Colunas: Descrença

O maior exemplo de talento desperdiçado pelo Chelsea nas últimas temporadas (Foto: Getty Images)

O Chelsea faz, provavelmente, um trabalho de base superior a qualquer outra equipe na Inglaterra (quiçá no mundo), mas acaba boicotando-o. E isso pode ser visto com maiores detalhes no texto da colega Bárbara Cavalcanti, sobre a ausência de pratas da casa no time principal. Apesar de ser um pouco direcionada a esse assunto, a minha coluna de estreia (prazer, Gabriel Belo, seu novo parceiro das quartas-feiras) tem um foco diferente.

O torcedor blue parece não querer confiar em seu elenco, nas suas revelações, nos seus jogadores que retornam de empréstimo. Esse argumento fica ainda mais claro quando estamos durante uma janela de transferências. Basta algum jovem talento ter algum brilhareco em qualquer que seja a Liga e pronto: precisamos desse jogador. Isso acontece com os torcedores brasileiros, ingleses, e a imprensa no geral. Motivados por especulações quase sempre sem sentido (alô Messi), muitos diminuem o que temos no elenco, ou simplesmente esquecem dos 25 jogadores que o Chelsea tem emprestados para outros clubes e que um dia podem render bastante.

Essa regra não se aplica somente ao Chelsea, longe disso, mas não deveria ser tão comum. É louvável o que Mourinho vem fazendo desde a temporada passada com relação a gastança. Só há contratação em caso de reposição. O elenco acaba mudando pouco e, quando as peças se encaixam, as coisas dão muito certo. E até por isso somos líderes da Premier League com 5 pontos de vantagem. Pensar que Cesc Fàbregas, Diego Costa e Matic foram contratados praticamente sem precisar abrir os cofres, por conta das vendas de Mata (hoje coadjuvante no Manchester United) e David Luiz (questionada figura do 7 a 1) é louvável.

A mudança de mentalidade que Mourinho teve precisa chegar ao maior número de pessoas possíveis. No entanto, até o nosso querido professor erra. Lembra quando citei os jogadores que retornam de empréstimo, logo acima? Creio que o exemplo mais enigmático seja o de Kevin De Bruyne.

Após boa temporada no Werder Bremen, o jovem belga retornou de empréstimo disposto a ajudar o Chelsea, mas nunca ganhou os minutos necessários. E se ele tivesse sido contratado por 30 milhões de euros ao invés de ser uma aposta que se destacou em outro clube e se tornou um reforço “gratuito?” A história, obviamente, seria bem diferente. Enfim, voltando a focar no garoto loiro/albino: passado algum tempo da sua venda para o Wolfsburg, De Bruyne hoje desponta como o segundo jogador com mais passes para gol na Europa (apenas atrás de Fàbregas). É desejado por gigantes, e parece ter um futuro brilhante. Caso tivesse ganho mais oportunidades na temporada passada e demonstrado o potencial que vem mostrando, será que seria necessário contratar Fàbregas? Será que não teríamos tido um futebol de maior qualidade com ele na vaga de Ramires em 2013/14? Fica a questão, mas as respostas parecem óbvias.

Também existe o exemplo de Lukaku, queimado por conta de um pênalti perdido em um amistoso de luxo. Thorgan Hazard, Bertrand e Bamford também vem se destacando em seus clubes, e outros já pensam em contratá-los em definitivo. Não é difícil segurar, mas é provável que essa não seja a vontade do Chelsea. Descrença no que é nosso.

E o que falar de Courtois? Ele praticamente não teve paz no início de temporada. Qualquer gol, por mais que ele não tivesse culpa nenhuma, caía na conta dele. As críticas vinham como se o arqueiro tivesse uma qualidade semelhante a de Fernando Henrique, ex-Fluminense. Agora, com os jogos diante do Liverpool pela Capital One Cup, é imaginável que ele não precise provar que é um dos melhores goleiros do mundo.

O fato é: precisamos acreditar no que temos. Com um mercado cada vez mais inflacionado (obrigado, Real Madrid), ir as compras não é mais tão simples, visto que qualquer negociação com um jogador médio acaba saindo a preço de estrela (11 milhões de libras em Salah, para substituir De Bruyne, lembram? Parabéns aos envolvidos). Vamos confiar em Cahill, Azpilicueta, Willian, Remy e outros alvos comuns. Somos líderes da liga mais forte do mundo e isso significa muito. O título da Champions League não está tão distante assim.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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