Havertz teve atuação apática em todos os jogos da atual temporada até aqui

Opinião: Kai Havertz não pode seguir no comando ofensivo dos Blues

Erráticas. É com esse adjetivo que podemos qualificar as três primeiras atuações dos Blues na temporada. Uma vitória pouco convincente contra o Everton, um empate polêmico contra o Tottenham e uma derrota acachapante para o Leeds United mostraram grandes dificuldades de produção dos Blues. Em particular, o placar de 3-0 sofrido no último domingo (21) em Elland Road trouxe muitas questões sobre o desempenho dentro das quatro linhas.

Dentre elas, se destaca o baixo poderio ofensivo do Chelsea. Os comandados de Thomas Tuchel terminaram a partida com 14 finalizações, sendo apenas 3 na direção do gol. Em destaque, o fato de que metade das finalizações foram bloqueadas. Ou seja, um indicativo da baixa qualidade das oportunidades criadas e que demonstram também ansiedade na conclusão das jogadas.

Ainda contra o Leeds, um lance específico ilustra essa situação. Aos 36 minutos da etapa final, já com 3-0 em desvantagem, Hakim Ziyech arriscou de fora da área, em mais uma finalização bloqueada. No entanto, o bloqueio foi gerado não por um defensor, mas sim por Kai Havertz. Ainda que o alemão não seja a causa do problema, as atuações dele no início desta temporada também explicam o baixo poderio ofensivo apresentado.

Kai Havertz bloqueia finalização de Ziyech contra o Leeds.
Em frames, a ação de Kai Havertz que bloqueou a finalização de Ziyech contra o Leeds. (Reprodução: ESPN)

Indefinição na janela de transferências

Primeiramente, precisamos entender o contexto de mercado dos Blues. Tão logo a temporada anterior se encerrou, os esforços se voltaram para reforçar a defesa e contratar um meia defensivo. No entanto, conforme o calendário avançou, Romelu Lukaku e Timo Werner retornaram aos seus clubes anteriores e as opções de ataque diminuíram.

Em contrapartida, Raheem Sterling foi contratado, mas não com o intuito de ser o definidor de jogadas que o Chelsea precisa. Neste objetivo, os dois jogadores que deixaram Londres também deixaram a desejar em suas passagens. Sendo assim, o elenco retornava à condição da janela anterior, quando carecia de um homem-gol, apesar do título da Champions League.

Na pré-temporada realizada nos Estados Unidos, esse problema já estava aparente. Chances que foram criadas e não foram aproveitadas se acumularam nos amistosos. Dessa forma, o primeiro sinal de alerta estava ligado. Em resposta a isso, especulações de mercado trataram desde Neymar até Pierre-Emerick Aubameyang – sendo que este continua como um possível reforço.

Kai Havertz como necessidade

Diante das movimentações supracitadas, Tuchel conta hoje com apenas três jogadores acostumados à posição mais avançada do ataque no plantel. Além de Havertz, Armando Broja e Michy Batshuayi fazem essa função. A escassez de talento na posição se ampara na inexperiência do albanês e no fato de que o belga provavelmente não seguirá no elenco.

Com isso, o camisa 29 atuou nesta posição em todas as três partidas da temporada. Acompanhado de Mason Mount e Sterling no comando ofensivo, nenhum deles balançou as redes até aqui. Apesar dos gols decisivos nos títulos da Champions League e do Mundial de Clubes, o alemão não apresentou credenciais em suas temporadas anteriores que nos permitam sonhar com uma temporada artilheira.

Werner e Lukaku deixaram o Chelsea na última janela
Werner e Lukaku deixaram o Chelsea na última janela, deixando Havertz como a única opção de confiança de Tuchel para o comando do ataque. (Reprodução: The Athletic)

Números do camisa 29

Mas, para além do histórico, as três partidas de Havertz na Premier League foram lamentáveis. Além do lance citado contra o Leeds e do jejum de gols, ele pouco participou das ações azuis em campo. Por exemplo, foram cinco finalizações nas três partidas, todas de dentro da área, mas com apenas duas na direção do gol.

Em média, o alemão deu 43 toques na bola por partida, número até acima do esperado pelo que foi visto em campo. Ainda assim, contra o Leeds foram apenas 19 passes tentados, no seu jogo mais discreto até aqui. Neste confronto, ele se destacou também na estatística de distância percorrida em campo. O atacante correu 11,1 km, atrás apenas de N’Golo Kanté pelo lado dos Blues.

Esse último número indica que o alemão tem tentado buscar o jogo e pressionar a saída de bola adversária, mas em ações infrutíferas até aqui na Premier League. Por fim, o fato do atacante ter marcado apenas 12 gols em 56 aparições no campeonato inglês nas temporadas anteriores também é desanimador. Em síntese, manter Havertz como principal opção ofensiva será garantia de uma temporada irregular e de baixa produção ofensiva.

Aubameyang será a solução?

Neste momento, a confiança no trabalho de Tuchel é a principal esperança para os torcedores do Chelsea de verem seu ataque subir de rendimento. No elenco atual, a única alternativa é atuar com Broja entre os titulares. No entanto, esta parece uma hipótese irreal, dado que o jovem jogador acumula pouquíssimos minutos em campo, mesmo na pré-temporada. Ou seja, não parece gozar da confiança do treinador para assumir esta responsabilidade.

A outra saída para os Blues é a atuação no mercado. Até o fechamento da janela, em 01/09, a nova direção tem mais alguns dias para encontrar esta solução. As últimas especulações cravam que Aubameyang é mesmo o grande objetivo atual para reforçar o ataque. Em apenas meia temporada pelo Barcelona, o gabonês anotou 11 gols em 17 partidas, média superior a qualquer atacante do Chelsea no período.

Comparativamente, o atacante africano marcou 68 gols em 128 jogos na Premier League durante sua passagem de quatro anos pelo Arsenal. Dentre esses números, duas temporadas com 22 gols, chegando a dividir a artilharia em 2018/19. Ainda que não seja o atacante dos sonhos da torcida, parece uma boa aposta em um mercado escasso de centroavantes. Afinal, mais do que escasso, o elenco dos Blues precisa desta contratação para permitir o melhor desempenho de Havertz e do esquema de Tuchel.

 

 

As palavras neste texto condizem com a opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Chelsea Football Club

Tags:

Article by: Igor Estolano