial do Chelsea sobre sua longevidade na equipe e seu desejo de permanecer conquistando títulos nos anos sequentes.
Ações falam mais alto que palavras. Para analisar as 300 aparições do volante pelo Chelsea, nada melhor do que lembrar o que seus treinadores e colegas de trabalho , que presenciaram o progresso de Mikel, disseram sobre o forte e taticamente diferenciado volante, que chegou ao clube aos 18 anos.
De acordo com José Mourinho, Mikel é “um gênio na sua posição”, e completa: “é um milagre ele perder a bola”. O português, que contratou o nigeriano cerca de sete anos e meio atrás, não está sozinho ao louvar as qualidades de Mikel desde que ele chegou ao oeste de Londres.
Luiz Felipe Scolari disse: “ele pertence à posição”. Carlo Ancelotti, comparou o estilo de Mikel ao seu próprio quando era jogador, o que deve ser considerado, tomando por base a brilhante carreira futebolística do treinador. Ray Wilkins, que trabalhou tanto com Ancelotti quanto com Guus Hiddink, e também foi um excepcional meio-campista, descreveu Mikel como um jogador que “lê o jogo excepcionalmente bem, é forte como um touro e tem verdadeira classe no passe”. André Villas-Boas admirou sua “incrível força mental” quando ele defendeu o Chelsea, apesar do sequestro do pai na Nigéria, e, seguindo a épica campanha do clube na UEFA Champions League de 2012, Roberto Di Matteo destacou o papel “vital” do jogador na gloriosa campanha Europeia, com memoráveis performances contra Barcelona e Bayern de Munique.
Considerando tudo isso, não é surpresa que Mikel tenha alcançado 300 jogos pelo Chelsea, desempenhando uma média de 40 jogos por temporada. No entanto, quando o diamante bruto assinou pelo clube, o meio-campo já contava com as presenças de Frank Lampard, Claude Makelele e Michael Essien, provavelmente o mais temido do mundo à época, principalmente levando em consideração a contratação do alemão Michael Ballack logo em seguida. Voltando-se ao passado, Mikel disse que a experiência inicial foi assustadora, mas teve um valor imensurável.
“Vir para um grande clube como o Chelsea, sendo um jovem africano de 18 anos, é um sonho que se torna realidade”, reflete o volante.
“Eu me lembro da minha primeira semana no vestiário do clube. Eu tremia. Os jogadores que realmente me ajudaram a me estabelecer no clube foram John Terry, Frank Lampard, Didier Drogba e os outros jogadores africanos que estavam no clube no momento.”
“Eu olhava para esses caras todos os dias e aprendia imensamente com eles, com eles agiam dentro e fora do campo, o que me ajudou a me desenvolver e amadurecer como pessoa. Foi uma experiência de crescimento que eu nunca tinha tido em outra equipe. Da forma que cheguei à equipe, tive que aprender assim.”
A curva de aprendizado de Mikel, foi, ocasionalmente, atrofiada por problemas disciplinares, dentro e fora de campo, incluindo quatro cartões vermelhos nos seus primeiros 18 meses no clube. Olhando para trás, ele admite que foi, por vezes, “ingênuo e estúpido”, mas, como ele coloca, “foi tudo para crescer no jogo, e penso que ao longo dos anos consegui”. As evidências auxiliam-no: sua última expulsão foi a mais de seis anos , e, para um homem que atua em uma área muito competitiva do campo, ele tem recebido poucos cartões amarelos agora.
À medida que a discussão passa pelo estilo de jogo do nigeriano, o assunto Makelele vem à tona. O francês era tão imperioso no papel defensivo do meio-campo que, posteriormente, foi homenageado. Nada fácil de se seguir, então.
“Eu aprendi um monte com o Maka, ele sempre foi muito prestativo” Mikel aponta. “Eu o observava muito porque sabia que era a posição que José gostaria que eu atuasse. Todos tem seu estilo próprio e eu meu jogo é um pouco diferente do dele porque sei que posso contribuir ofensivamente, mas, ao mesmo tempo, eu tento manter o corpo da equipe, o que é importante.”
“Claro que quero marcar gols, mas nem todos os 11 titulares podem fazê-lo, você tem jogadores para manter o corpo da equipe. Se estou atuando com Lampard ele sempre vai à frente. Se nós dois formos será um desastre, assim também com Ramires, ele é um jogador área-a-área. Eu tenho certeza de que se eu conseguir manter a equipe sem sofrer gols e ela vencer, estarei muito feliz.”
Lampard, como alguém que esteve ao lado de Mikel tantas vezes nos últimos anos, tanto com três homens no meio-campo quanto com dois, é alguém que seguramente pode falar sobre o jogador.
“É excelente jogar ao lado de Obi”, disse ao site oficial do clube. “Ele é um meio-campista defensivo de topo, e, para mim que pessoalmente gosto de atacar me ajuda muito estar ao lado de alguém que possui disciplina e toca a bola com rapidez, o que Obi faz.”
“Ele é um daqueles atletas que não aparecerão nas manchetes, mas está feliz em passar despercebido em seu trabalho. Ele é importantíssimo para a equipe quando joga.”
Seu valor ajudou o Chelsea nos triunfos nacionais e europeus dos últimos anos. Mikel cita a temporada vencedora sob o comando de Carlo Ancelotti como as mais memorável de sua carreira, mas considera sua melhor performance pelo Chelsea, “sem sobra de dúvida”, a que ele produziu em Munique na noite do maior triunfo da história dos Blues.
“Algumas vezes quando você vem para os jogos grandes como esse você precisa que os jogadores se esforcem mais, e eu penso que toda a equipe o fez. Todos jogaram muito bem. Foi uma grande performance coletiva, nós sabemos quão difícil seria atuar no estádio deles, mas nos defendemos bem e quando tivemos que jogar, o fizemos bem.”
“Munique elevou minha carreira, pois esse troféu era aquele que o clube sempre quisera vencer, e consegui-lo foi brilhante. Ele foi o “special one.”
E assim, na terceira eliminatória da FA Cup em Derby, Mikel subiu ao gramado para seu 300º jogo como jogador do Chelsea, se juntado a Petr Cech, Didier Drogba e Gianfranco Zola como os estrangeiros que alcançaram esse recorde. Após a vitória por 2×0, que incluiu o primeiro gol de cabeça de Mikel pelo clube, os jogadores foram aplaudir os torcedores que viajaram para ver o clube. E foi o nome de Mikel que ecoou pelo iPro Stadium, reconhecimento não só pelo gol marcado, mas também pelos grandes serviços prestados ao clube.
“Eu sempre apreciei os torcedores do Chelsea. Eles têm sido incríveis. Semana após semana eles apoiam a equipe, o que mostra quão brilhantes eles são,” Mikel enfatiza, antes de terminar a entrevista sobre seu passado, presente e futuro em Stanford Bridge.
“Tem sido uma jornada incrível. Estou aproveitando cada pedacinho disso”, ele sorri. “Trabalhei com muitas pessoas excelentes, grandes jogadores de quando eu cheguei até os atuais. Todos eles foram brilhantes”.
“Venci vários troféus com a equipe, mas continuo sedento por novas vitórias. Estou muito feliz, adoro o que faço, vindo treinar todos os dias, passando tempo com meus colegas. Acredito que muitos outros anos estão por vir”.
Levando em consideração as opiniões dos que o viram, jogaram com ele e o treinaram desde que chegou ao Chelsea, ele certamente não está sozinho neste desejo.