Desde que assumiu o trabalho à frente do ex-clube, Frank Lampard sabia onde estava se metendo. O agora treinador havia passado por uma temporada muito boa no Derby County, mas poucos realmente achavam que iria dar certo no Chelsea. Pelo menos não logo de cara. Entretanto, o inglês navegou em águas turbulentas ao liderar um time que passava por reformulação e uma punição que o impedia de atuar no mercado de transferências.
Assim, o manager foi o responsável pela introdução de jovens talentos como Mason Mount, Tammy Abraham, Reece James e Fikayo Tomori no time principal. Entretanto, pela primeira vez Lampard se vê com um excesso de opções para compor as suas linhas. Além disso, com a sequência de resultados ruins, a pressão só cresceu no último mês. Como o jovem técnico lidará com isso agora?
Excesso em todos os setores
Assim como um indivíduo sedento quando lhe dão a oportunidade de se hidratar, o Chelsea foi ao mercado e trouxe vários reforços necessários para “curar” o elenco da mocidade e preencher as lacunas de desempenho. Todos os setores do campo receberam seus aprimoramentos, mas a “limpa” que era necessária não foi feita e inúmeros jogadores continuaram ou foram emprestados.
Lampard tem em suas mãos três goleiros maduros, em vez do equilíbrio comum entre promessas e realidades, cinco defensores disputando duas vagas, vários laterais esquerdos e seis meio-campistas centrais. Sendo assim, não é impossível imaginar que algo esteja ocorrendo no vestiário azul. Por exemplo, Antonio Rudiger e Tomori já revelaram publicamente sua insatisfação, enquanto Callum Hudson-Odoi continua acreditando que merece mais minutos em campo.
No gol
Além do excesso, o time londrino tem X grandes problemas com seus jogadores. O maior deles possivelmente é o caso do goleiro mais caro do mundo que, atualmente, encontra-se no banco de reservas. Por conta da pressão da torcida e dos maus resultados em campo, o clube foi atrás de Edouard Mendy, que chegou dando esperanças aos fãs. Contudo, a boa fase parece ter chegado ao fim e o arqueiro não vem sendo capaz de impedir os gols, assim como acontecia com Kepa Arrizabalaga.
Na defesa
Outra “novela” é o setor defensivo, que conta com Thiago Silva e outros quatro atletas de mesmo nível disputando a vaga titular restante. Além disso, todos eles com expectativas reais de representar suas seleções na próxima Eurocopa. Portanto, buscam mais tempo de jogo.
A lateral esquerda titular foi resolvida com a chegada de Ben Chilwell, mas Marcos Alonso, Emerson e até Baba Rahman ainda estão à disposição. Todavia, todos os reservas são problemáticos, visto que os dois primeiros reportadamente desejam deixar o clube e o terceiro sequer esteve nos planos e é resquício de outras épocas.
No meio-campo
No meio, a quantidade de atletas é absurda. Danny Drinkwater, Timoue Bakayoko e Marco Van Ginkel parecem carta fora do baralho, apesar do empréstimo. Conor Gallagher, Ethan Ampadu e Billy Gilmour ainda são promessas. Já Ross Barkley e Ruben Loftus-Cheek tiveram seu prestígio diminuído com as novas chegadas.
Além disso, ainda existe a incógnita do futuro de Jorginho, que ainda é bem considerado na Itália. Tirando eles, ainda sobram Mason Mount, N’golo Kanté, Mateo Kovacic, Kai Havertz e Hakim Ziyech. Alguém tem que sair.
No ataque
Por fim, no setor ofensivo, o que parecia ser algo positivo se tornou uma dor de cabeça. Olivier Giroud, Tammy Abraham e Timo Werner batalham por uma posição no comando de ataque e nenhum é unanimidade.
Já nas pontas, Christian Pulisic e Odoi revezam com jogadores de meio que também atuam por ali e nenhum parece confortável independentemente da posição em campo. Além disso, a Juventus, o Atletico Madrid e a Internazionale estariam observando o centroavante francês, que também precisa de minutos em campo pensando na Eurocopa.
Trocando em miúdos
Apesar do “inchaço” no elenco, o questionamento que surge é: será que nas mãos de outro treinador isso poderia ser considerado uma vantagem? Times como o Manchester City, por exemplo, podem ficar sem oito atletas, como aconteceu no último final de semana, e ainda vencer um oponente do Big Six por 3-1. Além disso, quando a fase é ruim, tudo parece conspirar contra.
Sendo assim, Lampard vem quebrando a cabeça para encaixar as novas contratações, manter todo mundo feliz e, ao mesmo tempo, tentar implementar uma filosofia de jogo ofensiva, diferente dos últimos treinadores. Entretanto, metade da segunda temporada já se passou e a equipe, agora com vários reforços milionários, parece mais perdida do que nunca dentro de campo. Não a toa o manager vem sendo alvo de críticas e alguns pedem inclusive a sua saída.
No que se refere à quantidade de jogadores, pelo menos, o caminho está claro: escolher os quais deseja contar e liberar o resto, mesmo se esse for o caso do goleiro Kepa e de algumas peças importantes em anos recentes como Kanté, Jorginho ou Alonso.
As palavras neste texto condizem com a opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil