
Por mais que Ivanovic seja um dos grandes jogadores da história recente do Clube – talvez um dos maiores da história em geral, por sua participação efetiva nas maiores conquistas do Chelsea – ele comete, em alguns momentos, certas falhas de posicionamento, que acabam prejudicando o ferrolho defensivo que José Mourinho tenta imprimir em suas equipes, quando são atacadas.
Ivanovic, talvez por ser zagueiro de origem, quando o Chelsea é atacado em transição, principalmente, acaba se posicionando de forma mais centralizada, próximo aos dois zagueiros, abrindo, com isso, um espaço na ala direita. E é neste buraco formado no lado direito de defesa dos Blues que muitas equipes têm encontrado espaços para ameaçar os Blues. Na atual temporada, o problema passou a ser mais frequente, e vários gols foram sofridos em jogadas pelo setor.

No vídeo abaixo, você consegue perceber Ivanovic se posicionando mais ao centro e abrindo espaço para o gol de Steven Naismith, do Everton, no jogo do primeiro turno entre as duas equipes, que terminou 6-3 para os Blues.
Willian, que ataca pelo lado direito, é responsável por ajudar Ivanovic na marcação. Porém, o brasileiro, por ser um dos responsáveis por puxar contra-ataques, por estar, em muitas vezes, participando de jogadas ofensivas, e principalmente por não ser sua função em campo, não recua o suficiente para preencher o espaço deixado por Ivanovic. Willian não se posiciona como lateral direito, como dito, por não ser sua função. Sua tarefa defensiva é ajudar na marcação pelo lado direito de defesa e não ser um lateral, de fato.
No vídeo acima, do gol sofrido contra o Everton, é possível notar Willian chegando para preencher o espaço, mas atrasado.
Outro jogador que sempre caía pelo lado direito de defesa para dobrar a pressão que Willian fazia era Matic, que, percebendo o espaço deixado por Ivanovic, saia do centro e ia até a direita marcar. Porém, com isso, o poderio de marcação pelo meio, a frente da zaga, ficava prejudicado, e chances eram criadas também pelo centro, forçando que os zagueiros saíssem da área para marcar, criando com isso, espaços às suas costas.
Com a chegada de Juan Cuadrado aos Blues, muito se discutiu sobre o papel criativo que ele exerceria na equipe. Discutiu-se também sobre quem deixaria o time para uma possível entrada do colombiano. Mas algo que poucos cogitaram foi o papel defensivo que ele poderia fazer, o valor tático que ele poderia dar enquanto estiver em campo.
No jogo desta semana, contra o Everton, Cuadrado foi titular, devido à ausência de Oscar, por lesão. E durante os 69 minutos que esteve em campo, o novo contratado do Chelsea exerceu uma função muito importante defensivamente no time, que foi a de exatamente preencher os espaços deixados por Ivanovic no lado direito.
Mourinho, percebendo esta recorrente falha defensiva, e sabendo das capacidades de marcação e posicionamento de Cuadrado, escalou o meia principalmente para esta função, deixando Fàbregas poupado no banco de reservas. Com a obediência tática do colombiano, não era preciso arriscar Cesc, que voltava de lesão.
Assim, quando o Chelsea foi atacado com mais afinco no primeiro tempo, Cuadrado recuou para uma função praticamente de lateral direito, jogando em linha com os zagueiros, Ivanovic e Azpilicueta, formando, portanto, uma linha de cinco defensores. Assim, Ivanovic pôde se aproximar de Zouma e Terry e formar uma trinca de zagueiros, com Azpilicueta marcando pela esquerda e Cuadrado pela direita, dando força defensiva e segurança para Petr Cech, que não foi tão acionado.

Com isso, a defesa do Chelsea conseguiu anular o forte ataque do Everton, que jogava em contra-ataques, já que a marcação pelo lado direito estava fortalecida, principalmente em jogadas de transição. Matic também pôde se ater a marcar pelo meio, reforçando a proteção da zaga e impedindo que se formassem espaços na defesa dos Blues.
Foi uma partida praticamente impecável do sistema defensivo do Chelsea. O Everton pouco criou, com suas jogadas de contra-ataque sendo prontamente abafadas e destruídas, com participação ativa de Cuadrado.
Outro fator tático interessante de se notar nesta partida foi a saída de bola. Com a ausência de Fàbregas, a transição defesa-ataque fica visivelmente prejudicada, mesmo com o bom passe de Matic. Ramires, por melhor que seja, não é o jogador adequado para construir o jogo vindo de trás. Sempre que o espanhol não esteve em campo, o Chelsea sofreu para fazer com que a bola chegue aos meias com qualidade.
Para corrigir este fator, novamente a disposição tática de Cuadrado foi utilizada. Quando os Blues eram atacados, Cuadrado naturalmente estava na defesa preenchendo o lado pela direita, assim, no momento em que o Chelsea recuperava a bola, estava mais recuado em campo e, por isso, sua progressão no campo passou a ser elemento de transição para o ataque dos Blues.
Quando a bola passava a ser de posse dos Blues, Ivanovic abria novamente para a direita e Cuadrado se deslocava para o centro, ajudando Ramires, Willian e Matic a saírem com a bola. Em vários momentos do jogo vimos o colombiano a frente da defesa, trocando passes com os volantes e Willian para levar o Chelsea a frente.

E, quando os Blues chegavam ao campo adversário, Cuadrado se deslocava, quase sempre, para a direita, mas também apareceu em alguns momentos pelo centro, trocando de posição com Willian.
Apesar da partida discreta ofensivamente do novo winger/meia dos Blues, seu papel taticamente já foi notado e pode ser importante para o andamento da temporada, já que, cada vez mais, teremos jogos difíceis e decisivos, em que o fatores táticos e de concentração podem ser decisivos.
O colombiano tem tudo para se adaptar com rapidez e demonstrar sua criatividade e velocidade com a camisa azul de Londres, mas, como todo bom jogador treinado por José Mourinho, já mostrou que desempenhará também um bom e importante papel defensivo no time. Cuadrado, mais do que imaginávamos, pode ser importante para que o Chelsea termine maio com troféus.