Conforme trouxemos na semana passada, Oscar está na capa da Chelsea Magazine – a revista oficial do clube. A entrevista com o jogador brasileiro na versão impressa da publicação é ainda mais elucidativa a respeito das ambições do meia-atacante no Chelsea e também reflete a confiança do time em Oscar.
Uma análise da revista quanto à participação do camisa #11 no meio-campo ofensivo do Chelsea mostra que a versatilidade que Oscar oferece é um dos diferenciais dele em relação a outros jogadores que atuam na mesma zona do campo. Além da capacidade de adaptação de Oscar, a revista destaca também a sua resiliência. Em um raio-x das duas primeiras partidas da Premier League contra Hull City e Aston Villa respectivamente, Oscar atuou como verdadeiro camisa #10 na primeira, trocando passes no ataque, levando perigo à defesa do Hull. Em uma dessas trocas de passe surgiu o primeiro gol dos Blues na temporada, Oscar não ofereceu uma assistência, pois foi o brasileiro que marcou, após jogada armada por Eden Hazard e Kevin de Bruyne.
Já na segunda rodada, contra o Aston Villa, o Chelsea encontrou uma defesa mais bem postada com dois zagueiros e três homens de meio-campo na marcação. Com menos espaço entre as linhas, não seria difícil de imaginar os jogadores de armação desaparecendo no jogo, mas Oscar não se deixou vencer facilmente. O meia voltou muitas vezes para começar a jogada recebendo os passes da zaga, para buscar espaço suficiente para criar as jogadas. Foi dessa forma, se afastando da marcação onde era difícil de receber a bola, que Oscar fez a diferença e contribuiu para a vitória dos Blues. E tudo isso foi feito de maneira bem consciente por parte do brasileiro.
“Isso faz parte do meu jogo [voltar à zona central do campo para buscar a bola] porque eu sou o tipo de jogador que atua entre as linhas [de meio-campo e defesa adversários]. Contra o Aston Villa eu tive de voltar mais para receber a bola, enquanto que contra o Hull eu consegui receber o passe mais próximo ao ataque. Essa variação faz parte do meu jogo e acabou sendo importante para nós nas duas primeiras rodadas,” concordou Oscar.
A energia e vontade que Oscar demonstra em se adaptar às necessidades táticas das partidas e do treinador faz dele um dos jogadores que chamam a responsabilidade de decidir as partidas para si, algo que José Mourinho valoriza muito em seus pupilos. E o meia-atacante crê que isso não é privilégio dele, mas que é uma consequência do futebol moderno, onde posições não são mais tão fixas e a versatilidade é quase pré-requisito e não um diferencial.
“Hoje o camisa 10 puro não existe mais. Todo jogador precisa ajudar o time e os jogadores de criação são muito importantes taticamente e por isso precisam fazer algo extra para garantir que o que é melhor para o Chelsea seja feito.”
Tal declaração por parte de Oscar demonstra que apesar da pouca idade, ele tem total entendimento e visão de como as coisas funcionam, não apenas do ponto de vista individual, mas também do coletivo – do bem maior para o time. Além disso, o meia tem uma percepção de tempo e espaço durante os jogos que vai além das suas qualidades naturais. É fácil perceber que sempre que o Chelsea perde a bola no ataque, Oscar assume imediatamente uma posição de defensor, correndo atrás dos oponentes na tentativa de roubar a bola e colocar pressão para evitar contra-ataques. Ele não é aquele jogador que fica esperando receber um passe açucarado para fazer uma jogada feito. Ele marca, tenta recuperar a bola, cria jogadas e, além disso, tem uma capacidade excepcional de marcar gols.
Mas para tudo isso funcionar é preciso também entrosamento e entendimento entre os jogadores. Oscar não é o único – especialmente jogando debaixo de Mourinho – a ter responsabilidades de marcação. O brasileiro acredita que a presença de outros jogadores de qualidade na mesma posição beneficia o grupo como um todo e que todos têm compromissos defensivos.
“Eu acho que é muito importante nós termos muitos jogadores com essas características atuando na mesma posição. Isso facilita o raciocínio na hora de armar as jogadas, e faz com que nós nos entendamos melhor e com que sejamos totalmente imprevisíveis. Aqui no Chelsea podemos ver grandes jogadores tecnicamente e com cada jogo e treino nós estamos melhorando e eu acho que as coisas estão bem definidas para essa temporada,” Oscar ponderou.
Foto da capa: Oscar em jogo contra o Aston Villa. (Imagem: AP)
