Nesta terça-feira, no San Paolo, em Nápoles, Napoli e Chelsea duelam pelo jogo de ida das oitavas-de-final da Uefa Champions League. Indubitavelmente, o San Paolo receberá mais de 60 mil torcedores, transformando o estádio num verdadeiro caldeirão.
Sumariamente analisarei o Napoli, cuja formação de 3-4-3 tem sido adotada pelo técnico Walter Mazzari, com a trinca de zagueiros formados por Campagnaro, Cannavaro e Aronica; à frente, numa linha de quatro, estão posicionados Maggio, Dzemaili (Inler), Gargano e Zuñiga; e no ataque, os respeitáveis Hamsik, Lavezzi e Cavani.
O Napoli chegou as oitavas-de-final depois de somar 11 pontos, onde obteve três vitórias, dois empates e uma única derrota, que vendeu muito caro, diga-se. No Campeonato Italiano, ocupa a sexta posição, e cada vez mais está difícil aproximar-se da zona de classificação para a Champions, já que a Itália perdeu uma vaga, agora os dois primeiros colocados garantem a vaga diretamente, enquanto o terceiro disputa a pré. A diferença para o terceiro, hoje, são de cinco pontos, e restando 14 rodadas, ainda é viável.
Na Liga Nacional, o Napoli é o segundo ataque mais positivo, e isto quer dizer que o trio de atacantes tem um enorme poder de fogo, principalmente Edinson Cavani, artilheiro da equipe na temporada. E a defesa, depois de sofrer alguns gols bobos, está há quatro partidas sem saber o que é sofrer gol. Mas não pensem que os três zagueiros demonstram ser consistentes e eficientes com esses dados, pois a solidez defensiva se deve sobretudo à disciplina tática dos jogadores, que sem a bola, se posicionam atrás da linha da pelota, congestionando o meio-campo e iniciando a marcação a partir da linha divisória.
Com três zagueiros, Maggio pela direita e Zuñiga pela esquerda tem muita liberdade para atacar. Mazzari deixa Gargano fixo na cabeça de área, com Dzemaili ou Inler com certa liberdade de aproximar-se dos atacantes, e não define posicionamento fixo para o trio ofensivo. No papel, Hamsik joga aberto na direita, Lavezzi na esquerda e Cavani centralizado, porém, na prática é um pouco diferente, já que a movimentação dos ágeis atacantes tem como objetivo abrir espaço e dificultar a marcação adversária.
Desde que regressou às competições europeias em 2008, depois de 13 anos de ausência, o Napoli não perde há 11 jogos no Estádio San Paolo. A última equipe visitante a prevalecer em Nápoles foi o Eintracht Frankfurt, em Dezembro de 1994, enquanto o Chelsea ganhou apenas uma vez em sete visitas a Itália. Portanto, trata-se de um fortíssimo oponente.
E o Chelsea? Bem, primeiramente, distintamente do que acontece com o Napoli, o ambiente em Stamford Bridge é pesado, conturbado, diplomático e, às vezes, sarcástico. Os últimos resultados não são nada bons, e a pressão justificável em cima de André Villas-Boas faz com que o manager sucumba e não busque alternativas para melhorar.
Na fase de grupos, o Chelsea terminou em primeiro, com campanha semelhante ao Napoli, contudo, sem vencer nenhuma partida fora de seus domínios. A incapacidade em jogar em casa e, principalmente, fora dela, causa calafrios nos blues, que por mais que amem o Chelsea, sabem que o confronto será duríssimo, e não por causa de o adversário ter jogadores tão acima da média, mas única e exclusivamente pelo Chelsea não passar absolutamente nenhuma confiança.
O esquema adotado por André Villas-Boas, o ultrapassado e retrógrado 4-3-3, não tem funcionado. Pior: AVB não muda, não busca opções, alternativas, é insistente, e persistir no erro no futebol custa muito caro. Esta formação que nos rendeu o bi da Premier no comando de José Mourinho e o tetra já com o comando de Ancelotti, que chegou a utilizar o 4-4-2, hoje não há nenhuma possibilidade de funcionar.
Falando mais recentemente, na temporada 09/10, o 4-3-3 era bastante profícuo devido à boa fase de alguns dos principais jogadores e os laterais que eram bastante produtivos. No setor ofensivo, Malouda atuara na esquerda e Anelka na direita. O primeiro, fazendo ótimos “overlaping” com Ashley Cole, enquanto o segundo o fazia com Bosingwa. Além disto, Lampard voava, Essien nos encantava, Mikel desarmava e Terry chefiava. Tudo perfeito. Ah, e Michael Ballack se alterava.
Portanto, quem tem o mínimo de inteligência e conhecimento de futebol, sabe que o 4-3-3 não é mais conveniente, já que Ashley não vive grande fase, passando mais tempo no DP do que em campo, Lampard não mais nos inspira, Ivanovic não ataca tanto, Mata joga fora de posição e o cara que poderia ser o nosso goleador, não balança a rede há 20 jogos.
Indubitavelmente, será sofrido e sofrível, como as atuações do Chelsea nos últimos jogos. É o jogo entre um forte oponente contra um péssimo visitante que, por sinal, nem em casa tem feito a sua parte, e que não inspira nenhuma confiança dos fãs, que mesmo assim, mantiveram viva a esperança!