A história do Chelsea em competições europeias é curta, mas atualmente ter adversários alemães se tornou rotina na trajetória dos Blues, até porque nos dois últimos sorteios da UEFA Champions League os Blues acabaram ficando no grupo G, no qual o Schalke 04 também acabou sorteado. A rotina de ter confrontos com os clubes germânicos pode até parecer da atualidade, mas na verdade os confrontos não são tão recentes.
Em números gerais, o Chelsea tem 13 jogos disputados contra adversários alemães pelas competições europeias, vencendo seis, empatando cinco e perdendo apenas duas vezes. Considerando que a conquista da Liga dos Campeões de 2011/2012 foi nos pênaltis, e não no tempo normal, contando a partida como um empate, a exemplo da Supercopa Europeia.
Quando se fala sobre esses confrontos, a maioria dos blues acabam se lembrando da partida na final da competição mais importante da Europa, onde o Chelsea se consagrou campeão após uma partida emocionante, porém mesmo o Bayern de Munique sendo a maior potência da Alemanha, não foram eles que mais nos enfrentaram nas principais competições europeias, e sim o Schalke 04.
O Chelsea Brasil resolveu fazer uma retrospectiva sobre os principais confrontos do Chelsea com as equipes germânicas, e se prepare caro leitor, para muita paciência, abalo e emoção. Começando a falar pelo Schalke 04, principalmente por ser o nosso adversário na próxima rodada da UEFA Champions League.
Os confrontos contra Schalke 04 não foram marcados por serem grandes jogos, pois na maioria das vezes a equipe do Chelsea sempre foi soberana, ou a própria equipe rival era consideravelmente fraca, tornando o jogo mais fácil. Os Blues já enfrentaram o Schalke 04 cinco vezes, conseguindo vencer três vezes e empatando duas vezes.
Mesmo com esse histórico superior em tese, o primeiro jogo da UEFA Champions League desta temporada surpreendeu muitos torcedores de ambas as equipes. Antes da partida, muitas pessoas consideravam o Chelsea favorito para vencer, até porque o histórico da equipe na temporada estava perfeito, e acreditava-se na superioridade por os azuis Londres jogarem em casa.
O Chelsea começou superior na partida, e abriu o placar logo após os 15 minutos do primeiro tempo, com Cesc Fàbregas. Após abrir o placar, o time de José Mourinho começou a sofrer pressão do Schalke, e logo no início do segundo tempo, a equipe alemã empatou com Klaas-Jan Huntelaar, que depois de várias tentativas conseguiu ajudar a sua equipe. O final da partida teve muita emoção e repleto de chances para ambas as equipes, mas o Chelsea foi o time que quase chegou a ficar na frente novamente, porém os atacantes não conseguiram tornar as oportunidades em gols, e assim a partida terminou.
Você pode ver o gol de Cesc Fàbregas abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=WJSK8S9JmL4&
Outro adversário alemão recente do Chelsea na UEFA Champions League é o Bayer Leverkusen. Foram apenas duas partidas disputadas, mas não muito fáceis, com uma vitória para cada lado. Em uma dessas duas partidas, a equipe alemã venceu por 2 a 1 o Chelsea, em Leverkusen, que foi um jogo bastante pegado que infelizmente os Blues não conseguiram vencer, mas também teve uma vitória do Chelsea na mesma temporada no jogo de ida, em Stamford Bridge, por 2 a 0.
Ambas as partidas ocorreram na temporada 2011/2012, na qual o Chelsea se tornou campeão pela primeira vez da UEFA Champions League, e eram válidas pela fase de grupos. O Chelsea chegava como favorito, pois jogava em casa e tinha um time tecnicamente melhor, mas os Blues só conseguiram abrir o placar no segundo tempo em uma jogada individual de David Luiz, que estava dando uma de atacante e acabou conseguindo abrir o placar com um chute cruzado.
