Por: Kris de Lima e Maria Akemi
Chegamos a mais uma edição do Conheça o Ídolo. Nosso último homenageado foi o ex-jogador do Chelsea, Joe Cole. Esta semana, celebraremos a carreira de Special One. Nesse post, a equipe do Chelsea Brasil vai revisitar o início de carreira de José Mourinho, sua primeira passagem por Stamford Bridge, a saída e o retorno.
A decisão de Mourinho como personagem do quadro se dá pela contribuição do treinador português ao Chelsea. Treinador também é ídolo, apesar de não entrar em campo, o time não é nada sem um bom comandante.
Começo de Carreira
José Mourinho começou sua carreira atuando fora dos gramados no time português do Estrela Amadora. Na década de 1990, a primeira atividade exercida por Mourinho foi a de preparador físico, mas logo adiante se tornaria treinador adjunto. Fazendo parte de um grande trabalho, foi contratado pelo Sporting Clube para trabalhar junto com o técnico inglês, Bobby Robson.
Não demorou muito e Mourinho foi apelidado de “tradutor”, já que era ele quem repassava as instruções de Robson para os jogadores em campo. Como adjunto do inglês na equipe, Mourinho ganhou grande influência com a torcida da capital.
Depois do Sporting, o Special One voou para o rival Porto e também trabalhou algumas temporadas no Barcelona – sempre ao lado de Bobby Robson. O tempo vivido na Espanha fez com que Mourinho se tornasse conhecedor futebol espanhol, permanecendo no time catalão mesmo com a saída de Robson para o PSV. Dessa vez, Mourinho seria braço direito do holandês Louis Van Gaal. Sua confiança e profissionalismo agregavam-se cada vez mais a sua importância como treinador adjunto de Van Gaal, tanto nos treinos como na preparação dos jogos.
No começo do ano 2000, surge então um grande desafio e a primeira grande oportunidade de comandar uma equipe portuguesa. Para substituir Jupp Heynckes, Mourinho chega ao Benfica. Apesar de estrear com derrota, Special One começa a ganhar a simpatia da torcida, especialmente depois da vitória da sua equipe por 3×0 no clássico contra o Sporting.
Apesar do apoio e carinho da torcida, Mourinho deixou o clube no ano que a Manuel Vilarinho assumira o cargo de presidente. Após essa rápida passagem pelo Benfica, José trabalhou uma temporada no União de Leiria, onde acumulou algumas funções técnicas.
Em Janeiro de 2002, foi escolhido para assumir o comando do FC Porto. Logo na chegada, Mourinho mostrou sua personalidade e língua afiada ao declarar: “Na próxima temporada seremos campeões.” Dito e certo. Identificando seus jogadores-chaves como o goleiro Vitor Baia, Ricardo Carvalho, Deco e Hélder Postiga entre outros, seu time passou a ter mais rigor tático e determinação.
Em dois anos, duas competições européias e duas superligas foram vencidas pelos “Dragões”. Em 2003, Mourinho colocou em seu currículo um campeonato português, uma Taça de Portugal e a Taça UEFA. Mas sem dúvidas, seu maior triunfo no Porto foi a conquista inédita da Liga dos Campeões. Antes de vencer o Mônaco FC na final por 3×0, o time do Estádio do Dragão fez uma excelente campanha na competição só perdendo para o Real Madrid na fase de grupos e eliminou grandes equipes no mata-mata como o Manchester United e o Olympique de Lyon.
Sucesso no Chelsea
Enquanto alguns duvidaram que Mourinho pudesse ter sucesso fora da sua terra natal, sua fama e assédio foram crescendo no mundo do futebol, fazendo com que sua história se cruzasse com o Chelsea. Já na era Abramovich, Mourinho se tornara um dos treinadores mais bem pagos do mundo ao chegar em Londres. Juntamente com Special One, Baltemar Brito e André Villas-Boas também desembarcaram na Terra da Rainha para compor sua comissão técnica. Grandes jogadores também chegaram ao Chelsea: Tiago Mendes, Drogba e Robben estavam entre eles.
