Antes de voltar ao White Hart Lane como assistente técnico do Chelsea, Eddie Newton recordou o dia em que ele atuou como centro-avante e derrotou os Spurs no mesmo estádio.
Foi há vinte anos e a Premier League estava em seu início. Na época, Bill Clinton se preparava para assumir o comando dos Estados Unidos pela primeira vez, enquanto na Inglaterra o ano havia sido repleto de desastres para a Família Real Britânica.
Enquanto isso, o Chelsea havia assinado contratos de arrendamento para o terreno de Stamford Bridge, o que significou uma batalha longa e cansativa com imobiliários que ameaçavam a existência do clube. Em campo, Norwich, Blackburn e Aston Villa eram os únicos times acima do Chelsea, quando o clube completou quatro vitórias seguidas após vencer o Tottenham em White Hart Lane, em dezembro de 1992.
A vitória por 2-1 veio em uma época de muitas vitórias no gramado dos rivais norte-londrinos, mas ficou na memória daqueles que testemunharam o jogo, principalmente devido a maneira que os gols foram convertidos.
Com o centro-avante Mick Harford suspenso, o técnico Ian Porterfield decidiu escalar o Chelsea com apenas um atacante contra os Spurs (o recém-contratado Robert Fleck) e cinco meio-campistas. No entanto, quando Fleck saiu lesionado após uma hora de jogo, Eddie Newton (que atuava no meio-campo) foi mandado à frente para liderar o ataque por conta própria.
Agora como assistente técnico, Newton lembra bem do dia.
“Antes do jogo todos estavam bem ansiosos”, diz ele. “Ouvi vários gritos e me lembro de Ian Porterfield vindo até mim e dizendo que eu deveria ser a pessoa mais calma no estádio. Mas eu era desse jeito e estava preparado.”
“Nós estávamos jogando bem durante a partida, e não era estranho atuar mais à frente, pois durante o colegial eu atuava mais naquela posição, e quando eu vim para o Chelsea, eu marquei alguns gols por ir à frente e passar dos marcadores.”
Embora mais tarde em sua carreira Newton se estabeleceu como segundo volante, a posição não era bem definida na época no futebol inglês. Embora ele tinha jogado atrás de Andy Townsend na temporada passada, essa função ficou com Mal Donaghy, e o fato de Newton, na época com 20 anos, ter jogado mais à frente não foi um choque.
Os dois gols de Newton ajudaram o Chelsea a chegar a 2-0 antes de Sol Campbell (estreando como atacante pelo Tottenham) ter marcado um gol no fim.
Foi a única vez durante a temporada em que um jogador do Chelsea marcou mais de um gol em uma partida, e Newton havia marcado, no total, seis gols na temporada, o dobro de Fleck.
“Eu me senti triste por ele (Fleck)”, disse Newton.
“Ele fez tudo o que deveria fazer, ele simplesmente não conseguia colocar a bola na rede. Ele era um cara fantástico, e mesmo quando não jogava bem ele dava conselhos a mim e aos outros jovens, e a torcida do Chelsea apoiou ele, pois seu trabalho era fantástico, mas ele estava lá para marcar gols e isso não estava acontecendo.”
A vitória contra os Spurs foi um ponto alto na temporada e uma queda de rendimento após o natal fez Porterfield perder seu emprego em fevereiro, com David Webb assumindo a curto prazo antes da vinda de Glenn Hoddle no verão.
“Quando estávamos na quarta colocação, nós pensávamos que poderíamos continuar e fazer algo naquele ano, mas não conseguimos manter o ritmo. Foi uma temporada estranha.”, lembrou Newton.