Transmissão: Sportv
Após uma longa jornada de 31 jogos, 68 gols e 2850 minutos de bola rolando, a Copa Africana de Nações chega ao final da sua 29ª edição. E – como ocorre desde a primeira vez em que o apito soou para o principal torneio de seleções do continente – zebras, decepções, erros, superações e entrega não faltaram na África do Sul. O país que sediou o último mundial da FIFA se enquadra muito bem em pelo menos uma dessas categorias: superação.
Anfitriões pela segunda vez, os Bafanas-Bafanas não conseguiram repetir o sucesso da equipe de 1996 que, comandada pelo técnico Barker, bateu a Tunísia na decisão e faturou seu primeiro e único título da competição da CAF. No entanto, time de Gordon Igesund sobreviveu ao grupo composto por Angola, Cabo Verde e Marrocos, e atingiu a fase final.
A desclassificação diante de Mali não tirou o sorriso do rosto de um povo que comemora o Gol (ou como eles chamam, o “laduma”) como se fosse um ato de liberdade. E não deixa de ser. Para os sul-africanos, cada gol (ou cada laduma), é sempre uma festa, seja lá qual jogador ou nação tenha alcançado tal êxito.
Decepção e entrega podem ficar respectivamente com Costa do Marfim e Mali. Sempre favoritos, quase nunca vencedores, os elefantes – que se orgulham da magnífica geração de Drogba – vêm se acostumando a adiar a cada dois anos o sonho de levantar o troféu pela segunda vez. Já as “Águias” malineses se desligaram do mundo político para tentar dar uma alegria a população que há algum tempo está mergulhada em intensos conflitos locais. A conquista inédita não veio, mas chegar à semifinal sem dúvidas já foi motivo de comemoração para os vice-campeões de 1972.
Os erros podem colocar na conta dos árbitros. E até a matemática foi envergonhada nessa história. Que o diga Angola, que iniciou a segunda etapa contra os sul-africanos com um homem a menos, mesmo sem ter jogadores expulsos.
E a zebra se encaixa perfeitamente com uma das finalistas desse domingo. Empates contra Nigéria e Zâmbia e vitória sobre Etiópia. Resultado? A eliminação dos atuais campeões e a forçação do confronto entre marfinenses e nigerianos, logo nas quartas de final. Tudo culpa da tal de Burkina Faso. Que já foi apelidada de “Burkina Fácil”, e hoje endurece a vida dos gigantes da selva africana.
Junto a ela, a tradicional e esquecida Nigéria. Com campanhas marcantes em Mundiais, como o de 1998, na França, e duas vezes campeã africana, as “Super Águias” foram deixadas de lado por grande parte da imprensa futebolística, depois das fracas participações nas últimas Copas e o longo jejum continental. Timidamente, os nigerianos foram passando etapa por etapa, sem permitir com que a suposta ‘falta de experiência’ de seus jovens jogadores derrubasse o sonho do tricampeonato. O triunfo que ocasionou a queda do ‘Elefante Gigante’ que reside na Costa do Marfim abriu portas para voos mais altos, e o time verde e branco ganhou confiança e maturidade para atropelar Mali na semifinal.
É assim que Garanhões e Águias chegam a Joanesburgo em busca da taça de campeão africano e uma passagem rumo o Brasil, para a disputa da Copa das Confederações no meado do ano. Se os nigerianos gozam de uma jovem geração – que embora não se compare ao famoso time de Kanu, dá mostras de um futuro promissor-, os burquinenses trazem consigo uma artilharia pesada advinda de sua dupla de ataque.
Um dos principais destaques do time na competição, Jonathan Pitroipa foi expulso injustamente contra Gana e, graças à intervenção da CAF – que anulou o cartão recebido pelo jogador -, poderá disputar a grande decisão do torneio. Já Alain Traoré tem três gols e aparece na vice artilharia da CAN 2013.
Mas se o assunto é bola na rede, quem leva vantagem é a Nigéria. Emmanuel Emenike é o homem gol da Copa Africana. O atacante do Spartak Moscou já deixou sua marca quatro vezes nos gramados sul-africanos. Além disso, os campeões de 1980 e 1994 contam com um trio que deixa um pouco mais azulada a camisa verde que cobre as “Super Águias”.
Emprestado ao ADO Den Haag, Kenneth Omeruo vem obtendo boas atuações no sistema defensivo da equipe. John Obi Mikel é a força na bola parada e no meio de campo nigeriano. E Victor Moses chega como grande nome do time até aqui. Com belas apresentações, assistências e gols, o jogador que chegou a atuar pelas categorias de base da seleção inglesa é a principal arma de Stephen Keshi para esta final. Juntos, Omeruo, Mikel e Moses formam um “mini Chelsea” que vai tentar ajudar a Nigéria a erguer a taça da CAN pela terceira vez na história e encerrar um jejum de 19 anos.
Prováveis Escalações
Nigéria: Enyeama, Omeruo, Oboabona, Yobo, Elderson, Igiebor, Mikel, Ogude, Musa, Uche e Moses.
Burkina Faso: Diakite, H.Traore, B.Kone, Koulibaly, Panandetiguiri, Pitroipa, Rouamba, Kabore, Koffi, A. Traore e Dagano.
Curiosidades
- Os “Garanhões” nunca venceram as “Super Águias”;
- Nigéria e Burkina Faso se enfrentaram apenas quatro vezes em toda a história (sendo três por competições oficiais). Foram duas vitórias nigerianas e dois empates. Com cinco gols para os bicampeões africanos, contra dois dos oponentes;
- Este é o segundo confronto entre as equipes nesta mesma edição da CAN. Na fase de grupos, os burquinenses arranjaram um empate em 1 a 1, no fim da partida de estreia, pelo grupo C;
- 2 a 0 é o placar mais elástico da história desse duelo. Por duas vezes os nigerianos bateram os rivais por essa diferença;
- Os dois times chegam invictos para a decisão, mas só a Nigéria não precisou de prorrogações, nem pênaltis, para avançar as fases do torneio continental;
- Com quatro gols, Emmanuel Emenike é o artilheiro da CAN, seguido por Alain Traoré (3);
- Palco da Final da Copa do Mundo de 2010, o Soccer City receberá a decisão da CAN pela segunda vez na história. No mesmo estádio, em 1996, a equipe da casa sagrou-se campeã, ao derrotar a Tunísia por 2 a 0.