
Na temporada, ainda resta ao Chelsea oito partidas. Apenas oito partidas. E para Petr Cech são oito jogos da partida de número 500 com a camisa dos Blues. A realidade que é praticamente impossível o tcheco chegar a marca histórica nesta temporada (para os que tem esperança que ele fique).
Cech será mais um ídolo que poderia encerrar a carreira em casa, mas tudo indica que não. Assim como Wise, Lampard, Ron Harris e outros na história.
Petr chegou para a temporada 2004/2005, a pedido do treinador Claudio Ranieri. Oriundo do Rennes, colocou o grande Carlo Cudicini no banco de reservas, e o deixou lá por quatro temporadas. Sua estreia foi no mesmo dia do treinador José Mourinho. No dia 15 de agosto de 2004, na vitória por um a zero sobre o Manchester United. O goleiro não fez nenhuma grande defesa, até porque não foi muito exigido na partida. Mas ali se iniciava um ciclo.

Este ciclo que logo na primeira temporada gerou grandes frutos para a equipe e para o Cech. Veio a conquista da Carling Cup e da Premier League. A Premier League que ele levou apenas 15 gols em 38 jogos, com 24 clean sheets e o prêmio de melhor goleiro do campeonato.
Na vigésima quinta rodada daquele campeonato, Petr Cech quebrou o recorde de minutos sem sofrer gols da competição. E esse recorde veio com muita emoção. No último lance da partida contra o Blackburn no Ewood Park, Paulo Perreira cometeu um penal em cima de Brett Emerton. O escocês Paul Dickov bateu e Cech foi buscar no canto esquerdo rasteiro. A defesa garantiu a vitória por um a zero e o recorde que foi de 1025 minutos ao todo.
A temporada 2005/2006 começou tão boa quanto terminou a temporada anterior. O título da Community Shield sobre o Arsenal foi o começo de uma grande temporada para o goleiro. Grandes defesas durante todo o jogo – parou Henry, Gallas e Fàbregas, garantindo a taça.
Apesar da precoce eliminação na Carling Cup e na UEFA Champions League, o goleiro foi figura essencial na conquista do bicampeonato da Premier League, sofrendo apenas 22 gols na competição. E, o jogo decisivo, contra o Manchester United, uma partida arrasadora dos Blues, vencendo por três a zero e nenhuma bola no gol de Cech.

2006/2007 não foi como a temporada anterior para Petr. No dia 14 de outubro de 2006, o tcheco sofreu de uma grave lesão na cabeça sofrida após colisão com o jogador Stephen Hunt, do Reading, em partida válida pela Premier League. Ao ser atingido pelo joelho do adversário, Cech sofreu afundamento de parte do crânio necessitando submeter-se à uma cirurgia de emergência.

A grave lesão quase custou a vida do jogador. A principio não se percebeu a gravidade, o que fez com que demorasse para acontecer o tratamento. Veja o lance aqui.
Após três meses afastado do futebol, Cech voltaria a campo no dia 20 de janeiro de 2007, na derrota para o Liverpool por dois a zero. A última partida daquela temporada foi a final da FA Cup. Ele e Edwin van der Sar tiveram uma atuação incrível, mantendo o marcador em zero a zero, durante toda a partida, mas na prorrogação Didier Drogba garantiu o título do Chelsea.

Seguindo mais uma temporada, 2007/2008 foi irregular para o goleiro. Perdeu ao todo 28 partidas na temporada, com lesões na panturrilha, tornozelo e um corte profundo no queixo que lhe rendeu 50 pontos e vários jogos fora.
E essa irregularidade refletiu na equipe, foram três finais disputadas e três derrotas. A final da Champions League foi a mais sentida pela equipe.
Na temporada seguinte, o goleiro foi acusado pelo treinador Luiz Felipe Scolari de ajudar na sua demissão. Mas 2008/2009 terminaria de forma feliz com o título da FA Cup, numa grande vitória sobre o Everton.
2009/2010 foi inesquecível para Cech. Quatro títulos na temporada e atuações fantásticas. Logo na abertura, em partida pela Community Shield contra o Manchester United, o goleiro defendeu os penais de Ryan Giggs e Patrice Evra, que garantiu o primeiro título dos Blues na temporada. E na última partida da temporada, a final contra o Portsmouth, valendo o título da FA Cup o goleiro novamente foi decisivo. Quando a partida ainda estava zero a zero o arqueiro defendeu um penal de Kevin-Prince Boateng, e logo depois Drogba foi decisivo e deu o bicampeonato para o Chelsea.

A temporada 2010/2011 não foi boa para Chelsea. Sem levantar uma taça, foi a última de Carlo Ancelotti no comando da equipe. Mas para Petr Cech foi muito boa. Voltou a ser regular, participando de 50 dos 58 jogos da equipe. E para contemplar essa regularidade ele foi escolhido o jogador do ano do clube – entrando para uma seleta seleção, com Zola, Cudicini, Terry e Lampard.
2011/2012 caminhava para uma temporada trágica com um mal inicio com André Villas-Boas. Mas o treinador português foi demitido, Roberto Di Matteo engrenou e levou a conquista da FA Cup e da UEFA Champions League.
Com o futebol defensivo e nas apostas no contra ataque, os jogos do Chelsea naquela temporada eram sempre de muita emoção. Além de trazer emoção, consagrou de vez Petr, fazendo vários milagres em importantes partidas.
Na final da FA Cup, o Chelsea vencia por dois a um mas sofria uma pressão intensa do Liverpool. Foi aí que o goleiro apareceu a ajudou a garantir o título. Numa cabeçada muito boa de Andy Carroll o goleiro foi buscar a bola praticamente dentro do gol, evitando o empate.

Essa defesa garantiu um título. Mas não foi só essa. As duas partidas da semi-finais da Champions League contra o Barcelona com certeza estão no top10 do goleiro. Responsável por acabar com uma era, parando Messi, Xavi, Iniesta e Fàbregas.

As partidas contra o Barcelona já foram de causar infarto, mas o melhor ficou para a final. O Bayern de Munique finalizou 43 vezes, apesar de apenas sete terem irem no gol, e o goleiro blue mostrou que é um dos melhores do mundo, salvando várias vezes o gol azul.
O ápice foi aos quatro minutos da prorrogação, quando defendeu o pênalti cobrado por Robben. Ali vários torcedores dos Blues já diziam que o título estava garantido. Esses estavam certos, com um goleiro fazendo o que Cech estava fazendo era impossível de perder.

Após esse fim de temporada mágico, o início da 2012/2013 foi tão conturbado quanto a anterior e novamente com troca de treinador. Rafael Benitez veio, os Blues perderam a Community Shield, o Mundial de Clubes, a Capital One Cup e a FA Cup. Mas apesar de tudo, a equipe chegou a final da Uefa Europa League, e mesmo sem o craque da equipe (Eden Hazard), a equipe se sagrou campeã, com uma grande defesa de Cech já nos últimos minutos de jogo, evitando a virada benfiquista.

Petr Cech já conquistou vários títulos ao longo da carreira – incluindo o de melhor goleiro do mundo no ano de 2005. Passou por todos os extremos que um atleta pode passar na carreira, e sempre esteve lá quando a equipe precisou. Passando esta linha do tempo, percebe-se que Cech está nos melhores momentos do clube desde que chegou a equipe. Ou podemos dizer que esses momentos só aconteceram, também, graças a ele?
Em junho de 2015 se completarão onze anos de clube. Realmente vamos deixar um ídolo sair de sua casa, de sua meta?
Só falta um prêmio para Petr; o de melhor baterista:
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil