John Terry não é só um grande jogador do Chelsea, ele é, talvez, o maior ídolo da história do clube. Não, não há exagero nenhum nesta afirmação. Ele tem em si todos os elementos para isso e, mais do que nunca, tem feito tudo para merecer este posto, mesmo aos 34 anos de idade. Ele é cria da casa e capitão há mais de dez anos, levantou inúmeros títulos e ainda hoje esbanja categoria.
Surgido nas categorias de base do clube, Terry passou a integrar o elenco principal do Chelsea em 1998, ainda antes de completar os 18 anos de idade. De lá para cá, tirando um empréstimo de 3 meses ao Notthingham Forest em 2000, só vestiu azul e, na maior parte do tempo, foi o capitão do clube.
Com a braçadeira, ele ergueu 15 títulos. Além disso, ainda ganhou uma FA Cup em 1999-2000, quando ainda era apenas uma grande promessa, no banco de reservas do clube. Dentre as taças levantadas pelo capitão, estão quatro da Premier League e a tão aclamada da UEFA Champions League, conquistada em 2011-2012.
Contudo, foi logo após a conquista do maior título da história do clube que Terry viveu seu pior momento. Na temporada seguinte, sob o comando de Rafa “Interino” Benítez, o zagueiro chegou a ser deixado no banco de reservas em várias oportunidades, com o técnico criticando seu futebol e insinuando que seus melhores dias já haviam passado. À época, a imprensa até cogitou que Terry poderia deixar o Chelsea, ao final da temporada.
Com média de 30,2 jogos por temporada na Premier League (torneio com 38 partidas), nas últimas 15 temporadas, John Terry entrou em campo em apenas 14 na campanha de 2012-2013. Um queda brusca para alguém que já havia sido eleito o melhor jogador da temporada na Inglaterra.
Porém, passadas duas temporadas, o zagueiro não só provou que não havia perdido a velha forma (e que as críticas sobre ele eram injustas) como fez, para muitos especialistas e torcedores, a sua melhor temporada com a camisa azul.
Isso pode parecer absurdo, se pensarmos que em 2004-2005 o beque foi eleito o melhor jogador da Premier League, ou que ele venceu também o prêmio de melhor zagueiro da Europa, oferecido pela UEFA, em 2005, 2008 e 2009. Mas é a mais pura verdade. 2014-2015 pode muito bem ter sido a melhor temporada de Terry no Chelsea. Aos 34 anos.
O zagueiro disputou todos os jogos da Premier League e beirou a casa dos 50 encontros na temporada, mesmo não sendo nenhum garoto. No período, Terry teve uma média de três chances claras de gol destruídas por partida e conseguiu também a média de apenas meia falta (0,3 na Premier League) por partida durante toda a temporada. Ou seja: mais do que nunca, o zagueiro conseguiu parar os ataques adversários sem utilizar o recurso faltoso com frequência. Foram apenas quatro cartões amarelos e nenhum vermelho em 38 partidas da Premier League. Fantástico!
Terry levou apenas 0,2 dribles por partida, em média, e conseguiu roubar praticamente nove bolas por partida em média, números melhores do que os de zagueiros mais jovens e badalados do futebol mundial.
Em duelos aéreos, na Premier League, o capitão teve uma taxa de 72% de sucesso, demonstrando sua dominância tanto pelo chão quanto pelo alto e, com isso, provando seu grande momento técnico e sua ótima forma, já que seus números são mais do que positivos também em aspectos físicos do jogo, como divididas (venceu 1,6 a cada duas tentadas) e bolas aéreas, com dito.
Além dos grandes números defensivos, Terry tem bons números com a bola nos pés e decidindo o jogo, ofensivamente. O beque apresenta 90,1% de média de acerto de passes, e uma média de 45 tentados por jogo, além de oito gols na temporada, o dobro ou mais do que o número de gols marcados por atletas como Ángel Di María, Falcao García ou Mario Balotelli. O zagueiro ainda deu duas assistências na temporada, além de acertar 1,6 lançamentos longos por partida.
Os números são incríveis, mas, maior do que isso, é o sentimento que ele transmitiu para o time e para os torcedores ao longo da temporada. Terry esbanjou confiança e calma durante toda a campanha e mais do que um zagueiro seguro, foi um dos principais defensores mundiais em 2014-2015. Foi dificílimo passar por ele. Em momentos decisivos, chamou a responsabilidade e, ademais, vibrou mais do que ninguém em todos os momentos.
Sua experiência e tranquilidade são tamanhas que potencializaram o desempenho de Gary Cahill, beque que também conseguiu uma aparição no time da temporada da Premier League, com seu nível aumentado impressionantemente após jogar ao lado do maior zagueiro inglês da atualidade.
Terry tanto é o melhor defensor britânico que a imprensa clamou por seu retorno aos Three Lions, mesmo depois de já ter anunciado sua aposentadoria, há três anos.
É claro que Eden Hazard foi o jogador da temporada, com seus dribles, gols e jogadas de efeito, que deixaram defesas desmontadas e desarmadas, mas, sem dúvida alguma, John Terry poderia muito bem, sem causar espanto, ter levado o prêmio. 2014-2015 foi uma monumental temporada do defensor, que depois de esquentar o banco de reservas com Benítez, voltou a brilhar e ser o líder em campo e fora dele com José Mourinho.
Na última temporada, Terry foi mais do que apenas um jogador experiente e uma referência para o elenco, como foi Didier Drogba. No auge de seus 34 anos, o nosso capitão ainda é um dos melhores e mas capacitados zagueiros do mundo. Vida longa ao 26!
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.