Blog: O Fair Play Financeiro e os rumores da imprensa

O Chelsea tem sido um dos principais cumpridores do FFP da UEFA (Foto: Chelsea FC)
O Chelsea tem sido um dos principais cumpridores do FFP da UEFA (Foto: Chelsea FC)

Com o fim de ano se aproximando a passos largos – e foi um ano que passou voando mais que Schürrle não? –, se aproxima também a janela de transferências de janeiro, período em que os clubes procuram preencher carências demonstradas na primeira metade da temporada e reforçar ainda mais seus elencos.

E cada vez que se aproxima uma janela de transferências, surgem as mais inúmeras especulações acerca do futuro deste ou daquele jogador, e mais ainda surgem burburinhos quanto a onde os times irão gastar seu dinheiro. E em se tratando de especulações, a Inglaterra é o país campeão.

Grandes clubes como Chelsea, Arsenal e os rivais de Manchester são colocados a cada minuto no noticiário, sobre a suspeita de que eles estariam atrás de grandes jogadores, que seriam contratados por altíssimas cifras. E a cada seis meses o Chelsea é sempre a instituição mais vinculada a estas “fofocas” da mídia britânica. Para explicar o fenômeno, é preciso voltar 11 anos no tempo. É preciso voltar à chegada de Roman Abramovich aos Blues.

Com a compra do Chelsea pelo russo, os primeiros anos da equipe foram de excessivos gastos, a fim de construir um grupo que fosse competitivo o suficiente para ganhar os títulos pretendidos. Na primeira temporada (2003/2004) foram gastos 121 milhões de libras. Na segunda, 95 milhões; e na terceira, 50. Somando os dez primeiros anos da Era Abramovich, foram 642 milhões de libras gastos em transferências. Sendo que nas temporadas 2010/2011, 2011/2012 e 2012/13 foram gastos 252 milhões, em contratações

Isto fez, é claro, com que a imprensa inglesa percebesse que vincular cifras astronômicas ao Chelsea é uma boa desculpa para vender jornais – e vender jornais é uma das coisas preferidas na Inglaterra, independente do fato ser verdade ou não.

Porém, o que a imprensa britânica parece não ter entendido, é que atualmente a politica dos Blues é significativamente diferente daquela praticada ao longo da última década. E isto se dá pelo comprometimento definitivo e sério do clube com o Financial Fair Play da UEFA, que nada mais é do que uma política fiscal que limita que os clubes gastem valores significativamente maiores do que suas receitas, sob pena de multa, perda de pontos ou até eliminações em competições europeias e domésticas.

Surpreendentemente ou não, o Chelsea tem seguido esta politica à risca, e prova disto é que recentemente foi anunciado lucro recorde na última temporada, sendo o segundo ano de lucros nos últimos três. Outra prova foram as significativas vendas de jogadores ao longo dos últimos doze meses, com fim de financiar a contratação de outros, provando a responsabilidade fiscal do clube.

Chegaram Diego Costa, Fàbregas, Matic, Remy, Filipe Luís e Salah, por valor agregado de 106 milhões de libras. Valor alto, claro, mas não tanto se pensarmos que as vendas de David Luiz, Romelu Lukaku, Mata e De Bruyne renderam aos cofres 126 milhões. Ou seja, fazendo uma matemática simples, os Blues gastaram menos do que receberam. É um lucro de 20 milhões apenas com estas transferências; sem falar em Demba Ba, Saville e Van Aanholt, que renderam outros 7,5 milhões aos cofres azuis.

Mesmo com todas estas evidências, a imprensa inglesa continua tentando vender jornais com a imagem de um Chelsea gastador. Nas últimas semanas foram vinculadas várias e várias especulações envolvendo o clube, nas mais variadas posições e com os mais variados valores.

A mais recente é de que o atacante Doumbia, do CSKA Moscou, seria contratado por 25 milhões de libras – valendo lembrar que temos três bons atacantes no elenco. Outros nomes foram: a improvável, senão impossível, contratação de Gareth Bale, por 150 milhões de libras; Ross Barkley, do Everton, por 60 milhões de libras; Raphael Varane por 20 milhões de libras; Gerard Pique, por 23; Anderson Talisca por 36 milhões; Koke, do Atlético de Madrid, por 48 milhões de libras; Marco Reus por um valor próximo aos 35 milhões de libras; Laporte, do Athletic Bilbao, por 32 milhões; Hummels por 47 milhões de libras; Pogba por 60 milhões de libras; e Xherdan Shaquiri por 20 milhões.

