Muitas vezes o futebol nos presenteia com ironias. Claudio Ranieri foi o primeiro técnico da “era rica” do Chelsea. Saiu sem deixar saudades, sendo substituído por Mourinho, que viria a transformar os Blues em uma potência. O italiano teve uma carreira sem brilho, sendo até ridicularizado em algumas ocasiões. Hoje, ele reencontrou o Chelsea (e Mourinho) podendo se gabar, dizendo que comanda o líder da Premier League, sendo o time mais bem treinado da atualidade na Inglaterra.
O Chelsea teve campo para trabalhar durante toda a partida. O primeiro tempo, por exemplo, se encerrou com 63% de posse de bola para o time visitante. Entretanto, as tentativas se limitavam ao lado do campo, com Pedro e Willian, graças ao bom trabalho do Leicester em encurtar os espaços e também da deficiência criativa do Chelsea. Diego Costa aparecia cercado sempre por dois ou mais jogadores, e o armador Oscar se recusava a aparecer no jogo. Os volantes, Matic e Ramires, também não conseguiram bons momentos de criatividade.
Com duas linhas de quatro irretocáveis na marcação, o Leicester se aproveitava de momentos com trocas rápidas nos passes e da individualidade de Mahrez. Foi através deste, inclusive, que o gol saiu. Após boa movimentação no meio campo, a bola chegou até o argelino, que deu uma linda assistência para a Vardy. O atacante, em grande fase, deslocou Courtois. O Chelsea ainda respondeu com Matic, de cabeça. Mas só.
A segunda etapa seguiu o mesmo dilema da primeira. Posse de bola atrapalhada e improdutiva do Chelsea, com o Leicester muito bem posicionado defensivamente e com boas trocas de passes/individualidade. Um bom exemplo, para resumir essa situação, é na comparação com a partida entre Chelsea e Porto. O Chelsea esperou, se defendeu bem e abusou do talento de suas peças ofensivas para matar o jogo. Hoje, o jogo virou.
Mahrez, melhor em campo, fez um carnaval pra cima de Azpilicueta e bateu colocado, no alto, com a sua calibrada perna esquerda. Ângulo de Courtois e 2 a 0 no placar. A tática foi a mesma de sempre, especialmente quando o treinador não tem o mínimo repertório tático: o desespero. Remy e Fabregas nas vagas de Terry e Oscar. O Chelsea passou a empurrar o adversário, criando diversas chances, mas só conseguindo descontar com Remy, no fim, após belo cruzamento de Pedro.
Considerações: Se Oscar se recusa a aparecer no jogo, como comentado na crônica, Mourinho se recusa a tentar aplicar novas ideias. Um esquema com três volantes e saída para contra-ataque, ou em duas linhas de quatro, com uma compactação ofensiva maior. As opções são diversas, mas a teimosia persiste. Hoje, a armadilha do Leicester era clara, e o Chelsea acabou mordendo a isca. Mais uma rodada de lamentações, e a zona de rebaixamento se aproxima.
Courtois – 6,0: Não teve culpa direta em nenhum gol.
Ivanovic – 6,0: Também não comprometeu.
Zouma e Terry – 4,0: Falta de entrosamento/comunicação fez com que Vardy aparecesse livre no primeiro gol.
Azpilicueta – 3,5: Passou maus bocados com Mahrez. Pior atuação do espanhol na temporada.
Matic – 4,5: Cada vez mais lento na saída de bola, e ainda falho em desarmes, que já foram sua marca.
Ramires – 5,5: Sua média.
Willian – 5,5.
Hazard – 5,0.
Oscar – 2,0: Procura-se.
Diego Costa – 4,0: Sofreu com forte marcação, mas quando teve oportunidades, desperdiçou. Fase do atacante é terrível.
Pedro – 6,0: Deu assistência, mas perdeu duas boas chances de marcar.
Remy – 6,0.
Fabregas – 5,5.