Desde 1992, os clubes que compõe a Premier League sempre receberam de forma igualitária os direitos da transmissão internacional da competição, independente de sua colocação ao fim da temporada ou audiência. A norma que democratiza a divisão de lucros no entanto pode esta muito perto de acabar. Isso porque Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham acreditam que o atual sistema não seja justo.
Segundo o britânico Daily Mail, o ‘Big Six’ – como é chamado o grupo formado pelos seis maiores clubes do país – defende que seus componentes deveriam receber uma fatia maior do que as demais equipes da competição, pois são eles os grandes responsáveis pelo crescimento na audiência internacional. Na tentativa de acalmar os ânimos, o presidente da Premier League Richard Scudamore propôs que 35% dos direitos de transmissão fossem repartidos de acordo com a posição em que os clubes terminassem a temporada.
A proposta foi aceita por Everton, Leicester e West Ham, além das equipes que compõe o Big Six, mas completamente rejeitada pelos outros 11 componentes da liga. Segundo eles, a mudança na divisão da receita tornaria a Premier League menos competitiva, já que os valores arrecadados com as transmissões internacionais são utilizados para reforçarem seus elencos e manterem o bom nível de seu futebol, o que deixa o campeonato ainda mais atraente para o público.
Para que a nova divisão seja aprovada, é preciso que pelo menos 14 clubes concordem com seus termos até o dia da votação, na próxima quarta-feira (4). O encontro realizado nesta semana, no entanto, mostra uma postura inflexível por parte das equipes que rejeitam a proposta até o momento.
É importante lembrar que os 35% propostos por Scudamore representam, atualmente, £1 bilhão em três temporadas, e o mercado externo tem potencial para um crescimento ainda maior em sua receita. Além disso, a mudança da regra acabaria com um dos princípios fundadores da Premier League, que é a igualdade de direitos à todos.
Um levantamento referente a distribuição dos valores vindos dos direitos de transmissão na última temporada mostrou que todos os 20 clubes que compuseram a liga receberam £39 milhões cada, referentes a receita internacional. Ao todo, porém, o atual campeão Chelsea recebeu – somados os valores nacionais e internacionais – £151 milhões, enquanto o último colocado Sunderland teve direito a £93 milhões.
A proposta feita pelo atual presidente da Premier League faria com que as receitas internacionais fossem submetidas a uma divisão parecida as nacionais. Hoje, 66% da renda de patrocínios e transmissões da competição é repartida de forma igualitária entre os 20 clubes que compões a liga. Enquanto todo o valor obtido pelas transmissões internacionais é dividido desta forma, apenas metade da receita nacional é sujeita a regra. Os demais 50%, no entanto, são distribuídos conforme a colocação das equipes ao fim da temporada – os chamados “merit payments”.
Os números são utilizados pelo Big Six como argumento para que a divisão internacional também seja feita de maneira diferenciada. Segundo eles, à medida que a receita global aumenta – como se espera que aconteça novamente nas negociações das transmissões de 2019 a 2022, que começaram no final deste ano – , os seis devem receber uma participação maior porque são os que mais atraem os torcedores espalhados pelo mundo.
A reunião que acontecerá na próxima semana definirá o futuro da divisão de lucros com as transmissões para as próximas temporadas, e acontecerá em Londres, com representantes das 20 equipes que compõe a atual Premier League.