Bale e Reus foram vinculados recentemente aos Blues (Fotos: Getty Images)
Bale e Reus foram vinculados na imprensa como alvos recentes dos Blues (Fotos: Getty Images)

E a lista continua. Mas, se juntarmos todos os valores apenas destes nomes, vinculados na imprensa ao longo das duas últimas semanas, o Chelsea estaria próximo de gastar incríveis 556 milhões de libras. Curioso notar que muitos destes nomes são dados como contratações certas, mesmo se tratando de jogadores que ocupam posições onde o Chelsea não demonstra ter a mínima carência, como é o caso de volantes, armadores e centroavantes.

Isto sem mencionar o incrível rumor de que Lionel Messi iria para o Chelsea pela cifra recorde de 200 milhões de euros, sendo que, segundo o rumor, a empresa alemã Adidas, que produz material esportivo, e que patrocina tanto o atleta quanto o clube, pagaria metade desde valor, com os Blues desembolsando os outros 100 milhões. Difícil acreditar…

O único rumor que parece mais razoável, e que animou a torcida dos Blues, seria a troca de Schürrle mais 20 milhões de libras por Marco Reus. E é razoável pois envolve a troca de um jogador e um gasto mais ou menos dentro do previsto para o clube dispor nesta janela. Uma prática responsável, do ponto de vista fiscal e esportivo.

E esta é exatamente a questão a ser notada. Como dito, o Chelsea pratica de forma firme e consciente a politica do Financial Fair Play da UEFA e, nos últimos tempos, tem se mostrado pouco propenso a repetir uma compra irresponsável, como foi a de Fernando Torres em 2011, por 50 milhões de libras.

Os Blues ainda gastam, mas gastam de forma consciente e dentro dos limites do orçamento do clube. Por isso é importante para nós, torcedores, percebermos que os tempos são outros. Que as políticas financeiras do clube mudaram, evoluíram, e para melhor, já que continuamos qualificando o elenco, porém agora de forma responsável.

Um clube com a política que o Chelsea tenta imprimir, não irá gastar 60 milhões por Barkley, ou 150 por Bale. Isto iria contra todos os princípios adotados nos últimos anos pelos Blues e jogaria por terra todos os esforços e ajustes feitos para tornar o clube uma instituição responsável fiscalmente. Além de que gastos assim deixariam o Chelsea em maus lençóis perante a UEFA, a FA, e até mesmo em relação aos seus torcedores e opinião pública, que tanto tem elogiado os Blues por suas práticas.

Claro que todo torcedor do Chelsea gostaria de ver o clube indo atrás das maiores estrelas do mundo, como Messi e Bale, ou promessas como Barkley e Pogba. E o clube tem feito isso, se pensarmos bem, como com as contratações de Hazard e Oscar, e de Costa e Fàbregas. Mas esperar contratações astronômicas, por valores recordes, é apenas uma ilusão agora, e uma ilusão sem motivo para acharmos que é boa. O Chelsea continuará forte e crescendo, mas de outras formas.

Uma das políticas implementadas junto com o FFP é o aumento de receitas de outras fontes, e neste quesito, o Chelsea é um clube de vanguarda, firmando parcerias inovadoras, investindo em ampliação de mercado e divulgação da marca. Isto, num futuro próximo, até propiciará ao Chelsea contratar, talvez, um atleta por 60, 80 milhões de euros, mas sem sair de seus limites orçamentários. Ou seja, o clube está sendo fortalecido de forma responsável.

Como torcedores dos Blues, temos é que ficar felizes com as práticas que o clube tem feito, pois somos considerados exemplo para o resto da Europa. E para isso, não foi preciso diminuir nosso poder de brigar por títulos, nem a qualidade do elenco, muito pelo contrário: todos concordamos que temos uma esquadra melhor do que a da última temporada. O fato é que o Chelsea Football Club não enfraquece com estas práticas, ele mais do que nunca se reforça como clube e se coloca nos trilhos para ser ainda mais um dos maiores do mundo, e o maior da Inglaterra.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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