A temporada do futebol feminino inglês começa neste final de semana, com a rodada inaugural da FA Women’s Super League (WSL). Nesse sentido, o primeiro confronto do Chelsea Women no campeonato será contra o Arsenal Women neste domingo às 8h30, no horário de Brasília. A partida terá transmissão no FA Player e nos Canais Disney (ESPN Brasil).
De pronto, na véspera de cada jogo das Blues, o Chelsea Brasil, assim como faz com o masculino, traz para você um guia especial detalhando as adversárias. Desta vez, o adversário é o Arsenal e você pode conferir estatísticas, curiosidades e como joga a equipe rival!
Duelo de gigantes
Juntamente com Chelsea e Manchester City, o Arsenal vêm dominando a cena no futebol feminino inglês. É verdade que, hoje, as Blues parecem viver melhor fase, porém, não se pode deixar de reconhecer a força das rivais. As Gunners são as maiores campeãs nacionais, bem como são o único clube inglês a conquistar a UEFA Women’s Champions League (UWCL), feito que alcançaram em 2007.
Acima de tudo, os confrontos de Chelsea e Arsenal são sempre marcados por grande competitividade. Afinal, é um clássico entre dois grandes clubes da capital, bem como uma das maiores rivalidades do futebol na Inglaterra. Além disso, desta vez, ainda será o jogo de abertura da temporada para ambos os times no campeonato nacional. Por isso, a partida tem tudo para ser imperdível.
A última temporada
Assim como nos últimos anos, na temporada 2020/2021 o Arsenal entrou como um dos favoritos para disputar por títulos no futebol nacional. Na campanha da FA Women’s Super League (FA WSL), as Gunners terminaram em terceiro lugar, atrás dos dois principais concorrentes: as Blues e as Citizens.
Foram 48 pontos conquistados com 15 vitórias, três empates e quatro derrotas. Além disso, terminaram como terceiro melhor ataque, com 63 gols marcados, e como terceira melhor defesa, com apenas 15 gols sofridos.
Por outro lado, o desempenho do Arsenal foi abaixo do esperado na Continental Cup. O clube não conseguiu se classificar para o mata-mata da competição, após terminar a fase de grupos em segundo lugar com apenas 5 pontos.
Por fim, as Gunners ainda estão na disputa pela FA Women’s Cup. A competição ainda é válida pela temporada 2020/21 e está nas quartas de final. Sendo assim, elas enfrentarão o Tottenham ainda em setembro e quem vencer o North London Derby avançará para a semi-final.
Histórico do confronto
Os times que se enfrentam neste domingo têm protagonizado grandes confrontos, alguns deles até mesmo valendo troféu. Em especial nos últimos anos, há um equilíbrio entre as duas equipes. Mesmo com as Blues tendo um pouco a mais de vantagem na história.
Nesse sentido, são 32 partidas disputadas entre as equipes desde 2011. Nos últimos 24 confrontos foram 12 vitórias do Chelsea, oito do Arsenal e apenas quatro empates. Ainda mais, os clássicos entre as equipes são marcados por algumas tendências que devem se repetir no fim de semana.
Levando em conta os confrontos das últimas duas temporadas, em especial, os enfrentamentos das equipes sempre terminam com mais de dois gols feitos. Além disso, na maioria das oportunidades ambos os times marcam. Ou seja, fica evidente a grande capacidade ofensiva de ambas as equipes.
Por outro lado, as defesas são uma fragilidade para os dois times. Mais ainda para o Arsenal que nos últimos 10 jogos contra o Chelsea sofreu gol em nove deles.
No entanto, o Arsenal Women está passando por um momento de transição. O técnico Joe Montemurro deixou o comando do clube ao final da última temporada e Jonas Eidevall, ex-treinador do Rosengard, assumiu o time na pré-temporada. Assim como, algumas jogadoras chave para o Arsenal no passado como Danielle van de Donk e Jill Roord deixaram a equipe.
Nesse ínterim, outros nomes como Mana Iwabuchi, Frida Maanum, Nikita Parris e Simone Boye Sørensen chegaram ao norte de Londres. Portanto, o Arsenal vai para o confronto com novidades no elenco e no banco de reservas. Apesar disso, por estarem disputando as fases preliminares da UWCL chegam com certo entrosamento e ritmo de jogo mais elevado.
