
O goleiro Petr Cech do Chelsea concedeu uma entrevista ao site oficial da FIFA e mostrou seu carinho pela equipe em seus depoimentos.
Considerado um dos melhores goleiros do mundo, Petr Cech já venceu praticamente tudo com o Chelsea. Na temporada passada, o jogador de 30 anos, que está nos Blues desde 2004, foi um dos heróis da conquista da taça que o time londrino buscava há tanto tempo: a Liga dos Campeões da UEFA. A equipe agora ambiciona vencer a Premier League e conquistar o campeonato Mundial de Clubes no Japão em dezembro.
Cech também é referência absoluta na seleção tcheca, com quem fez uma boa campanha na última Eurocopa. No torneio disputado no meio do ano, os tchecos terminaram na liderança de sua chave, à frente de Grécia, Rússia e da anfitriã Polônia, e foram eliminados com a derrota por 1 a 0 diante de Portugal nas quartas. O goleiro agora espera que a experiência na Euro contribua para um bom desempenho nos próximos compromissos da República Tcheca, sobretudo nas eliminatórias para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.
O que acha do começo de temporada que está fazendo com o Chelsea?
“Estou gostando. É bacana começar somando pontos, e jogamos a maioria das partidas sem levar gols. Isso mostra que há uma bela solidariedade defensiva, algo que me dá muita satisfação, sendo goleiro. A pena foi aquele jogo pela Supercopa da Europa em Mônaco (derrota por 4 a 1 para o Atlético de Madri), que nos escapou completamente. Temos um time feito para ganhar títulos, mas não conseguimos fazer isso diante do Atlético de Madri, que mereceu a vitória.”
Falando justamente no cenário europeu, como avalia a Liga dos Campeões da UEFA?
“Lamento que tenhamos estreado com um empate em casa com a Juventus, principalmente depois de estarmos ganhando por 2 a 0. Deveríamos ter administrado melhor o segundo tempo e garantido a vitória. No entanto, houve pontos positivos. Precisamos continuar assim para conquistar o máximo de pontos e acabar na liderança do grupo.”
Na sua opinião, quais são os pontos fortes do Chelsea este ano?
“Temos uma equipe diferente, com diversos novos reforços que são jogadores mais de técnica do que de força física. Portanto, o nosso futebol evoluiu e estamos tentando levar ainda mais vitalidade ao setor ofensivo, com esses talentos que temos na frente. Por ora, a chegada do Eden Hazard nos fez muito bem. Ele se entrosou rapidamente com os companheiros do meio de campo, como o Juan Mata ou o Oscar, e é realmente um prazer ver um jogador chegar de outro campeonato e se adaptar tão rápido.”
Vimos que o brasileiro Oscar, justamente, também não demorou a mostrar o que sabe, principalmente com os dois gols marcados contra a Juventus. Ficou surpreso com esses exemplos?
“São dois jovens jogadores de muita ambição e que já têm uma certa experiência, apesar da idade. Além disso, de forma geral, nos adaptamos melhor quando somos jovens. E eles entram em campo pelo prazer, para si e para os que estão à volta. Hazard continua fazendo o que fazia na França há alguns anos. Quanto ao Oscar, estou muito feliz por ele, pois não é fácil chegar assim do Brasil, de um campeonato totalmente diferente. Além disso, ele é bastante jovem. Com aqueles dois gols, ele mostrou que merece o seu lugar no time, e isso vai lhe dar muita confiança daqui para frente.”
Para o Chelsea também deve ser um bom sinal ver as novas contratações se integrarem tão bem…
“Sim, sem dúvida. Mas faz tempo que o Chelsea tem um grupo bastante solidário e que os recém-chegados têm o sentimento imediato de fazer parte. Todo mundo tem em mente que o coletivo é mais importante do que as individualidades, e quem é novo sempre é bem recebidos. Faz mais de oito anos que estou no clube e praticamente não vi ninguém reclamar que a vida conosco é difícil, e não conseguir se integrar por causa disso — muito pelo contrário.”
As grandes forças do Campeonato Inglês já estão mostrando a que vieram. A temporada promete ser acirrada?
