Desde que assumiu o comando do time feminino em 2012, Emma Hayes, treinadora do Chelsea, abraçou todas as honras domésticas com o Chelsea Women, incluindo quatro títulos da WSL sendo elas: Duas Copas FA Feminina em 2015 e 2018, duas Copas da Liga Feminina em 2020 e 2021, além de levar o Chelsea Women à final da Liga dos Campeões Feminina na última temporada, onde infelizmente foi derrotada pelo Barcelona no placar de 4-0.
Logo após a notícia, a técnica conversou com a Sky Sports. Ela relatou sua reação quando soube da sua primeira conquista frente à essa bonificação e relatou sobre seus planos de criar um legado “duradouro”.
“Estou honrada e surpresa, acho que só quando minhas carreiras terminarem, vou realmente refletir sobre o que conquistamos. Enquanto estou aqui, estou sempre tentando encontrar uma vantagem todos os dias. Meu objetivo sempre foi sobre o que deixarei para trás. É para isso que eu trabalhei. Para que quando eu for, tenha certeza de ter lançado boas bases para o futuro. Um grande motivador para mim é que meninos, como meu filho, cresçam vendo mulheres em posições como as que estou. E que isso seja a realidade para eles“.
Responsabilidade num momento delicado
A treinadora das Blues tem uma filosofia e uma paixão por seu trabalho inexplicáveis. Na final da Women’s FA Cup de 2018 no estádio de Wembley entre Arsenal e Chelsea contou com um recorde de público: 45.423 pessoas nas arquibancadas. Um total de 10 mil a mais do que o alcançado na final da mesma disputa no ano de 2017. Um marco importante para o clube e para Emma Hayes que estava no gramado, no auge da sua gravidez de gêmeos, comemorando o título com suas jogadoras.
Em síntese, o que costuma ser um tipo de emblema para as mulheres gestantes no mercado de trabalho, para a treinadora era diferente. Mesmo grávida de oito meses, defendeu seu direito “biológico” de ser mãe estando num campo de futebol todos os dias, e ainda afirmou ser uma prática importante para sua mente e para sua saúde esse ato de se manter trabalhando nos gramados.
Contudo, dez dias após o título, Hayes havia recebido a notícia de que um dos gêmeos não havia sobrevivido ao terceiro trimestre da gravidez. Assim sendo, optou por não noticiar as jogadoras sobre a perda, para que elas não ficassem abaladas na reta final dos campeonatos. A chefe da equipe feminina conta que até hoje sente a perda de um dos bebês, mas foi um acontecimento que trouxe muito aprendizado. Três meses depois do nascimento de Harry, seu filho, ela já havia retornado ao trabalho. É justo o mérito no Hall of fame mediante todo profissionalismo que a chefe do Chelsea Women apresenta.
Recorde importante
Desta forma, Hayes, que recentemente ultrapassou 150 jogos da WSL no comando do Chelsea, se juntou às lendas inglesas Kelly Smith, Rachel Yankey e Fara Williams como as primeiras homenageadas. O Hall da Fama da FA Women’s Super League foi criado para marcar o 10° aniversário da liga. Assim, a diretora dos jogos profissionais femininos da FA e atual presidente do quadro da premiação, Kelly Simmons, comenta sobre a importância desse marco.
“A entrada no Hall da Fama é a maior honra individual oferecida pela liga e estou muito feliz que Emma tenha sido escolhida. Seu recorde é incrível, mas ela é muito mais do que isso. É uma grande embaixadora da liga, que trabalha incansavelmente nos bastidores. Bem como incentiva o desenvolvimento de treinadores. Ela levou seu conhecimento para o mundo da transmissão para se tornar uma grande analista, e sinto que temos muita sorte de tê-la na liga e ser reconhecida no Hall da Fama da Super Liga Feminina da Barclays FA“.
Kelly Smith
Ao mesmo tempo, temos a outra homenageada e ex-estrela do Arsenal Kelly Smith, tem uma carreira de mais de 20 anos. Suas rotas incluíram uma passagem pelos EUA antes de seu retorno à WSL em 2012, para ajudar o Arsenal a vencer a liga naquela temporada. Além do mais, ela também desempenhou um papel de protagonista nas vitórias da FA Cup feminina em 2014 e 2016. A ex futebolista britânica marcou 46 gols pela Inglaterra e venceu a Copa Feminina da Uefa em 2007 durante sua primeira passagem pelos Gunners, antes do advento da Super League.
De acordo com companheiros de equipe, jornalistas e torcedores, Smith superou lesões, isolamento e alcoolismo. Tudo isso para deixar uma marca eterna não apenas no futebol inglês, mas para o futuro do futebol feminino mundial. Hope Powell, atual treinadora do Brighton e ex-técnica da seleção inglesa foi uma das juradas do Hall of Fame. Nesse sentido, ela não poupou elogios à Kelly Smith:
“Existem poucas palavras para descrever o que Kelly foi capaz de fazer em campo. Ela era uma mágica, fazia as coisas parecerem tão fáceis e ela simplesmente deslizava pelo campo com facilidade. O perfil e o respeito de Kelly em diferentes partes do mundo tem sido um grande trunfo na promoção do futebol feminino aqui. Estou muito feliz por podermos introduzi-la no Hall da Fama“.
Em suma, essas mulheres possuem um papel fundamental no pódio de Hall of fame. Esse valor é reflexo da competência que cada uma dessas nomeadas carregam no momento de exercerem seus trabalhos específicos dentro e fora de campo.