Último encontro na Liga
O jogo anterior entre as duas equipes válido pela FA WSL foi em fevereiro deste ano em Kingsmeadow. As Blues venceram por um placar amplo de 3-0. Naquela oportunidade, Fran Kirby e Pernille Harder, com dois gols, garantiram a vitória do Chelsea.
Apesar da larga vantagem no placar em favor das donas da casa, as Gunners dominaram a posse de bola, garantindo 65% de posse. Quanto as finalizações foram oito para cada lado. No entanto, o Arsenal finalizou apenas três vezes no alvo enquanto o Chelsea finalizou cinco.
Desde o início do jogo, a marcação pressão do Arsenal durante a saída de bola das Blues ficou evidente. A primeira etapa foi bastante disputada, com poucas chances claras para cada lado. Nesse sentido, os grandes personagens da primeira etapa foram as defesas, em especial as goleiras Ann-Katrin Berger e Lydia Williams.
No entanto, dois minutos depois do início da etapa complementar Harder abriu o placar para as Blues. Após uma interceptação de passe de Ji So-yun, a bola sobrou nos pés de Kirby que tocou para a dinamarquesa. Então, a camisa 23 do Chelsea finalizou de fora da área no canto esquerdo inferior.
Poucos minutos depois, a mesma combinação apareceu novamente. Após um passe longo de Millie Bright para Jonna Andersson na lateral esquerda, a sueca tocou para Kirby que entrou na área. Em seguida, a camisa 14 tocou para Harder que entrava na área um pouco mais centralizada. A dinamarquesa soltou uma bomba indefensável e ampliou o placar.
Por fim, no último minuto de jogo Super Fran entrou e ação e marcou o terceiro gol das donas da casa depois de uma tabelinha com Bethany England. Após receber o passe da camisa 9, Kirby superou a marcação e correu livre em direção ao gol.
Como joga?
Já dizia o famoso ditado: “clássico é clássico e vice-versa”. Ainda mais em estreias de campeonato. Por isso, o jogo de domingo reserva muitas surpresas. De um lado, o Chelsea volta com a mesma base de elenco e comissão técnica, mas com ritmo de jogo mais reduzido. Por outro, o Arsenal chega bastante renovado dentro e nas laterais do campo. Porém, já tem um ritmo maior por estar atuando nas fases iniciais da Liga dos Campeões.
Depois de quase quatro anos no comando, Joe Montemurro deixou o Arsenal no final da última temporada. O desempenho das Gunners foi um tanto abaixo do esperado, demonstrando um certo desgaste entre treinador e elenco. Joe não conseguia fazer rotações no elenco e não estava conseguindo aproveitar ao máximo as jogadoras. Nesse sentido, Jonas Eidevall chega para mudar o panorama.
O técnico sueco promove um estilo de jogo que valoriza a posse de bola, mas que não é passivo. Pelo contrário, promove um futebol ofensivo e de alta intensidade. Nesse sentido, as situações de contra-ataque são destaques no trabalho de Eidevall. Do mesmo modo, ele tem cuidado para pensar o jogo quando o time está sem a bola.
Nos primeiros quatro jogos com o novo treinador no comando, as Gunners tem 100% de aproveitamento:
- 08/08: Tottenham Women 0 x 4 Arsenal Women (Pré-temporada)
- 18/08: Arsenal Women 4 x 0 Okzhetpes (UWCL)
- 21/08: Arsenal Women 3 x 1 PSV (UWCL)
- 31/08: Arsenal Women 3 x 0 Slavia Praha (UWCL)
É um início animador para o treinador e para o time, que tem novidades. Nesses primeiros jogos a marcação pressão e as saídas rápidas do ataque, em especial com bolas longas, tem sido bastante utilizadas. Ao mesmo tempo, é possível perceber uma certa consolidação defensiva, com apenas um gol sofrido em quatro partidas.
Ameaças no ataque
Com Montemurro, o Arsenal já se apresentava como um time bastante ofensivo e que aparecia no top 3 ataques da liga. Assim, a tendência é que, com a chegada de Eidevall, essa realidade seja mantida. Ainda mais com a filosofia do treinador de construção de ataques rápidos para quebrar a marcação das rivais.
