Desde que o Chelsea adentrou na “Era Abramovich”, o clube ficou conhecido pelas negociações multimilionárias que levaram craques, e outros não tão craques assim, a Stamford Bridge. Mas os Blues, principalmente nos últimos anos, tem sido grandes vendedores, trazendo altos lucros para o clube. Desde a implantação do Fair Play Financeiro da UEFA, o Chelsea deixou de gastar tanto e, quando o faz, consegue vender jogadores que financiam outros.
Nesse sentido, o Squawka, site de futebol inglês com estatísticas de diversas ligas, publicou uma lista. Aproveitando os especiais Top 10 que o Chelsea Brasil tem feito nas últimas semanas, resolvemos trazer uma adaptação da lista de 10 negociações que provam que o Chelsea sabe como vender bem. E, para sua surpresa, há aqui alguns altos lucros também do início da “Era Abramovich”.
1- David Luiz: O maior de todos: contratado junto ao Benfica por 21.3 milhões de libras e vendido por 50 para o PSG, lucro de 28.7 milhões de libras
Contratado durante a gestão de Carlo Ancelotti, em janeiro de 2011, o zagueiro foi contratado tendo como parte do pagamento o volante Nemanja Matic, que posteriormente deixaria o Benfica para voltar ao próprio Chelsea.
Seus primeiros dois anos e meio no Chelsea foram de sucessos, com o zagueiro tendo papel direto e importante na conquista da UEFA Champions League de 2011/2012 e na Liga Europa de 2012/2013. O brasileiro também conquistou uma FA Cup e era considerado um dos mais queridos jogadores, tanto por torcedores quanto pelo elenco.
Contudo, o defensor sofria algumas críticas por seu posicionamento e subidas ao ataque, que ficaram ainda mais evidentes desde a chegada de José Mourinho, fazendo com que Luiz passasse de referência à reserva de Cahill em poucos meses da gestão do português, que preferia utilizá-lo como volante, por não ter confiança em deixá-lo na última linha.
Porém, mesmo como reserva, o zagueiro acabou sendo negociado por valor ainda hoje recorde para um zagueiro: 50 milhões de libras. E se a torcida gostava dele antes, gosta ainda mais hoje, que foi sua venda financiou as chegadas de Cesc Fàbregas e Diego Costa a Stamford Bridge.
Para muitos torcedores azuis, este foi o melhor negócio da história do clube: 50 milhões de libras por um reserva inconsistente. Poucas semanas após sua venda ele teria aquela “grande” atuação com a camisa da Seleção Brasileira contra a Alemanha. Será que Mourinho se arrepende?
2- Juan Mata: contratado junto ao Valência por 23.5 milhões de libras, vendido por 37 para Manchester United. Lucro de 13.6 milhões de libras
Quando Mourinho voltou para o Chelsea em 2013, Mata era, sem dúvida, um favorito da torcida, tendo ganho duas vezes seguidas o prêmio de Jogador do Ano do Chelsea. No entanto, como todos sabemos, quando um jogador não agrada Mourinho, ele não faz esforço para mantê-lo. E sob o comando do português, Mata rapidamente tornou-se reserva na temporada 2013-14.
Tendo completado 90 minutos apenas duas vezes em 13 jogos sob o comando de Mourinho, Mata foi considerado negociável e vendido a pedido de David Moyes para o Manchester United em janeiro de 2014 por 37.1 milhões de libras, gerando um lucro de 13.6 milhões aos cofres azuis.
Embora Mata tenha tido um desempenho regular desde que chegou ao Manchester, não conseguiu repetir o grande futebol e protagonismo dos temos de Chelsea. E além disso, o clube azul se saiu muito bem sem ele, erguendo a taça da Premier League e da Copa da Liga na temporada passada, com Eden Hazard, Willian e Oscar fazendo as suas vezes no ataque e no meio-campo dos Blues.
3- Kevin De Bruyne: comprado junto ao Genk por 6.7 milhões de libras, vendido ao Wolfsburg for 16.7, lucro de 10 milhões de libras
Este poderia ter sido um dos melhores negócios de todos os tempos, mas acabou sendo apenas um lucro de 10 milhões de libras. Contratado jovem junto ao Genk em 2012, como Thibaut Courtois, por um valor irrisório, o meia belga se tornou um dos principais armadores da Europa, com times atualmente dispostos a quebrar a barreira dos 40 milhões de libras por ele. Infelizmente, este futebol não teve a chance de ser demonstrado no Chelsea.
