Um ex-oficial da RUC (Royal Ulster Constabulary, antiga polícia norte-irlandesa) procurado pela polícia que está investigando uma corrida de rua envolvendo torcedores do Chelsea no metrô de Paris se desculpou pelo seu envolvimento.
No entanto, Richard Barklie (50) insistiu que não é racista e disse que queria contar seu lado da história à polícia. O portador dos ingressos da temporada do Chelsea é um dos três homens cujas imagens foram divulgadas pela Scotland Yard como parte de uma investigação a torcedores que supostamente empurraram um homem negro do trem e entoaram cânticos racistas na capital francesa antes da partida da última terça-feira.
As gravações em vídeo mostram um grupo avisando um passageiro da estação a não entrar em um dos trens do metrô.
Alguns cantaram: ‘Somos racistas, e é assim que gostamos.’
Barklie, um ex-oficial da RUC e natural de Carrickfergus, é diretor de uma organização mundial de direitos humanos que dá palestras de tolerância racial ao redor do mundo, e citou Gandhi e Martin Luther King em seus discursos.
Ele também é um colaborador da Wave, uma instituição de caridade entre as comunidades que oferece ajuda à pessoas de luto, feridas ou traumatizadas por diversos problemas.
Ontem a Wave confirmou ter suspendido um membro durante uma investigação.
Em comunicado, a instituição de caridade disse: ‘O Centro de Trauma Wave suspendeu um trabalhador de meio-período devido a uma investigação seguido de um suposto envolvimento em um incidente racista em Paris na semana passada.’
Barklie não pôde ser contatado para comentar o ocorrido ontem, mas emitiu um comunicado através de seu advogado Kevin Winters em que ele admitiu seu envolvimento no ‘incidente’ que resultou em um homem sendo ‘impossibilitado de entrar em um vagão do trem.’
Ele disse que tinha informações que ele queria dar à polícia que poderiam explicar o ‘contexto e as circunstâncias.’
Barklie negou ter cantado músicas racistas; disse que viajou até o jogo sozinho; insistiu que não conhecia nenhum dos outros indivíduos filmados nas gravações de vídeo do incidente e disse que nunca fez parte de nenhum ‘grupo ou facção’ de torcedores do Chelsea.
Na declaração, o Sr. Winters disse que Barklie estava feliz em ajudar a polícia em seus inquéritos.
‘Pendente em um compromisso formal com a polícia, nosso cliente está ansioso para colocar em registro seu total repúdio ao racismo e a qualquer atividade ligada a isso’, ele disse.
Barklie é um dos diretores do Fórum Mundial de Direitos Humanos (WHRF), uma rede global de ativistas que promovem os direitos humanos.
Um vídeo gravado em 2013 o mostra discursando em uma sessão da Conferência Mundial de Direitos Humanos na Índia. Citando os ensinamentos de Martin Luther King e Gandhi, Barklie pedia por tolerância racial. Ele pregava:
‘Nós todos devemos continuar trabalhando com um senso de compaixão pelo outro em nossos corações, com um senso de justiça e igualdade nós devemos banir de nossos corações e mentes preconceitos de credo, cor, religião e gênero.’
‘Quando fizermos isso, nós iremos conceber uma sociedade mais harmoniosa e pacífica.’
A WHRF não quis comentar sobre isso.
O incidente ocorreu antes da partida de ida do Chelsea pelas oitavas-de-final no estádio Parc des Princes na última terça-feira. Vídeos amadores gravados na estação Richelieu-Drouot parecem mostrar um homem negro, identificado com Souleymane Sylla, de 33 anos, sendo empurrado de um trem.
Sylla mais tarde afirmou que deixou o trem ‘assustado.’ Ele disse:
‘Aquilo realmente afetou minha vida. Não consigo voltar ao metrô, me deixa realmente assustado.’
O Chelsea suspendeu cinco torcedores de frequentar jogos após realizar sua própria investigação. Barklie, que tem um bilhete da temporada em Stamford Bridge, não está entre os cinco.
O incidente trouxe uma condenação generalizada. O treinador do Chelsea, José Mourinho, disse que estava ‘aborrecido’ e ‘envergonhado’ pelo comportamento dos grupo de torcedores, e complementando que o clube iria escrever ao Sr. Sylla para pedir desculpas. O presidente francês François Hollande chamou Sylla para prometer seu apoio. O primeiro-ministro britânico David Cameron disse que o incidente pareceu ser ‘extremamente perturbador e muito preocupante.’
A declaração do advogado, em apoio ao seu cliente
Em um comunicado emitido em Belfast pelo advogado Kevin Winters na última noite, Richard Barklie disse que ele tinha contatado a Polícia Metropolitana depois da divulgação das imagens dos homens que eles queriam interrogar após supostamente um homem negro ter sido empurrado para fora de um trem em Paris.
‘Pendente em um compromisso formal com a polícia, nosso cliente está ansioso para colocar em registro seu total repúdio ao racismo e a qualquer atividade ligada a isso.’
‘Como uma pessoa que passou anos trabalhando com comunidades carentes na África e Índia ele mostra um currículo de trabalhos em direitos humanos, que compromete qualquer sugestão de que ele seja racista.’
‘Hoje um funcionário de alto escalão do Fórum Mundial de Direitos Humanos confirmou o apoio da instituição a ele.’
‘O Sr. Barklie é detentor de um bilhete de temporada e viajou a diversas partidas por 20 anos sem nenhum incidente.’
‘Ele viajou sozinho para a partida contra o Paris Saint-Germain e não tem conhecimento algum das identidades das outras pessoas retratadas nos últimos vídeos lançados no YouTube. Ele deseja salientar que ele não faz e nem nunca fez parte de qualquer grupo ou facção de torcedores do Chelsea. Ele não participou dos cânticos racistas e condena qualquer tipo de comportamento que apoie aquilo. Ele admite que estava envolvido em um incidente em que uma pessoa conhecida a ele agora como Souleymane Sylla foi impossibilitada de entrar em um vagão de um trem.’
‘Ele tem informações a dar à polícia que explicarão o contexto e as circunstâncias que prevaleceram naquele momento em particular.’
‘Enquanto ele espera por isso, ele quer deixar registrado suas sinceras desculpas pelo trauma e stress sofridos pelo Sr. Souleymane. Ele reconhece prontamente que qualquer juízo sobre a integridade do seu pedido de desculpas será mantido suspenso enquanto aguarda os desdobramentos da investigação.’
‘Aceitamos em nome do nosso cliente que o interesse público não exige nada além de total indignação e condenação de todos os meios de comunicação relatando tal fato, mas tais comunicados não devem persistir à custa de prejudicar o direito do Sr. Barklie a um julgamento justo.’