Mourinho fala sobre estilo de jogo e jovens estrelas à revista do clube

Para muitos torcedores, independente de quais reforços ainda vão chegar a Stamford Bridge, José Mourinho é a maior contratação da temporada. Não é de se surpreender que ele esteja na primeira capa da revista oficial do clube após seu retorno. E a manchete deixa claro o que o Chelsea significa para Mourinho em sua segunda passagem por Stamford Bridge: ‘Torcedor número um: José Mourinho é um verdadeiro blue’.

Na entrevista à Chelsea TV e na coletiva para a imprensa no começo do mês passado, Mourinho demonstrou estar mais calmo e tranquilo e, ao que tudo indica, a mudança não é apenas no discurso com a mídia. Conhecido pelo seu estilo de jogo duro, onde os jogadores se doam ao máximo e se desdobram na marcação, fazendo muitas vezes com que essa seja a característica mais proeminente do time, Mourinho parece ter ficado mais leve. O treinador admitiu buscar a felicidade dos torcedores como um dos objetivos do novo trabalho: ‘Eu quero fazer os torcedores do Chelsea felizes com os resultados, com o nosso estilo de jogo, nossa mentalidade e a personalidade do time. Os fãs têm de saber que há três possibilidades em um jogo – podemos vencer, empatar ou perder, mas que nós sempre daremos o máximo.´

Mas se houve mudança no discurso, que agora é livre de polêmicas, uma coisa permaneceu igual desde que ele deixou o clube há seis anos: a ousadia do técnico. ‘Se eu faço uma aposta inesperada, eu corro o risco de que tudo dê errado. Quantas vezes eu joguei com três zagueiros [na primeira passagem pelo time]? Eu lembro que contra o West Ham [em abril de 2006], nós perdíamos por 1-0 e tínhamos um homem a menos depois que Maniche foi expulso no começo do jogo. Eu fiz uma aposta porque eu queria ganhar o jogo mesmo com 10 homens em campo e nós vencemos por 4-1’.

Mas o técnico não está preocupado apenas com o seu esquema de jogo e em como fazer o time render o seu melhor. Mourinho cuida também para que todos aqueles que estão no clube, principalmente os recém-chegados, saibam que esse o Chelsea tem uma história e que vestir a camisa azul é mais do que entrar em campo duas vezes por semana.

‘Claro que há veteranos no time que ainda estão bem, e eles são um legado da cultura do clube, e com novos jogadores chegando, os mais experientes podem transmitir para eles o que esse clube representa. Um dia os veteranos vão se aposentar e os que hoje são novatos serão os veteranos então, e assim a cultura do Chelsea continuará sendo passada de geração a geração [de jogadores],’ declarou o empenhado técnico.

Um antigo conhecido

Mas não é só com a ajuda dos veteranos que ainda estão no time que Mourinho quer influenciar os novos talentos. Ele também conta com o exemplo de Didier Drogba, estrela que esteve no time londrino por oito temporadas e que foi decisivo na conquista da Liga dos Campeões em 2012. O marfinense deixou o clube ao final daquela mesma temporada, mas Mourinho quer usar o seu legado para motivar e formar novas lendas em Stamford Bridge.

‘Na minha opinião Didier Drogba – como homem e profissional – é um jogador especial na história do clube. Eu posso usá-lo como referência para convencer os jogadores mais novos a seguir as minhas orientações porque ele [Didier] sempre me obedeceu desde o seu primeiro dia aqui.’

Não há dúvidas de que qualquer um dos jovens e talentosos jogadores do time como Eden Hazard, Oscar, Kevin de Bruyne, Marco van Ginkel e André Schürrle, adoraria tornar-se uma lenda como Drogba. O atacante não apenas escreveu seu nome na história do Chelsea, mas também do futebol inglês e europeu, contribuindo na conquista de vários títulos nesses oito anos. E é alimentando esse sonho que Mourinho pretende convencê-los a confiar nele.

‘Drogba estava jogando na França e ninguém o conhecia muito bem quando eu pedi ao proprietário do clube [Roman Abramovich] para comprá-lo. Algumas pessoas acharam que era muito dinheiro por um jogador que ainda não tinha provado o seu valor. Agora, no décimo ano do proprietário no clube, ele [Drogba] foi escolhido pelos torcedores como maior jogador da história do Chelsea.’

‘Eu acho que todo jogador pode ter a mesma ambição que Didier teve porque ele é um jogador guiado pelas suas ambições, emoções, amizade e lealdade. Ele sempre foi leal ao clube, ao técnico, aos seus companheiros e aos torcedores,’ o treinador completou.

O técnico se reuniu hoje pela primeira vez com os novos pupilos. Mesmo sem acesso à palestra dada por ele antes do treino, pode-se ter uma ideia do que foi o seu cartão de visitas e do novo discurso adotado.