Andriy Shevchenko fez uma surpreendente declaração de apoio à José Mourinho em entrevista ao Daily Mail, nessa semana. O ex-atacante dos Blues não teve uma boa passagem pelo clube, não caindo nas graças do técnico em sua passagem pelo clube entre 2006 e 2009, saindo como uma das grandes decepções do clube.
O craque ucraniano trocou o Milan pelo clube inglês em uma transferência de £30 milhões, após anos em alto nível na Itália. No entanto, Shevchenko não conseguiu repetir as atuações do clube milanês, tendo números pouco expressivos pelo Chelsea. A torcida não conseguiu ver um dos maiores atacantes de sua geração no auge e a volta do jogador para o Milan por empréstimo, após pouco mais de um ano jogando em Londres, foi um dos pontos que colocaram Mourinho em cheque no cargo.
Porém, mesmo após a passagem frustrada pelos Blues, Shevchenko se acomodou no bairro londrino de Surrey e hoje, aposentado, é um grande torcedor do clube, amigo do presidente Roman Abramovich e frequentador de Stamford Bridge, onde costuma ir inclusive acompanho de um de seus filhos, Jordan.
Os dois estavam presentes nas arquibancadas no duelo contra o Liverpool, em que o clube foi derrotado por 3 a 1 e estiveram juntos por lá novamente nesta quarta-feira (04), na vitória do Chelsea sobre o Dínamo de Kiev, pela Champions League. O clube ucraniano inclusive foi onde Shevchenko foi revelado e posteriormente, onde se aposentou, em 2012.
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“José é um grande treinador. Todo técnico com quem eu trabalhei tem uma estratégia diferente, mas a coisa mais importante é o resultado e ele é o vencedor.
Ele tem muita experiência. Ele sabe o que está acontecendo com a equipe e onde ela tem que melhorar. Às vezes demora um pouco mais e às vezes você conserta imediatamente, mas não significa que você cancela o passado.
Nos últimos 10 anos ele tem sido um dos treinadores mais bem-sucedidos do mundo. Seus resultados provam isso. Ele ainda é. Eu tenho certeza que ele tem a qualidade para achar um jeito de atravessar esse momento. Ele precisa ganhar alguns jogos, conseguir alguns resultados e José tem um longo futuro nesse clube.
Minha relação com ele sempre foi boa. Teve muita conversa, mas eu nunca tive problema com ninguém. Eu só tive um problema no Chelsea e foram as lesões.
Eu sabia que se eu estivesse 100% eu acharia sempre um lugar na equipe, e eu não estive 100% por dois anos. Eu fiz três cirurgias e foi muito difícil. Mas o passado é o passado e agora estou feliz.”
Fazem seis anos desde a última partida de Shevchenko pelo Chelsea. O ucraniano marcou 22 gols em 77 partidas pelo clube, antes de fechar seu retorno para a Itália. No final da carreira, de volta ao clube que o revelou, o atacante retornou a grande fase goleadora e se aposentou em grande estilo, após a Eurocopa de 2012, em que a Ucrânia foi um dos países-sede. Após sair do futebol, Shevchenko tentou a carreira política e após falhar, tentou a carreira profissional no golfe.
“Eu senti falta de competição. Toda a minha vida teve pressão e eu não tenho medo de tomar decisões importantes. Em qualquer trabalho em nível profissional você tem que lidar bem com a pressão. Mas a sensação de competição foi difícil de substituir. O golfe me ajudou.”
Shevchenko também contou de sua relação com John Terry, com que joga golfe ocasionalmente, e deu sua opinião sobre a atual fase do capitão dos Blues.
“Todo mundo perde um pouco de velocidade mas ganha experiência. Quando as pessoas me perguntam sobre jogadores ficando um pouco mais velhos, eu digo a ele que quandofui para o Milan, Paolo Maldini estava com 31 anos e quando fazíamos treinos de corrida, Paolo era um dos primeiros, sempre.
Ele jogou até os seus 40, e John Terry é um jogador como Maldini. Ele se cuida e não tem muitas lesões. Dentro de campo ele sabe como ler o jogo. Na sua idade, se eles está 100% em forma, ele ainda pode jogar bem.”
Hoje com 39 anos, Shevchenko está totalmente apto para ser técnico, mas dedicará um tempo à sua família antes de fazer um retorno permanente ao mundo do futebol. Em seu tempo livre, ele se dedica à vida política e ao mesmo tempo aos assuntos esportivos, onde está envolvido em alguns projetos importantes.
Na última segunda-feira (02) ele foi apresentado como embaixador pela Laureus em um dos projetos apoiados pela organização no Reino Unido. A ‘Street League‘ foi criada para ajudar jovens de 16 a 24 anos a superarem barreiras socio-econômicas trabalhando a educação por meio do futebol.
“Comunicação através do esporte é fácil. Só existe uma linguagem. Você tem uma bola e você joga o jogo. É uma maneira perfeita de educar pessoas, de encontrar um emprego e dar informações às pessoas. O esporte tem o poder de mudar o mundo.”
O ex-atacante contou aos jovens do projeto sua experiência de vida, já que por meio do futebol ele conseguiu superar as barreiras de sua adolesência, após o fim da União Soviética. Shevchenko tentou se eleger pelo partido ‘Ucrânia – Avante!’ em 2012, não obtendo sucesso, mas não deixou de querer ajudar seu país, que vive uma grave crise política, marcada por guerras civis e instabilidade.
“Foi uma inspiração tentar fazer algo pelo meu país. Eu percebi que posso fazer muitas coisas através do esporte. Existem muitos programas e coisas a fazer usando o esporte para ajudar meu país.
Minha fundação (que ajuda crianças órfãs) está lá, e estamos fazendo coisas com a Laureus. Não é um período fácil para as pessoas na Ucrânia. Não têm muitas coisas positivas, mas o futebol é uma delas. As pessoas adoram e os estádios são lotados.”
Uma das esperanças para o país, inclusive, é o desempenho do Dínamo de Kiev na Champions League. O ex-time de Shevchenko está no grupo G da competição junto com o Chelsea, Porto e Maccabi Tel-Aviv e o ucraniano crê que o clube pode complicar ainda para os rivais.
“O Dínamo pode se sair bem. A pressão no Chelsea deve ajudá-los mas todos sabemos que o Chelsea é um grande clube com grandes jogadores e com um grande técnico, e será assim por um longo tempo. Os torcedores esperam um resultado diferente. No futebol, tudo pode mudar muito rápido.”