“Acho que a temporada será bastante disputada e emocionante para os torcedores. Muitos times se reforçaram. O Manchester United começou bem e estará na corrida pelo título, assim como o Manchester City, que vai querer defender a taça, e nós, que queremos voltar ao topo. E tem também outras equipes com a ambição de jogar bem e de se classificar para um torneio continental. Na minha opinião, promete ser tão excitante quanto na temporada passada, em que até o fim não se sabia quem ganharia o título e quem seria rebaixado. Vai ser muito interessante este ano, outra vez.”
A conquista da Liga dos Campeões deu uma força psicológica extra ao Chelsea?
“Ela nos deu um grande prazer e muito mais tranquilidade, pois é um título que o clube tentava ganhar há tempos. Finalmente conseguimos vencer essa competição sensacional, e agora a nossa ambição é defender a taça. Depois de experimentar esse sentimento tão maravilhoso, só temos uma vontade: viver isso de novo. “
Você foi um dos heróis daquela final contra o Bayern de Munique, inclusive defendendo o pênalti de Arjen Robben na prorrogação. Foi o melhor momento da sua carreira, do ponto de vista pessoal?
“Com certeza. Foi um momento de que todo mundo vai se lembrar, a começar por mim. Foi um dos acontecimentos decisivos da final, pois o Bayern poderia ter vencido se tivesse marcado o gol naquele momento. Aquela defesa tornou possível manter a esperança e levar o jogo para os pênaltis. O resto da história a gente já sabe…”
Você já conquistou praticamente tudo com o Chelsea. Quais são as suas ambições com a seleção da República Tcheca?
“Venci o Campeonato Europeu Sub-23 em 2002, quando derrotamos a França na final. Tenho orgulho daquela conquista e sonho em repeti-la com a seleção principal algum dia. Ainda lamento muito toda vez que lembro daquela semifinal perdida contra a Grécia na Euro 2004, pois tínhamos uma equipe extraordinária e poderíamos ter ido até o fim. Agora passaram duas gerações de jogadores e estamos em fase de reconstrução. Levando isso em conta, ter participado da última Eurocopa já foi uma façanha e ter chegado às quartas de final foi uma verdadeira satisfação. Podemos considerar esse desempenho como um primeiro passo adiante, tendo como objetivo a classificação para a Copa do Mundo de 2014.”
Você já disputou a Copa do Mundo da FIFA em 2006. Qual é o seu papel junto aos jogadores que estão chegando à seleção tcheca para as eliminatórias?
“No momento estou entre os mais experientes do elenco, pois sou o jogador em atividade com o maior número de jogos pela seleção. E também tenho toda a minha experiência no Chelsea, que é o atual campeão europeu. Estou na seleção para compartilhar essa vivência com os jogadores mais jovens, para fazer com que eles se sintam à vontade e para mostrar o caminho que precisamos trilhar para ter sucesso.”
Numa entrevista recente ao FIFA.com, Jaroslav Plasil afirmou que a nova geração tcheca é muito talentosa e que está trazendo uma pitada de ousadia ao futebol da seleção. Você concorda com essa análise?
“Sim, e acrescentaria que, com as boas atuações do Viktoria Plzen na Liga dos Campeões do ano passado, os jogadores do clube também ganharam muita experiência, e isso só beneficia a seleção. De maneira geral, a nossa grande força é que somos um time de verdade, bastante unido e capaz de sair de situações difíceis sem perder a solidariedade. Foram essas qualidades que possibilitaram que nos classificássemos à última Euro, na repescagem contra Montenegro.”
Você está com 30 anos e, para um goleiro, ainda é jovem. Já tem planos para depois do Mundial no Brasil? Estabeleceu alguma idade limite para pensar em aposentadoria?
“A ideia de ir ao Brasil, um país apaixonado por futebol, será um acontecimento muito especial, do qual eu realmente espero participar. Além disso, adoro o que faço e continuo me divertindo muito. Se puder continuar por mais cinco, seis ou sete anos, vou continuar. A única condição é que eu permaneça com saúde e em boa forma. Não quero continuar jogando só porque o meu nome é Petr Cech e passei dez anos no Chelsea.”