Antes mesmo que De Bruyne tivesse a chance de demonstrar seu futebol no Chelsea, após retornar de uma temporada emprestado ao Werder Bremen e amargar meia temporada na reserva do Chelsea, o belga foi vendido. Na época parecia um bom negócio lucrar com o atleta, mas o tempo mostrou que teria sido melhor dar chances a ele no meio de campo dos Blues, que sofreu com a falta de opções para o setor.
Na última temporada, na Alemanha, o jogador alcançou a marca de 20 assistências, liderando o continente no quesito. Foi um raro mau negócio de Mourinho deixá-lo sair, mas pelo menos ele rendeu 10 milhões de libras de lucro aos cofres do clube.
4- Romelu Lukaku: contratado junto ao Anderlecht por 20 milhões de libras, vendido para o Everton por 28, lucro de oito milhões de libras
Outra belga que não conseguiu fazer um impacto muito grande no time o Chelsea. Assim como seu colega de seleção, De Bruyne, Lukaku se valorizou fora dos Blues, jogando por West Bromwich e Everton. Pelos Blues disputou apenas 16 partidas, sem marcar sequer um gol.
O belga destacou-se nos outros clubes ingleses, onde se mostrou um atacante de bom desempenho, a ponto do Everton se disponibilizar a quebrar o recorde de maior contratação da história do clube, para dar ao Chelsea um lucro de 8 milhões de libras. 28 milhões recebidos por um atacante que não conseguiu marcar um gol sequer no clube? Sim, obrigado! Não são muitos os clubes que podem se vangloriar deste tipo de negócio.
5- Petr Cech: contratado junto ao Rennes por sete milhões de libras e vendido por 10 ao Arsenal. Lucro de três milhões de libras após 10 anos, nada mal
O goleiro foi uma grande barganha quando comprado. Sete milhões de libras por um goleiro que durante 10 anos foi um dos melhores do mundo vestindo a camisa do Chelsea. Grande negócio, por alguém que levantou praticamente tudo que disputou, uma lenda. Contudo, recentemente, após muito especulação, veio o momento de se despedir de Cech, mas não era possível deixar o goleiro sair com apenas um “tchau e benção”.
Com apenas mais um ano de contrato com o Chelsea, era a hora de negociá-lo para que não saísse de graça no final da temporada e por um jogador de 33 anos, que deu tanto para o clube, conseguir 10 milhões de libras é algo fenomenal.
É claro que concordamos todos que ele vale, pelo menos, o dobro disso, e sabemos que haviam propostas muito mais altas por ele, mas Abramovich e Mourinho decidiram por atender a um pedido pessoal de Cech para continuar em em Londres, então 10 milhões de libras foi o que deu para conseguir.
Mesmo assim, após tudo que Cech fez pelo clube, mesmo que deixasse o clube de graça já seria um lucro. Ainda assim, conseguir três milhões de libras acima do valor pago por ele após 10 anos de serviços, não é algo que se vê todo dia. Um jogador nesta idade normalmente já não vale metade de seu valor no auge, mas o Chelsea conseguiu lucrar sobre o nosso ex-camisa 1.
6- Wayne Bridge: contratado junto ao Southampton por sete milhões de libras, vendido por 12 ao Manchester City, lucro de cinco milhões de libras
Só o lucro feito já valia mais do que o jogador merecia. Wayne Bridge pode até ter jogado na Seleção Inglesa, mas nunca foi um grande lateral, menos ainda para alguém imaginar que o Chelsea fosse praticamente dobrar seu valor de mercado. Mas conseguiram, vá entender.
O jogador nunca conseguiu se firmar na lateral-esquerda dos Blues e chegou a ser emprestado por Mourinho, em sua primeira passagem. Ashley Cole era o dono incontestável da posição.
O Chelsea, a princípio, nem queria negociá-lo, por entendê-lo como um bom reserva, mas depois do escândalo extra-conjugal de sua esposa com John Terry, o lateral pediu para se transferir. E quando todos imaginavam que ele sairia até de graça, o Chelsea fez uma venda surpreendente aos recém milionário Manchester City. 12 milhões de libras. Obrigado, City!