Após ficar na frente, o Chelsea novamente começou a deixar o Leverkusen atacar, e com isso a equipe alemã teve inúmeras chances, mas de tanto pressionar, acabou deixando a defesa aberta e em um contra-ataque mortal, Fernando Torres passou por um defensor do Bayer e tocou para Juan Mata de frente pro gol, que não desperdiçou a chance e fez o dele concretizando a vitória dos azuis de Londres.
O jogo também foi marcado pelo reencontro de Michael Ballack com o Chelsea no Stamford Bridge, no qual o nosso ex-meia saiu derrotado. O meio-campista alemão, inclusive, quase marcou e foi muito aplaudido no seu reencontro com a torcida do Chelsea, clube pelo qual jogou entre 2006 e 2010 e conquistou um Campeonato Inglês e três Copas da Inglaterra.
Veja abaixo os dois gols da partida:
http://www.youtube.com/watch?v=H-jsHdaP5nQ
Agora chegamos no momento mais prazeroso de se falar sobre confrontos contra os alemães, e dessa vez é sobre o Bayern de Munique. Chelsea e Bayern já se enfrentaram quatro vezes, sendo três jogos pela Liga dos Campeões e uma pela Supercopa Europeia, ambos os times com uma vitória cada, e dois empates no confronto.
O confronto mais recente entre os Blues e os bávaros foi na temporada passada pela Supercopa Europeia, na qual nos pênaltis a equipe de Munique saiu vitoriosa.
O jogo começou bem disputado, e Torres balançou as redes logo aos sete minutos: num contra-ataque puxado por Hazard, El Niño aproveitou cruzamento rasteiro de Schürrle e bateu bonito, sem chance para Neuer. Se coletivamente o Bayern não funcionava, foi preciso apelar para a qualidade individual de sua principal arma. Aos dois minutos do segundo tempo, Ribéry acertou um belo chute de fora da área para deixar tudo igual. Ao longo da partida, o Chelsea foi diminuindo a pressão e acabou deixando os bávaros ocuparem mais o ataque, fazendo os Blues jogarem no contra-ataque.
Sem muitas oportunidades, o Chelsea teve suas melhores chances em erros do Bayern ou em bola parada. Aos 18, Dante bobeou na saída de bola e foi desarmado por Schrrle, que tocou para Oscar. Entretanto, o brasileiro, livre na área, chutou em cima de Neuer. Depois, aos 33, Ivanovic acertou o travessão após cobrança de escanteio. No fim, o Bayern ainda ganhou mais terreno, depois que Ramires foi expulso aos 40 minutos, após levar o segundo cartão amarelo, por entrar de sola no tornozelo de Götze em uma dividida. Os germânicos voltaram a pressionar, mas não conseguiram evitar a prorrogação.
No tempo extra, o panorama não mudou: Bayern em cima e Chelsea no contra-ataque. E foi justamente numa transição rápida, marca registrada dos times de Mourinho, que os Blues voltaram a ficar na frente. Aos três minutos, David Luiz, muito bem na defesa, fez o corte, disparou pelo meio e achou um ótimo passe para Hazard. Pela esquerda, o meia belga passou fácil por Lahm e Boateng para chutar forte e vencer Neuer: 2 a 1 para o Chelsea. Cech, jogando em seu país natal, fez grandes defesas, mas não foi o suficiente para o fim ser novamente feliz para o técnico português. No último minuto, após levantamento na área, Dante ajeitou para Javi Martínez, que não perdoou e garantiu o empate.
Na disputa de pênaltis, os nove primeiros cobradores converteram. Pelo Bayern, Alaba, Kroos, Lahm, Ribéry e Shaqiri marcaram. No Chelsea, David Luiz, Oscar, Lampard e Cole balançaram as redes. No último chute, porém, o atacante Lukaku, que havia entrado no segundo tempo, bateu fraco, e Neuer infelizmente fez a defesa para garantir o título do Bayern de Munique.