Nos anos seguintes a chegada de Mourinho, o Chelsea foi bem em diversas competições. Conquistas como a Copa da Liga (o primeiro troféu como treinador fora de Portugal) e da Premier League – pondo fim ao jejum de 50 anos sem títulos no Campeonato Inglês marcaram seu primeiro ano.
Foram anos vitoriosos em Londres, mas faltava o título da Champions League. E justamente após uma partida nessa competição, Mourinho e diretoria chegam a um acordo de rescisão em 2007. O retorno a Londres aconteceria alguns anos depois…
Pós-Chelsea: o sucesso continua
Demitido do Chelsea em setembro de 2007, Mourinho acertava com a Internazionale de Milão em junho de 2008. Com vínculo contratual de três anos, o treinador português assumiu o clube milanista no lugar de Roberto Mancini. Assim como no Chelsea, as contrações inicias não foram milionárias (Mancini, Muntari, Quaresma e Pelé somavam juntos, menos de 50 milhões).
Em sua primeira temporada, Mourinho se sagrou campeão nacional, apesar de insucessos na Champions League e Copa da Itália. Foram dois títulos: Supercopa da Itália e Campeonato Italiano. Além de colecionar títulos, Mourinho também criou inimizades com treinadores dos rivais: Carlo Ancelotti, Luciano Spalletti e Claudio Ranieri.
A temporada seguinte – 2009/2010 – foi o ano da tríplice coroa da Internazionale. Mourinho montou uma equipe forte, que sabia jogar de acordo com o rival, trouxe nomes como Wesley Sneijder, Diego Milito e Samuel Eto’o para sua equipe e conquistou o bicampeonato da Serie A, a Copa da Itália (ao derrotar o time da Roma) e a Champions League, ao vencer o Bayern Munich.
Ao final da temporada perfeita, Inter e Real Madrid chegaram a um acordo e Mourinho trocou a Itália pela Espanha (numa negociação que envolveu muito dinheiro para os italianos). Em Madrid, Mourinho carregou a rivalidade que havia criado com o Barcelona durante as semifinais da Champions League de 2009/2010.
O vínculo com os espanhóis era de quatro anos e logo no início, reforços de peso chegaram aos Galáticos: Kaká, Cristiano Ronaldo, Ricardo Carvalho e Angel Dí Maria. Logo de cara, Mourinho levou o time de Madrid à conquista da Copa do Rei, após vencer o Barcelona. Era o fim de um jejum de oito temporadas sem vencer aquela competição. Mas na Champions League, o Barcelona deu o troco e eliminou o Real Madrid.
Em sua segunda temporada no Real, a rivalidade de Mourinho com o Barcelona (seus jogadores e treinador) aumentava a cada clássico. A imprensa adorava e incendiava ainda mais a relação (que nunca foi boa, desde os tempos de Chelsea). Apesar da conquista do Campeonato Espanhol, novamente os Galáticos batiam na trave, na Champions League. Desta vez, a equipe foi eliminda pelo Bayern Munich nos pênaltis, jogando em seus domínios.
A terceira e última temporada de Mourinho à frente do Real foi marcada pelo título da Supercopa da Espanha. Com a conquista, Special One se tornava o primeiro treinador a vencer títulos de supercopas por quatro clubes diferentes.
Apesar do bom início de temporada, o final dela foi considerada por Mourinho como “a pior” de sua carreira: eliminações para o Borussia Dortmund com direito a goleada, na Champions League e vice-campeonato na Copa do Rei, perdendo para o rival Atlético.
Ao fim da temporada, o presidente do Real, Florentino Perez anunciava a saída de Mourinho, apesar da renovação contratual de 2016. O caminho ficava livre para o Chelsea repatriar o treinador.
O bom filho a casa torna
Com a saída do contestado Rafael Benítez, o Chelsea anunciava no dia três de junho, o retorno de José Mourinho. Por quatro temporadas, Special One acertava sua volta ao clube onde é idolatrado.
O carinho da torcida e a história construída na sua primeira passagem pesaram para o acerto com o Chelsea. Na atual temporada, o português segue com chances de levar os Blues a dois títulos: Premier League e Champions League.
O que a torcida mais quer é que a segunda passagem de Mourinho pelo Chelsea seja mais longa que a primeira e tão vitoriosa quanto foi no início da década passada.