Chelsea Ladies: Convocação de Chapman e ‘Game for Equality’ marcam o mês de fevereiro

(Foto: Chelsea FC)
A capitã Katie Chapman foi reconvocada para a Seleção Inglesa (Foto: Chelsea FC)

A temporada das Ladies se inicia oficialmente no dia 22 de março, quando começa a disputa da FA Women’s Cup. Por isso, o mês de fevereiro foi bastante parado, a exemplo do que aconteceu em janeiro.

O destaque ficou por conta da capitã Katie Chapman, que após fazer uma temporada 2013-2014 espetacular, foi convocada pelo treinador Mark Sampson para a Seleção Feminina da Inglaterra, que disputou um amistoso contra a Seleção Feminina dos Estados Unidos no dia 14 de Fevereiro. As inglesas perderam por 1 a 0 e Chapman não saiu do banco de reservas.

Apesar de não ter participado do amistoso, a capitã das Ladies já fez parte do elenco da seleção em 82 oportunidades e fez questão de exaltar a chance de vestir a camisa da Inglaterra mais uma vez:

“É muito bom estar de volta. Já faz um tempo que não sou convocada e por isso é bom poder jogar pelo meu país mais uma vez. Mark (Sampson) sempre gostou de mim como jogadora, mas eu tive algumas lesões que me prejudicaram. Apesar disso, conversei com ele e expressei minha vontade de fazer parte desse elenco. Obviamente ele me abriu as portas.”

Chapman também ressaltou seu desejo em disputar outra Copa do Mundo Feminina, que acontece no Canadá neste ano, mas reconheceu que precisa caminhar passo a passo para conquistar seu objetivo.

Vale lembrar que a atacante Eniola Aluko também fez parte da lista de Mark Sampson para o amistoso, e a exemplo da Chapman também ficou só como opção no banco de reservas.

A goleira Hedvig Lindahl fala sobre o “Game for Equality”

(Foto: Chelsea FC)
Lindahl fala sobre a iniciativa pela igualdade (Foto: Chelsea FC)

Enquanto o time masculino do Chelsea empatava com o Burnley, a goleira do Chelsea Ladies dava uma importante entrevista sobre sua visão do projeto “Game for Equality”, onde discutiu a iniciativa, o trabalho do clube sobre o tema e como é ser uma jogadora defensora do grupo “LGBT”.

Confira abaixo a entrevista de Lindahl para o site oficial do Chelsea FC:

Na sua opinião, porque o ‘Game for Equality’ é tão importante?

 “Olhando para o mundo hoje, vemos que existem muitos problemas, mas também muitas coisas boas, mas nem todas as pessoas são incluídas. Existem países onde a homosexualidade é considerado um crime. E esse é tema em que eu me sinto mais familiarizada, porque tem a ver comigo. Mas infelizmente ainda existem outras situações onde as pessoas são deficientes e discriminadas por isso, por exemplo. 

Um clube como o Chelsea desempenha um grande papel nessas questões, principalmente por impactar não só seus torcedores mas como todo o mundo. Ao tomar a frente nesses temas é possível enviar uma mensagem clara ao mundo sobre o que é certo e o que não é.”

Como você sabe, o Chelsea também tem vários outros programas sociais, como o ‘Asian Star’ e vários outros workshops sobre igualdade para todo o staff do clube. Para você, qual a importância de se transmitir uma mensagem sobre igualdade através de tantas iniciativas?

“Não se trata só de transmitir uma mensagem, e sim de comunicar uma filosofia sobre a igualdade, dia após dia. Existem muitas coisas a serem feitas sobre isso e portanto é de extrema importância que o clube siga com esses trabalhos.”

Quando você se assumiu homossexual?

“Eu não me assumi oficialmente até os 27, 28 anos de idade. Eu tive meu primeiro relacionamento com 24 anos, então ainda é tudo muito recente. Mas agora estou bem confortável com essa situação.”

Como atleta, você já vivenciou alguma experiência ruim por ser gay?

“Nunca conheci ninguém preconceituoso. Minha situação nos vestiários sempre normal. E o futebol feminino é muito tranquilo, isso é parte dos valores do esporte feminino”

(Foto: Chelsea FC)
Lindhal em ação pelos Jogos Olímpicos (Foto: Chelsea FC)

Qual conselho você daria para alguma jovem atleta que está tendo problemas por sua preferência sexual?

“Sempre esteja confortável consigo mesmo, porque se não estiver você vai sempre ver o lado negativo de tudo, e isso te deixará para baixo. Se você esta confortável consigo mesmo, vai encontrar o melhor caminho para enfrentar sua jornada e aceitar quem você realmente é.”

Você acha que esse é o espirito do ‘Game For Equality’? Incentivar os jovens a se inspirarem em pessoas como você?

“O ‘Game for Equality’ mostra para os jovens que eles não estão sozinhos. Isso é o mais importante. Se eles começarem a olharem ao seu redor verão que existe muita diversidade em toda parte. Eles verão pessoas que assim como eu são bisexuais e que no final das contas não há problema algum nisso. A preferência sexual não é muito importante para mim. Sou casada com minha esposa Sabina e temos uma filha juntas. Você encontra quem você encontra. Você ama quem você ama.”

Você é uma das embaixadoras do ‘Athlete Ally’, correto?

“Exato. Muitos atletas, não só jogadoras de futebol, fazem parte desse projeto, que defende a igualdade de todos, sem importar a escolha sexual de cada um.”

Jogar as Olimpíadas difere em algo, sob a perspectiva de ser gay, no futebol feminino?

“Eu não leio muito as notícias dos torneios que jogo, mas minha esposa me disse que houve muitas matérias e comentários sobre ter uma atleta olímpica homossexual. E eu disse: ‘Ok, que seja’. Mas se a mensagem é boa e chega a muita gente, então que assim seja.”

Você acha que ser gay e defender o público LGBT teve algum impacto na sua carreira?

“Ser gay não teve nenhum impacto negativo na minha carreira. Acho que graças a isso foi possível eu ter uma esposa e uma criancinha em casa sem ter que tirar um ano inteiro para ter o bebê. A Katie (Chapman) tem três filhos, e ela é somente um ano mais velha que eu. Isso me impressiona muito, principalmente porque ela teve de parar algumas vezes e mesmo assim tem mais de 80 partidas com a camisa da Seleção Inglesa.  Além disso, minha sexualidade não afetou em absolutamente nada da minha carreira como atleta.”

Você acha estranho que somente algumas atletas femininas se assumem homossexuais?

“Não. Não acho isso estranho, apenas acho que depende de cada cultura. Sempre falamos de homens e mulheres, mas independente disso, se você é gay você tem o direito de batalhar por seus direitos e ser quem você é. Mesmo que você seja o melhor jogador do mundo, seja de futebol, hóquei ou basquete, você tem o direito de ter o mundo todo aberto por você. É triste que esse tema ainda não atingiu uma importância que merece, mas isso não se deve misturar com o futebol. O grande problema é que se você é gay você acha que nunca vai ter sucesso no esporte ou que não terá  a liberdade para falar com seus amigos ou familiares. Você pode ter tudo, mas de nada vale se você não é você mesmo.”

Category: Chelsea Football Club

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Article by: Chelsea Brasil

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