O dia em que o Chelsea visitou o Iraque

Por: Rodrigo Magalhães

Quatro de março de 1986. Há exatos 25 anos o Chelsea fazia uma de suas viagens mais marcantes em 106 anos de história. No ano em que a equipe alcançou a excelente 4ª colocação no campeonato nacional, a Gulf Air, então patrocinadora dos Blues, levou comissão técnica e jogadores para o Iraque, onde participariam de um amistoso com a seleção nacional.

À 2 mil quilômetros longe de sua casa, o Chelsea encontrou na capital Bagdá um cenário de destruição. O país vivia um sangrento conflito com o vizinho Irã, por questões políticas e territoriais. O amistoso comemoraria a classificação da Seleção Iraquiana à Copa do Mundo de 1986, no México.

Assustados com a situação local, os jogadores quase não saíram do hotel. Pat Nevin, um dos principais jogadores do Chelsea na época, conta que foi o único entre todos que conseguiu aproveitar a viagem. “Eu amei cada minuto que estive lá”, afirma.

O jogo em si não foi dos melhores. Empate em 1 a 1, com gol de Joe McLaughlin para os Blues. 15 mil homens assistiram à partida – já que não era permitida a entrada de mulheres no estádio. Dentre todos eles, o tirano e ditador Saddam Hussein.

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O dia após a partida não foi dos melhores para o Chelsea. Jornais locais, a pedido do governo, publicaram o placar de 2 a 1 a favor dos donos da casa. Havia boatos também de que a polícia secreta seguia os Blues por todos os lados que andavam.

Com o dinheiro no bolso, a comitiva inglesa retornou a Londres com a sensação de dever cumprido. Na bagagem, uma experiência única.

A guerra entre Iraque e Irã terminou 2 anos depois, em um comum acordo de cessar-fogo imposto pela ONU.

*Devido às restrições impostas à imprensa na época, não há registros de fotos do evento nem de vídeo do gol do Chelsea.