Confira a entrevista de David Luiz ao jornalista Simon Johnson, do informativo London Evening Standard. O zagueiro abriu o coração sobre a derrota no embate do Mundial, conversou também sobre a Champions League e seu modo de atuar no time de Stamford Bridge.
Simon Johnson: A personalidade de Luis é contagiante, prova disso é que ele conseguiu muitos amigos no vestiário do Chelsea, mesmo não sendo perfeito em relação ao idioma. Todas as piadas e o seu cabelo maluco atribuíram uma primeira impressão errada a alguns torcedores, impressão que foi contornada com o passar do tempo.
Além disso, por trás do piadista e fácil relacionamento, existe um cidadão com grande determinação e que é desesperado pelo sucesso no Chelsea. Ninguém ficou mais chateado do que Luiz quando o Chelsea perdeu o Campeonato Mundial de Clubes no Japão. “Talvez tenha sido a primeira imagem desoladora de David vista pelos seus fãs, afinal, todos nós acostumamos a vê-lo sorrindo.
David Luiz: “Sim, sou uma pessoa feliz, porém, tenho responsabilidades. Conheço o clube que represento e quero vencer com eles e para eles. Era meu sonho conquistar aquele título no Japão, e não aconteceu. Acredito que tenha sido o primeiro momento em que as pessoas me viram chorar dentro de um campo de futebol, porém chorei em outros jogos do Chelsea. A diferença é que foi no vestiário”.
“Sou um piadista, escolhi essa maneira de viver, é meu estilo. Porém, me importo com minha vida, com o futebol e mais importante, com quem me deu a oportunidade de estar atuando. O Chelsea me deu a chance de jogar nas melhores ligas do mundo. Não posso rir dentro de campo, pois seria interpretado como desrespeito pelo adversário, mas o futebol é diversão e deve ser tratado como tal”.
SJ: Luiz conseguiu a admiração dos seus colegas de trabalho e é considerado uma peça valiosa em Stamford Bridge. O Chelsea precisa de jogadores como ele, possivelmente, ele substituirá ídolos como Lampard e Terry.
DL: “Existem líderes no Chelsea, mas nem todos têm esse potencial de entender o companheiro durante a partida. Tento auxiliar nessas questões, um jogador deve entender o seu companheiro de time. Talvez isso me faça um líder, não sei. Fui capitão do Benfica por um tempo, é um time muito grande. Não faço isso para parecer um bom garoto, faço porque me faz bem, não sou falso. Penso somente no progresso do time”.
SJ: O treinador da Seleção Brasileira percebeu essa qualidade do Luiz. Ele foi o capitão brasileiro no amistoso contra a Inglaterra, e estará presente no jogo contra a Rússia em Stamford Bridge, no dia 25 de março. Nas semanas recentes, Luiz se mostrou um ótimo meio-campista, seu desempenho alcançou um nível elevadíssimo. Prova disso é que o Barcelona admira seu futebol por temporadas e desejava contar o versátil atleta para a próxima temporada. Eu disse “desejava”, pois David assinou um contrato de cinco anos com o Chelsea.
DL: “Estou mais maduro, cresci muito aqui na Inglaterra. Conheci mais sobre o futebol atuando na Premier League, além de saber sobre a cultura de um outro país, o que é fantástico. Desenvolvi meu futebol aqui e isso refletiu na Seleção. Eu agradeço por jogar com atletas fantásticos lá”.
SJ: Finalizando a entrevista, eu o indaguei sobre o fato dele estar atuando na Europa League, o segundo torneio de clubes mais importante da Europa. Porém, não é digno de um time grande como o Chelsea. Em certo ponto, Luiz até mudou sua feição, mas não respondeu rispidamente, longe disso, foi cômico.
DL: “Nós precisamos ser campeões sempre, todo dia, não somente na final. Estamos motivados para a Europa League. Algumas pessoas me perguntaram sobre a eliminação precoce, disse que fizemos história ano passado, mas tropeçamos nesse ano. Acontece”.
“O ponto positivo foi que eu consegui sair um pouco enquanto os times jogavam a Champions League, comi uma pizza e tudo mais. É diferente das pizzas do Brasil, mas ainda é boa. –Luiz comentou brincando- Falando sério agora, É muito importante vencer e dar alegrias ao torcedor. Se nós vencermos a Europa League, vibraremos igual ao ano passado, desejamos essa taça e vamos buscá-la”.
