Mikel: “Não sou rico como as pessoas pensam”

Mikel em ação pela seleção nigeriana. (Foto: Reuters)
Mikel em ação pela seleção nigeriana. (Foto: Reuters)

Em entrevista para um jornal nigeriano, o Nigerian Tribute, John Obi Mikel revelou algumas das coisas que já viveu como futebolista profissional. Confira a entrevista completa que o volante do Chelsea concedeu para o periódico.

Apesar de tão jovem, como você consegue lidar com a grande pressão existente no futebol?

R: “Quando era criança, sempre quis ser grande. Em Jos, onde cresci, sempre jogava bola com um pessoal que era mais velho do que eu. Em 2001, me inscrevi para jogar na Igbo League. Foi algo que deixou o pessoal surpreso, mas eles me apoiaram. Jogar bastante partidas por clube e país não é algo que eu considero extraordinário. É meu sonho jogar futebol e chegar ao topo. So posso atingir meus objetivos sendo jovem. Ainda tenho fome por títulos e quero ganhar a Copa do Mundo pela Nigéria.

Em temporadas consecutivas, você ganhou a UEFA Champions League e a Copa Africana de Nações. Qual destes títulos te deixa mais feliz?

R: “Não é uma pergunta fácil. Jogar pelo Chelsea e ganhar a UEFA Champions League foi demais. Eu penso que existem vários torcedores de Arsenal, Manchester United, Real Madrid na Nigéria. Mas também existem torcedores do Chelsea lá. Apesar de qualquer coisa que acontecer com o Chelsea, a Nigéria está no meu coração. A cada partida que jogo pelo Chelsea, me vêm a cabeça um nigeriano vestindo as cores do Chelsea. Quando ganhamos a Champions League, o número de nigerianos me saudando na internet ou no celular, foi maior do que quando vencemos a Copa Africana. Ganhar a CAN foi demais, e a recepção da torcida, memorável. Só devo agradecer à Deus por poder ganhar ambas competições. É tudo que tenho a falar.

Aqueles que duvidavam de seu empenho na seleção, mudaram de opinião na CAN 2013. O que te fez especial na competição?

R: “O time fez a diferença, não eu. Nós tínhamos um grupo de jogadores, comissão técnica e superiores que sabiam para que estávamos na África do Sul. Nós colocamos tudo no jogo e nos entendíamos bem. Quando havia algum desentendimento, resolvíamos-o quase que imediatamente. Foi bom ter uma segunda chance de retornar à África do Sul, já que havia perdido a Copa do Mundo por causa de uma lesão.

Você falou sobre entendimento e cooperação. Estes eram os fatores que faltavam em outras competições?

R: “Eu pelo menos, sempre adorei a seleção. Eu conheci jogadores como Jay Jay Okocha, Nwankwo Kanu, Yusuf Ayila, Wilson Oruma e etc. Quando se divide campo com tais jogadores, você deve sentir grande, mas saímos campeões na África do Sul, e é o que a torna especial.

Como foi a recepção de seus companheiros depois que você e Victor Moses retornaram ao Chelsea?

R: “Vou te contar que a cada dois dias, os jogadores nos ligavam para nos desejar boa sorte. Eles nos apoiaram bastante e Moses até brincou dizendo que poderíamos colocar esse título na galeria do Chelsea. Moses chegou ao time antes de mim, e soube que o técnico fez um discurso especial, e pediu para que cantassem para ele. Eu perdi isto.

Você tem o recorde de jogador que mais vezes entrou em campo pela Premier League, mas não marca gols. Se sente constrangido?

R: “Eu pensava sobre isto antes, mas hoje não. Eu lembro de um jogo que ainda sob o comando de Roberto Di Matteo, no intervalo, ele me acusou de não jogar para o time. Ele disse que se colocasse pressão em mim mesmo, o time seria prejudicado, pois no fim do jogo, eu poderia não fazer o gol. Meu propósito em campo é dar o melhor para o time em que jogo, glória pessoal vêm em segundo plano, mas como qualquer outro jogador quero fazer gols, porém não acho que sou o cara que os fará. Rafael Benítez me diz que sou aquele que mantem o perfil do time. Ele pede para que eu melhore, mas que nunca mude minha maneira de jogar. Nunca me senti constrangido no Chelsea, não importa quaisquer fatos.

Há rumores de que você e John Terry falam mal do treinador quando não são escalados. É verdade?

R: “(Risos) Nunca ouvi isto.”

Foi divulgado na mídia inglesa.

R: “Eu não me sinto mal quando não sou escolhido por Benítez, o mesmo vale para Terry. Terry é o capitão do time e é corajoso o suficiente para falar com o técnico. Ele nunca esconderá seus sentimentos. Quando me juntei ao Chelsea, Michael Ballack, John Terry e Michael Essien eram muito próximos de mim. Ballack deixou o time, enquanto Essien está emprestado ao Real Madrid. Sinto falta dos dois, mas continuo muito amigo do Terry. Talvez seja por isto que damos nosso melhor no Chelsea, e o clube aprecia nossa contribuição.

Michael Emenalo é o diretor-técnico do Chelsea. Como é nigeriano, você, ele e Victor Moses tem alguma relação especial?

R: “Você está falando de um homem poderoso no Chelsea. Estou orgulhoso de que ele seja nigeriano, mas não é todo dia que se vê o diretor junto dos jogadores. Ele é um homem muito forte lá. Ele tem muito o que fazer e quando a rara oportunidade surge, ele é bem cordial com o pessoal.

Sete anos de Chelsea, lhe fizeram um homem rico?

R: “Homens ricos se conhecem. Se não for por razões desportivas, não consigo me ver jantando em uma festa onde os Dangotes e os Adenugas estão, mas fico confortável em cuidar da minha família e amigos. Se tivesse muito dinheiro, meu pai não teria passado duas horas nas mãos de sequestradores. Agradeço à Deus por tudo e se uma pessoa diz que sou rico, apenas digo que sou.”

Quem foi o maior oponente que você já enfrentou?

R: “Como já te disse, não acredito em individualismo. Posso te falar de vários excelentes times que já enfrentei, mas pegar um jogador específico não dá. Se você falar de grandes partidas, a mais difícil foi Nigéria vs Holanda na Copa do Mundo Júnior, em 2005. Talvez porque éramos inexperientes e jogamos contra o time da casa. No fim, acabamos vencendo nos pênaltis.”

Category: Chelsea Football Club

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Article by: Vinícius Paráboa