7- Arjen Robben: contratado do PSV por 12 milhões de libras, vendido para o Real Madrid por 21, lucro de nove milhões de libras
Como Cech, Robben foi uma das últimas contratações de Claudio Ranieri no Chelsea, mas assim como o goleiro, foi Mourinho quem aproveitou seu futebol. No entanto, mesmo jogando em alto nível, Robben sofria muito com lesões, que o acompanham até hoje.
Mas é inegável que Robben foi um grande sucesso e um dos jogadores mais importantes das equipes campeãs da Premier League em 04/05 e 05/06. Foi a presença do holandês e também do irlandês Damien Duff que permitiu aos Blues causar estragos nas defesas adversárias.
Todavia, suas lesões e as acusações de ser um jogador que tentava cavar muitas faltas, levaram o Chelsea a deixá-lo sair para o Santiago Bernabéu, em 2007. Assim a transferência ocorreu, provavelmente, por interesse de todos. E com o Chelsea praticamente duplicando o valor pago por ele, pode-se dizer o que o clube fez um grande negócio. Até porque Robben passou mais alguns anos sem render um grande futebol, só retornando a boa forma anos mais tarde, já pelo Bayern de Munique.
8- Eidur Gudjohnsen: contratado do Bolton por quatro milhões de libras, vendido para o Barcelona por oito, lucro de quatro milhões de libras
O único jogador na nossa lista a ter chegado antes dos milhões de Abramovich, o atacante chegou do Bolton em 2000. Durante seis anos no Chelsea, Gudjohnsen foi um sucesso. Inicialmente, ele iniciou uma parceria formidável no ataque com Jimmy Floyd Hasselbaink, que levou os Blues para a Liga dos Campeões na temporada 2002-03, antes mesmo de Abramovich.
E mesmo com a chegada de Didier Drogba em 2004, Gudjohnsen ainda desempenhou um papel importante durante o título da Premier League de 2004/2005, marcando 12 gols em 37 jogos. O surgimento de Drogba como uma ameaça mais consistente no ataque, na temporada seguinte, no entanto, fez com que as chances de Gudjohnsen se limitassem e o atacante acabou também por ter um despenho abaixo da média em sua última temporada vestindo azul.
Assim, sua mudança para o Barcelona, em 2006, foi um daqueles negócios raros que pegaram a todos de surpresa. Imaginava-se, na época, que Gudjohnsen iria se transferir a um time menor na Premier League, mas o atacante acabou indo, acredite você ou não, ao Barcelona e ainda adicionou mais alguns troféus para sua coleção durante seu período na Catalunha, como a Liga dos Campeões de 2008/2009.
E pelo islandês, o Chelsea conseguiu oito milhões de libras, ou seja, dobrou seu valor.
9- Tal Ben Haim: veio do Bolton de graça, saiu para o Manchester City por cinco milhões de libras
Ben Haim foi uma aposta de Mourinho que não deu certo. Foi um fracasso completo. O jogador parecia que nem era um profissional quando entrava em campo. Tudo bem que o zagueiro contava com a concorrência de John Terry, Ricardo Carvalho e do então recém-chegado Alex, o zagueiro da patada atômica.
Mas em sua única temporada em Stamford Bridge, o israelense contou com várias contusões de seus concorrentes e jogou 13 jogos, com atuações muito abaixo da média, o que acabou por fazer sua transferência para o Manchester City, ao final da temporada 2007/2008, por 5 milhões de libras, causar espanto em muita gente. Obrigado de novo, City.
10- Steve Sidwell: veio do Reading de graça, saiu para o Aston Villa por cinco milhões de libras
O volante chegou junto com Ben Haim, e também de graça, após se destacar pelo Reading na temporada anterior. O inglês é meio campo defensivo, mas por algum motivo que só Deus entende, pegou a camisa 9 que, pasmem, tinha sido de um zagueiro na temporada anterior. Pois é, o Chelsea também tem das suas bizarrices.
O volante concorria com ninguém menos que Frank Lampard, Michael Essien no seu auge e Claude Makélélé que praticamente não fez uma partida ruim na vida. Mas mesmo assim jogou 15 partidas e não demonstrou um futebol bom o suficiente para vestir a camisa do Chelsea.
Mas ele não era de todo um mau jogador, pelo contrário, sempre serviu bem clubes menores, então ter deixado o Chelsea por cinco milhões de libras é um valor justo, mas também um bom lucro, se você pensar que chegou de graça.