Nos jogos sob o comando do sueco até o momento, a utilização das alas e das atacantes na construção de jogadas no terço final do campo foi um dos destaques. Muitas jogadas que resultaram em gol das Gunners foram originadas de bolas distribuídas para as laterais que eram cruzadas para a pequena área.
Além disso, outro aspecto que ficou bastante evidente foi a pressão no meio de campo para recuperar a posse de bola. Então, retomando a bola no meio de campo, as jogadas são trabalhadas de forma rápida pelas jogadoras com objetivo de confundir a defesa adversária. Isso se dá, em especial, pela movimentação das meias e atacantes com destaque para Beth Mead, Mana Iwabuchi e Vivianne Miedema.
A posse de bola é pensada de forma inteligente pelo treinador. Em outras palavras, ele espera que as jogadoras não apenas tenham a posse de bola, mas também usem a possessão de forma inteligente e criativa. Dessa forma, aproveitando a vantagem para chegar ao ataque com mais facilidade e objetividade.
Por último, se aproveitando da última linha de marcação o Arsenal apostou bastante nas bolas longas e lançamentos. Nesse sentido, com a defesa adiantada e, por vezes, desorganizada, as atacantes ao receberem a bola se livram da marcação e tem o campo livre pela frente até o gol. Assim, representando grande perigo à meta adversária.
Calcanhar de Aquiles
Apesar de o Arsenal ter sofrido apenas um gol nos últimos quatro jogos, a defesa dos times comandados por Eidevall tem alguns problemas. Sem dúvidas, no geral, as performances foram positivas, porém existem alguns pontos negativos a serem destacados.
Enquanto treinador do Rosengard, o time que treinava tinha facilidade em se comportar defensivamente nos confrontos do campeonato sueco. No entanto, na Women’s Champions League o cenário era diferente. O time tinha dificuldade em bater os grandes times do velho continente.
Até mesmo antes da chegada de Jonas, o Arsenal já vinha sofrendo defensivamente contra times de poderio ofensivo. Por exemplo, nos últimos 10 confrontos contra o Chelsea sofreram 23 gols.
Então, levando em conta o histórico tanto do treinador como da equipe a defesa aparece como um ponto de atenção para o time do norte de Londres. Ainda mais em situações de contra-ataque e de igualdade ou superioridade das Blues no ataque.
Com Harder, Kirby e Sam Kerr atuando juntas pela frente. Bem como Ji, Melanie Leupolz e Sophie Ingle trabalhando na construção de jogadas pelo lado do Chelsea, o confronto pode representar uma grande ameaça ao Arsenal. Em especial se permitirem movimentações das Blues sem a bola perto por trás da última linha de marcação.
Provável escalação e expectativas
É provável que Jonas mantenha sua formação em um 4-3-3. Então, as Gunners devem entrar em campo com: Zinsberger; Maritz, Williamson, Beattie e McCabe; Maanum, Little e Iwabuchi; Foord, Miedema e Mead.
A tendência é que a partida entre Chelsea Women e Arsenal Women na abertura do campeonato tenha os dois times abaixo do potencial que podem atingir na temporada. As Blues, por falta de ritmo e as rivais por falta de entrosamento e em processo de adaptação ao novo estilo de jogo.
Mesmo assim, os dois elencos são formados por jogadoras de alto nível e experiência, então, o jogo tem tudo para ser disputado do início ao fim. Seguindo a lógica dos jogos anteriores e levando em conta os aspectos que Eidevall traz, a tendência é que o Arsenal siga dominando na questão de posse de bola. Além de continuarem representando uma ameaça ao setor defensivo do Chelsea.
Por outro lado, as Blues chegam com um elenco entrosado e que têm castigado a defesa das rivais. Nesse sentido, pode ser que no domingo as Blues continuem a sequência de jogos vazando a defesa das Gunners.
Logo, é preciso que a equipe de Emma Hayes tenha atenção no setor defensivo. Sem dúvidas, Miedema e as demais atacantes do Arsenal buscarão explorar eventuais momentos de desorganização ou de subida das defensoras do Chelsea. Não se pode vacilar diante de um ataque que não perdoa.