Veja os lances da partida abaixo:
Falamos da parte ruim do histórico do confronto, mas agora vamos falar da parte que qualquer blue adora falar: a final da UEFA Champions League da temporada 2011/2012.
O Chelsea, enfim, conquistou a Europa. Foi sofrido, como toda a campanha, na base do sufoco, contrariando prognósticos, mas os ingleses bateram o Bayern de Munique, em plena Allianz Arena, e ganharam a Liga dos Campeões pela primeira vez. A vitória veio nos pênaltis, de virada, pelo placar de 4 a 3, após 1 a 1 nos 120 minutos de bola rolando. Robben, que desperdiçou uma cobrança da marca da cal na prorrogação, Olic e Schweinsteiger foram os vilões alemães, enquanto Didier Drogba e o goleiro Petr Cech, é claro, se consagraram no inédito título dos Blues.
Com a bola rolando, o Bayern começou mostrando que o discurso de cautela e de que o fator campo não faria a diferença usado durante a semana era da boca para fora. Desde os minutos iniciais, uma “blitz” foi armada no campo ofensivo, com Ribéry e Robben abertos nas pontas, Mario Gómez centralizado e Thomas Müller bem próximo da área. Ao Chelsea coube repetir a estratégia usada contra o Barcelona e deixar apenas Drogba à frente da linha da bola. A barreira em frente à área fazia com que o Bayern repetisse a estratégia mal-sucedida do Barcelona com chutes da entrada da área. Artilheiro da equipe na competição, com 12 gols, dois a menos que Messi, Gómez era acompanhado de perto por David Luiz, que fazia marcação individual.
Desfalcado e acuado, o Chelsea ainda era ousado nas saídas de contra-ataque, mas nem Bertrand nem Kalou conseguiram auxiliar Drogba como Ramires vinha fazendo. Sendo assim, a opção dos Blues nas poucas vezes em que tinha posse de bola era trocar passes no campo de defesa à espera de espaços para lançamentos. Mas o Bayern não os cedeu. Tanto que a primeira finalização inglesa aconteceu aos 34, em cobrança de falta de Juan Mata, por cima do gol.
A pressão do Bayern, entretanto, esbarrava em um fator que acompanhou o Chelsea nos últimos meses antes da final: a sorte. Como contra o Barcelona, na semifinal, e o Liverpool, na decisão da Copa da Inglaterra, tudo dava certo para os Blues, como no chute de Robben que Cech defendeu com os pés e a bola explodiu na trave, aos 20, ou nas finalizações sem direção de Gómez e Ribéry de um lado para o outro dentro da área.
Até então mais participativo na defesa do que no ataque, Drogba tentou resolver sozinho e assustou quatro minutos depois, em chute da intermediária. Àquela altura, porém, a torcida do Chelsea tinha mais motivos para se preocupar do que para comemorar. Tanto que a primeira explosão do lado azul aconteceu quando Roman Abramovich surgiu no telão do estádio.
Ribéry abandonou a ponta esquerda e passou a flutuar pelo campo causando problemas. A defesa dos Blues, por sua vez, era eficiente sempre no último corte. Nem mesmo a proximidade do fim da partida, porém, fez o Bayern tirar o pé do acelerador. E a recompensa veio a oito minutos do fim do tempo regulamentar. Aos 38, Kroos cortou para o meio e cruzou no segundo pau. A zaga do Chelsea ficou olhando a viagem alta da bola até chegar a Thomas Müller, que cabeceou esquisito para o chão e superou Cech.
A Allianz Arena entrou em erupção e começou a contagem regressiva para o título sonhado. No banco de reservas, atitude imediata de Di Matteo, que, finalmente, mandou o Chelsea para o ataque e chamou Fernando Torres. Jupp Heynckes tratou de segurar o resultado e trocou o “herói” Müller por Van Buyten.
