Crônicas: West Ham 2×1 Chelsea – Dando nome aos bois, o culpado é Mourinho

José Mourinho foi o responsável (Foto: EFE)
José Mourinho foi o responsável (Foto: EFE)

Em qualquer modalidade esportiva que inclua um grupo de atletas, toda partida se inicia pelo sistema tático utilizado pelo treinador. E com o esquema, vem a utilização específica dos atletas à disposição no elenco de um clube. No futebol, a lógica determina que, ao perceber que seu time não possui um esquema tático específico, apesar de seus atletas, deve o treinador moldar um esquema que funcione levando em conta os jogadores que possui à sua exclusiva disposição. De igual modo, a partir do momento em que um esquema tático não permita que os jogadores à disposição desempenhem sua melhor performance, deve o treinador mudar o esquema tático.

Entretanto, como há de se constatar no Chelsea Football Club, essa não é a regra. José Mourinho, treinador dos Blues, não possui os jogadores que deseja tão desesperadamente para que faça seu esquema, com dois volantes centrais e três armadores abertos, funcionar. Matic não encontra seu bom momento e tem demonstrado incapacidade de manter o fôlego ao longo de 90 minutos. Fàbregas deixou de existir em 2014, não tendo feito nenhuma partida memorável desde então. Hazard parou de jogar futebol depois da vitória contra o United no primeiro semestre deste ano, ainda pela temporada 2014/15. Terry deixou de ser o grande xerife, que transformou a defesa do Chelsea em impenetrável ao longo dos anos. Jogadores que vivem más fases, outros que se encontram no fim da linha.

Sendo assim, seria razoável esperar uma mudança no esquema tático de forma a privilegiar a defesa, assegurar um meio campo compacto e rápido que conseguisse proporcionar movimentos ofensivos sem descuidar de suas obrigações defensivas. Não, não no Chelsea de Mourinho.

Começamos o jogo com o mesmo esquema de sempre, com os previsíveis ataques pelas laterais. À frente de Begovic, uma defesa com três zagueiros. Se você esperou por um 3-5-2 ofensivo, encontrou um Zouma improvisado pela direita, e o destro Azpilicueta improvisado pela esquerda. A defesa foi construída com o frágil Cahill e o envelhecido Terry. Zouma merece destaque especial na defesa. Visivelmente incomodado por atuar fora de sua posição, errou muito no trabalho defensivo, fazendo quem sabe a sua pior partida desde que contratado. Além disso, sua contribuição ofensiva foi nula, forçando o Chelsea a jogar quase que exclusivamente pelo flanco esquerdo, sobrecarregando Hazard.

O meio campo de Ramires e Matic, desde o princípio, demonstrava que além de não conseguir acompanhar a aceleração de Payet, não contribuiria com o ataque. Fábregas ficou a frente dos volantes, mas na realidade não apareceu em campo, algo com o qual podemos contar frequentemente. Hazard e Willian tiveram o trabalho de criar toda e qualquer jogada ofensiva, além de marcar os flancos, e fechar os buracos deixados por Matic e Zouma. Tarefa complicada a deles. Diego Costa correu, brigou, se esforçou, suou… Enfim, tudo o que se espera dele dentro do campo. O gol não veio, porém devemos considerar irrazoável que tenha o trabalho de recuperar a bola, armar o contra-ataque, carregar a bola, ir à linha de fundo, cruzar para si mesmo e marcar um gol decisivo. Se o time não jogar como deveria, ele não marcará como deve.

Com tantas falhas, o time de José Mourinho apenas observou Zárate abrir o placar, aos 17 minutos para o West Ham, após Ramires ser facilmente driblado por Payet, que sofreu falta patética de Fàbregas (não é que ele apareceu no jogo!?). Zouma continuou sua péssima atuação fazendo lançamentos ao léu pela direita.

Até então o Chelsea tinha criado uma única oportunidade de gol com Diego, naquela que seria a primeira de duas no primeiro tempo. Isso porque, aos 31, Ramires recebeu na entrada da área e se jogou ao chão. O juizão inventou uma falta inexistente, bem ao padrão Arnaldo de arbitragem, e Willian cobrou no contra pé do goleiro Adrián, obrigando-o a fazer ótima defesa. E foi isso, todo o primeiro tempo do Chelsea, duas chances de gol. Aos 38, Poyet lançou de calcanhar à Zárate, que sozinho tocou por cima do gol, na saída de Begovic.

Antes do fim, Matic ressurgiu das cinzas, apenas para ser incinerado mais uma vez. Após o segundo cartão amarelo, sendo que os dois foram merecidos e infantis, acabou expulso e consolidou seu status de banco eterno. Após a expulsão, Terry ganhou um amarelo e passou a atuar pendurado, um membro da comissão técnica acabou expulso e – graças a Deus – fim do primeiro tempo.

