Em longa entrevista ao jornal London Evening Standard, o diretor chefe-executivo do Chelsea, Ron Gourlay, comentou sobre vários assuntos. Os principais são de grande interesse por parte de muitos, como a briga pelo título inglês deste ano, a expansão da torcida do Chelsea em todo o mundo, o modo de desenvolvimento que os Blues aplicam aos jogadores emprestados e, ainda sobre as categorias de base, negou que o Chelsea tenha poucos jogadores ingleses no clube.
Quando questionado sobre um possível favoritismo do Chelsea ao título inglês, Ron adotou uma postura conservadora, e até respeitosa em relação aos rivais. ”Eu não quero desrespeitar os outros. Há cinco outros clubes que podem vencer o campeonato. Nós [o Chelsea], o Liverpool, Arsenal e os dois clubes do Manchester. Nunca podemos descartar o Manchester United”.
Em seguida, o chefe-executivo do Chelsea comentou sobre o modo de ganhar torcedores pelo mundo, que tem seu clube. Ele revelou uma preocupação inicial em relação a imagem do clube, mas agora se mostra satisfeito. ”Quando eu assumi, estávamos preocupados em relação a nossa imagem. Será que amam o Chelsea? Ou odeiam? Agora, estamos satisfeitos e sabemos que o Chelsea é um clube respeitado mundialmente” disse.
Quando questionado sobre os torcedores na Inglaterra, Gourlay acrescentou: ”Você nunca vai transformar um torcedor do Manchester United em torcedor do Chelsea. Mas na Ásia, podemos fazer isso. Nossos fã-clubes tem crescido em todo o mundo, e se você vai em um jogo do Chelsea na Ásia, verá que há muitas famílias, e pessoas de idade média 19 a 32”.
Ron Gourlay prova a mudança da torcida, com base em reações de José Mourinho. Segundo ele, o treinador português, em sua primeira temporada desde a sua saída, ficou impressionado, principalmente na Ásia. ”Até ir para a Ásia, Mou não havia percebido o quanto nosso fã clube mudou. Na Indonésia, tivemos que cancelar o treinamento, porque a polícia não podia conter o número de pessoas no estádio, que tinha capacidade para 100.000. Naquele dia, a noite, José saiu e teve seu nome gritado por 85.000 pessoas, aí ele percebeu o quanto havia mudado”.
Na sequência, Gourlay comentou sobre a mudança de postura do Chelsea. Que nesta temporada, passou a ser um clube vendedor, e não gastador, como foi em várias outras temporadas. ”Nesta janela de transferências, temos financiado a venda de jogadores. Pela primeira vez. Estamos surpresos, porque imaginávamos que o Chelsea não cumpriria o Fair Play Financeiro, mas conseguimos. Estamos em uma ótima fase”.
Quando questionado sobre o exorbitante número de jogadores que o Chelsea tem emprestados ao redor do mundo, Gourlay defendeu a prática, alegando ser o futuro do clube. ”As pessoas não veem, mas é um enorme desenvolvimento. Nós fazemos isso porque gostamos de investir em jogadores jovens, são jogadores que acreditamos. Vou te dar dois exemplos: Kevin De Bruyne e Romelu Lukaku foram comprados com o rótulo de terem um grande potencial. Estavam em nossos planos, mas surgiu a oportunidade de vendê-los. Deu certo. Melhor para o clube e para os jogadores” disse.
”O sistema de empréstimo não se baseia apenas em: ‘Ok, te vejo em 12 meses’. Nós só emprestamos jogadores para equipes que permitem a comunicação diária á nossa comissão técnica. Temos uma equipe médica que os acompanham, assim, os analisam e decidem se vamos trazer de volta ou não. Mas os jogadores não podem chegar de empréstimo, e de uma vez só, jogarem no time principal. Alguns serão transferidos, outros jogarão”
Ao ser perguntado sobre a falta de ingleses em suas categorias de base, e até no elenco principal, já que o clube perdeu Lampard e Cole, Ron rebateu e negou o que foi dito. ”Nós também temos, na base, jogadores ingleses excelentes. Há um, que com o tempo, pode ser um novo John Terry, mas não vou nomeá-lo. Temos três jogadores das categorias de base no time principal [Nathan Ake, Andreas Christensen e Lewis Baker] que são fantásticos” declarou.
”Os investimentos em jogadores ‘de fora’ são necessários. Mas para manter o Chelsea a nível mundial, sabemos que devemos produzir nosso próprio talento. Estamos começando a ver benefícios em nossa acadêmia [em outras palavras, base]. Nosso objetivo é manter as categorias de base ativas, assim, criando sucesso dentro e fora de campo, mantendo o equilíbrio entre jogadores de fora e revelados no Chelsea. Isto também irá nos ajudar a alcançar os objetivos do fair-play financeiro” encerrou Ron Gourlay.