Em jogada enrolada na linha de fundo, Torres conseguiu escanteio para Mata cobrar. O espanhol colocou a bola na medida no bico da pequena área. Drogba saltou mais do que Boateng e testou com uma força impressionante, empatando a partida por 1 a 1, em bola que Neuer poderia ter defendido. E mais 30 minutos de futebol seriam disputados em Munique.
Na prorrogação, a previsão natural era de um Chelsea mais ofensivo do que nos 90 minutos anteriores, por conta das entrada de Torres e Malouda. E foi o que aconteceu, mas somente por dois minutos. Bastou os Blues tentarem sair para o ataque para Ribéry aproveitar brecha na defesa, invadir a área e ser derrubado por Drogba. Isso mesmo, o marfinense, mais uma vez, ajudava a defesa de forma estabanada, como quando derrubou Fàbregas em pênalti perdido por Messi na semifinal.
Para sorte do atacante, a história da cobrança também se repetiu. Ex-Chelsea, Robben pegou a bola de frente paro o mar azul atrás do gol de Cech, correu, encheu o pé e… perdeu. Dessa vez, não foi preciso travessão, o próprio goleiro assumiu o papel de herói. O telão imediatamente mostrou a celebração de John Terry, pulando como legítimo torcedor, ao lado do goleiro Hilário na arquibancada.
Recuperado do baque do gol sofrido no fim e do pênalti perdido, o Bayern voltou com tudo para a segunda etapa, disposto a evitar novas penalidades. E se o Chelsea não conseguia mais atacar e a bola teimava em não entrar em seu gol, o título só poderia ser decidido de uma forma: a disputa por pênaltis.
Já na disputa de pênaltis, o Bayern de Munique iniciou de cobranças com Lahm, que com força, bateu no canto esquerdo de Cech e fez 1 a 0 para os bávaros. O espanhol Juan Mata foi para a primeira cobrança do Chelsea e acabou batendo mal para tranquila defesa de Neuer. Na sequência, Mario Gómez arrematou com força e aumentou a vantagem para os “donos da casa”. David Luiz, na segunda penalidade dos Blues, tomou muita distância e colocou no fundo das redes.
Para surpresa de todos, na terceira cobrança do Bayern, o goleirão Neuer se apresentou e não vacilou: 3 a 1. Lampard, depois, descontou com uma bomba no meio do gol. Olic foi para o quarto pênalti do Bayern e parou nas mãos de Cech. Na sequência, Ashley Cole igualou a série: 3 a 3.
Schweinsteiger foi para a última cobrança do Bayern e acabou com uma leve desviada de Cech que carimbou a bola na trave. Com isso, Drogba teve a missão de dar o título para os Blues. Friamente, colocou no canto, garantiu o título e enterrou de vez o fantasma da derrota nos pênaltis para o Manchester United em 2008. Foi uma partida histórica, e claro, emocionante.
Sinta a nostalgia vendo os melhores momentos e das disputa de pênalti nos vídeos abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=jrrVRjsv4js
Outro time que não foi citado, mas já disputou partidas com o Chelsea, foi o Werder Bremen. Ocorreram duas partidas oficias pela UEFA Champions League, onde cada time saiu com uma vitória, porém os confrontos não foram muito disputados, e tecnicamente fracos, por isso não lembramos o histórico desse confronto.
Falando em Werder Bremen, Franco Di Santo, ex-jogador do Chelsea, hoje atua no clube alemão.
Lembrando que o Chelsea ainda jogará o jogo de volta contra o Schalke 04 pela UEFA Champions League, aumentando o número de jogos disputados entre as equipes de cinco para seis.
A soberania numeral não é tão grande, mas esperamos que o Chelsea continue aumentando essa superioridade que nos fortalece, mesmo sabendo que números no futebol não são tão confiáveis. Que venha os alemães, ou melhor, o Schalke novamente.