Quando pensávamos que a tragédia não poderia ficar pior, José Mourinho, mas uma vez, teve nova crise histérica e acabou expulso no vestiário. Diego levou mais um amarelo na mesma oportunidade e as expectativas, os ânimos e quaisquer sortes de esperança na virada foram pelo cano.

O segundo tempo começou com Mikel no lugar de Fàbregas e para minha não surpresa, o Chelsea começou a criar oportunidades! Alguém poderia me explicar como isso é possível?! Não?? Eu posso: com o Fàbregas fora do time, jogamos com um jogador a mais.

Aos 55 minutos, Willian cruzou, Zouma dividiu pelo alto e a bola sobrou linda e cristalina para Cahill fuzilar a pelota nas redes de Adrián e empatar a partida. Claramente a saída de Fàbregas ajudou o time a ter mas presença no meio de campo, e mais calma na troca de passes. Ainda assim, era necessária nova mudança, que não veio.

O jogo passou a ser um ataque contra defesa absurdo, mas o Chelsea estava no jogo. Penas a modificação de peças pontuais alterariam os rumos da partida. Baba na esquerda, deslocando Azpilicueta para sua posição original. Rúben no lugar de Ramires, para dar mais criatividade ao meio e ainda manter a presença defensiva. Pronto, era simples assim.

Mas com José Mourinho, neste ano, o que está ruim pode piorar e substituições não tem utilidade alguma. Nada foi feito para mudar os rumos do jogo. Uma virada era plenamente possível, mas um empate fora de casa, e com um jogador a menos!? É o melhor que o português poderia desejar naquelas situações. Faltou culhão.

E foi aí que, finalmente, após grande jogada de Hazard, que encontou Ramires sozinho no centro da área, apenas para que o mesmo canelasse a bola e, em contra ataque, Cresswell levantasse a bola na área e Carroll decretasse o gol fatal. 2×1. Muitos “asses” numa frase só, mas demonstram perfeitamente a atitude do nosso Manager na partida. (Pra quem não entendeu, bunda em inglês é ‘ass’).

Como se não bastasse a derrota, Mourinho ainda fez morrer de ódio os torcedores que acompanharam mais uma derrota humilhante até o fim, ao colocar Falcão e Baba aos 82′ e 86′, respectivamente. O Chelsea terminou a partida com 55% de posse de bola, nenhum clean sheet e nova humilhação.

José Mourinho se perdeu mais uma vez, escalou mal o time e prejudicou o espírito de todos na derrota e também nas futuras partidas. Sua insistência em jogadores como Fàbregas e Ramires, além da invenção com Zouma na direita e o retorno de Matic em má forma, e seus ataques de orgulho transformaram o Chelsea de um time campeão para um que luta contra o rebaixamento.

Notas;

Begovic – 5.0 (Mais dois gols na sua conta. Grandes goleiros fazem milagres. Begovic não é um deles)

Zouma – 5.0 (Jogando fora de posição, demonstrou nervosismo e não contribuiu tanto no ataque quanto na defesa)

Cahill – 6.0 (Marcou um belo gol, nada além disso)

Terry – 5.5 (O capitão deixou de ser um dos melhores. Cada vez mais evidente a necessidade de um grande sistema defensivo em torno de sua figura, para que possa se sobressair. E não o tendo, não há muito como culpa-lo)

Azpilicueta – 6.0 (Muito participativo, nada além disso, nesse jogo)

Matic – 0.0 (Além de não entrar em campo, conseguiu ser expulso. Vai entender esse cara)

Ramires – 4.0 (O brasileiro é um jogador comum, de nível questionável, que já teve seu grande momento e deveria sair)

Fàbregas – 0.0 (Como é possível que Mikel o substitua e o time, com um jogador a menos, comece a criar mais oportunidades de gol?!)

Hazard – 6.0 (Fez  uma boa partida, se levarmos em conta que só contou com o apoio de Willian o jogo todo)

William – 7.0 (Melhor jogador do Chelsea, mais uma vez)

Diego – 5.0 (Eu já me expliquei, ele não pode fazer tudo sozinho nesse time)

José Mourinho – 0.0 (As vezes a verdade dói, mas nesse momento José precisa sair do time. Mais uma vez a derrota está integralmente desenhado por suas ações e deve recair sobre seus ombros)

PS: Mourinho é o maior técnico da história do Chelsea, mas se for pra viver de história, eu torceria pelo Looserpoll.

Category: Competições

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Article by: Chelsea Brasil

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