O Chelsea mais uma vez contrariou as previsões dos críticos, e mesmo jogando com muitos reservas, foi até Anfield para bater o Liverpool por 2×0. Com a vitória o time de Mourinho confirma o retrospecto impecável nas casas dos quatro maiores adversários – Liverpool, Manchester City, Arsenal e Manchester – com duas vitórias e dois empates. Os Blues também mantêm chances matemáticas na luta pelo título precisando de tropeços tanto do Liverpool como do City, além de vencer suas duas últimas partidas contra dois times que estão na zona de rebaixamento: Norwich (em casa) e Cardiff (fora).
O técnico José Mourinho armou o time pensando no jogo de quarta-feira, contra o Atlético de Madrid, onde a equipe decidirá em casa uma das vagas para a final da Champions League, após ter empatado na Espanha por 0x0. Na partida no Vicente Calderón na semana passada, o goleiro Petr Cech e o zagueiro John Terry se contundiram e juntaram-se a Samuel Eto’o e Eden Hazard – o belga tendo jogado pela última vez em 09 de abril. Com o risco inerente de cada jogo, Mourinho poupou peças-chave no jogo contra os Reds como Gary Cahill, Willian, Oscar e David Luiz (sendo que os dois últimos sequer estiveram no banco de reservas), enquanto Ramires cumpriu o primeiro jogo de suspensão dos quatro com que foi punido por cotovelada no jogo contra o Sunderland. Já o jovem zagueiro Tomas Kalas teve o seu jogo de estreia pelo time principal e atuou – bem – os 90 minutos. E para Mourinho os jogadores em campo mereceram os três pontos.
“O melhor time venceu merecidamente, essa é minha opinião. Nosso time jogou de maneira brilhante e cada um dos jogadores foi espetacular. Não cometemos nenhum erro jogando em zona – o que é mais difícil do que com um atacante isolado. Nós conseguimos cobrir bem cada pedaço do campo e cada adversário e eu penso que foi uma apresentação fantástica dos meus jogadores. Eu estou muito feliz com eles e dou a eles o crédito que merecem. Eles sabem o quanto estou contente com o seu trabalho e é isso que eles precisam de mim e nós ficamos muito felizes em ver como os torcedores reagiram aos garotos,” comentou o técnico quanto ao apoio da torcida à sua decisão de jogar com time reserva contra um dos maiores rivais na Inglaterra.
Mourinho falou ainda da defesa do time, que não levou gol dos grandes fora de casa, e que manteve o 17º clean sheet da temporada, além de comentar sobre o zagueiro estreante do dia, Kalas e da preferência por Mark Schwarzer ao invés de Henrique Hilario.
“Jogamos na retranca? Eu tenho dúvidas a respeito do que a mídia considera retranca. Quando um time se defende bem vocês rotulam a apresentação de retranqueira, quando o time defende mal e toma dois ou três jogos nenhuma palavra é dita a respeito da postura defensiva. A partida de Kalas foi linda e para ele será inesquecível. Antes da partida nós estávamos rindo que jogadores que hoje são tops como Lampard e Cole fizeram as suas estreias contra times pequenos, mas o garoto debutou contra o Liverpool em Anfield,” falou o treinador.
“Schwarzer esteve muito bem, foi sólido e mostrou sua experiência. Quando o Liverpool começou a alçar bolas na área, Mark, Cahill e Ivanovic se sentiram como um peixe dentro d’água, fazendo com que as coisas fossem fáceis para eles. Ele não precisou fazer muitas defesas, mas teve um par de intervenções que foram difíceis e importantes, o que é bom para ele. Nós optamos por começar com ele e não com o Hilario porque ele precisa jogar. Ele jogou apenas algumas poucas vezes em toda a temporada e por isso ele precisava de mais minutos e o jogo de hoje foi muito importante para que sua confiança crescesse.”
O português também revelou que internamente toda a comissão técnica e os jogadores pensavam nesse jogo como a partida que definiria o título há algumas semanas. Entretanto com as derrotas para Aston Villa, Cyrstal Palace e Sunderland, mesmo a vitória contra os rivais diretos ainda tornam as chances dos londrinos pequenas comparadas com os dois principais rivais –Manchester City e Liverpool – e Mourinho acredita que as chances de vencer a Premier League são muito pequenas ou inexistentes.
“Nós não temos chances. Nós estávamos esperando por essa partida por algum tempo com a esperança de que ela pudesse ser o jogo do nosso título, nós vínhamos conversando sobre esse jogo há muito tempo, mas por algum motivo essa não se tornou a partida do título. Os três pontos hoje foram importantes e nós precisamos de apenas mais um para garantir a classificação automática para a Champions League – o que é muito importante. Há apenas um time campeão e nós obviamente não queremos um troféu por terminar em terceiro, mas nós podemos dizer que ganhamos as duas partidas (em casa e fora) contra quem quer que se sagre campeão. Ganhamos as duas partidas contra o Liverpool e as duas contra o ManCity, então não importa quem seja o campeão, nós o batemos.”
Por fim, Mourinho falou sobre John Terry, que segue contundido, mas que tem uma pequena chance de jogar na quarta, contra o Atlético. O português também preferiu focar na frieza de Demba Ba para marcar o gol que abriu o placar ao invés de destacar o escorregão de Steven Gerrard, dizendo que ninguém se diverte às custas dos erros dos outros. Talvez uma grande parte da torcida dos Blues hoje discorde de Mourinho pelo menos quanto a isso.
