O Chelsea empatou em 3 a 3 contra o Southampton, em jogo válido pela quinta rodada da Premier League. A partida foi realizada em Stamford Bridge e a equipe londrina voltou a perder pontos dentro de seus domínios. Vale relembrar que o Chelsea foi derrotado em casa, na Premier League, frente ao Liverpool por 2 a 0. Duas rodadas depois, o Chelsea voltou ao desperdício de pontos na Fulham Road.
Por isso, a frase que resume o Lupa Tática de hoje é: “Erros individuais podem custar o viés tático da equipe”. Ou seja, fazendo uma breve reflexão e constatamos que erros individuais podem prejudicar – ainda mais – as questões táticas de um plantel que ainda busca aprimoramento. Em outras palavras, um time que precisa desenvolver o entrosamento entre as peças, além de promover um grau maior de compreensão e execução das diretrizes repassadas.
Espaço para o Chelsea
Os gols do Chelsea no primeiro tempo foram marcados por Timo Werner. O primeiro gol foi um lance de individualidade do atleta alemão e deixa um recado aos adversários. Com espaço para percorrer, Timo Werner dá muito trabalho aos defensores. O gol foi caracterizado por um drible de corpo e a ultrapassagem de outros dois atletas pelo camisa 11 do Chelsea. Em outras palavras, muito espaço e muita liberdade para o atleta alemão. Sorte de Werner, que fez jus ao seu faro de gol.
O segundo gol de Werner foi originado de um lançamento primoroso de Jorginho. Normalmente, em situações de lançamento, nós discorremos sobre a mira/o alvo/o quão certeiro foi o passe. Totalmente de acordo. Além disso, o passe de qualidade de Jorginho, pelo alto, deixou quatro atletas do Southampton observando a trajetória da bola. Quatro atletas saíram de cena no lance e possibilitaram a aparição de Werner dentro da área rival. Por fim, Werner ultrapassaria o goleiro com um “chapéu” e finalizaria para o fundo das redes.
O Chelsea é beneficiado quando o espaço é concedido aos atletas de criação e ofensividade. Por exemplo, o espaço no primeiro gol para Werner buscar sua movimentação. Em contrapartida, o espaço que Jorginho teve para lançar e a fuga de Werner para marcar o segundo. No primeiro tempo, o Southampton estava espaçado nos primeiros 25 ou 30 minutos de jogo e o Chelsea aproveitou em dois momentos. Por outro lado, um erro individual comprometeu o andamento de um primeiro tempo quase exemplar do Chelsea.
O primeiro erro
A equipe comandada por Frank Lampard poderia ter ido ao intervalo com uma vantagem de 2 a 0, mas um raro erro no campo defensivo teve como consequência a diminuição do marcador. O primeiro gol visitante foi iniciado em desarme do Southampton quando Kai Havertz tinha a posse de bola no campo defensivo. A situação atrelou a presença de várias peças dos Saints no campo de defesa do time londrino com a descompactação defensiva do Chelsea. Posteriormente, Danny Ings recebeu passe açucarado e, cara a cara com Kepa, fez o gol do visitante. O atacante tirou o goleiro e só empurrou para o fundo do gol do Chelsea.
A partir desse gol, o jogo foi outro. O intervalo foi iniciado aproximadamente cinco minutos depois e Ralph Hasenhüttl, técnico dos Saints, foi correndo – literalmente – para o vestiário após o apito final. Certamente, o comandante sentiu que o momento era outro e as diretrizes que seriam repassadas também seriam alteradas. O placar apontava apenas um gol de diferença contra a equipe do Chelsea. O mesmo Chelsea que marcou 66% dos gols na competição na etapa complementar. Por fim, a conversa do Southampton pareceu ter sido muito boa, haja vista que o time atrasou alguns minutos para retornar ao gramado de Stamford Bridge.
Mudança de postura dos rivais
No segundo tempo, o Southampton manteve mais a posse de bola e promoveu o erro do Chelsea com a pressão exercida. Vale relembrar que a pressão pode ser exercida com ou sem a bola. E foi justamente o que os Saints fizeram. Por exemplo, Ben Chilwell levou um cartão após a subida de marcação e, consequentemente, o erro individual do atleta do Chelsea na posse de bola. Ou seja, em dado momento, o lateral-esquerdo hesitou ao modo que os atletas do Southampton se dispuseram em campo. Puxar a camisa do adversário foi a solução do defensor londrino.
Da mesma forma, o segundo gol do Southampton foi originado em um erro de passe de Kurt Zouma. O zagueiro francês tinha companhia de um atacante dos Saints – Che Adams. Além disso, outros atletas da parte frontal visitante também observavam atentamente o desenrolar do lance. Todos eles com a esperança que Kurt Zouma errasse o recuo ou sucumbisse a pressão do Southampton. Posteriormente, a esperança se tornou realidade. Tanto que, pelo menos, dois atletas do Southampton estavam dentro da área rival após a falta de comunicação (e falha na execução) entre Zouma e Kepa. Em conclusão, gol de Adams, do atleta que originou a pressão ao Zouma, e empate no duelo em Stamford Bridge.
Terceiro tento do Chelsea
Em contrapartida, o terceiro gol do Chelsea aconteceu de forma praticamente imediata. Além disso, foi um gol que enche de esperança os torcedores do Chelsea. Uma trama ofensiva entre Christian Pulisic para Timo Werner; Timo Werner para Havertz e fundo das redes como destino final.
Um gol diferente dos demais, principalmente, sobre o local de origem. Se o primeiro gol foi originado pelo lado esquerdo e o segundo através de um lançamento em profundidade, o terceiro foi iniciado pelo lado direito. Uma trama ofensiva que acarretou na ultrapassagem de Werner sobre três atletas do Southampton. Por fim, a conclusão de Kai Havertz centralizado – porém em velocidade, nunca fixo – entre os dois defensores do clube visitante.
Por fim, e no fim, o terceiro dos Saints
Em conclusão, o terceiro gol do Southampton e último gol do jogo. Uma bola aérea, a zaga conseguiu afastar, mas três atletas do Southampton conseguiram espaço para obter o rebote. Um deles era Theo Walcott, experiente, ex-Arsenal e Everton. Ele finalizou cruzado e Vestergaard se lançou na trajetória da finalização para dar números finais do embate. Em relação ao gol, o espaço – palavra já mencionada nesse texto – retorna a pauta do duelo. Quatro jogadores do Chelsea marcaram a finalização do Walcott. Ou seja, estavam olhando a bola e não observaram a movimentação das peças rivais dentro da área. Consequentemente, Vestergaard apareceu no costado das quatro peças que mencionei. 11 atletas do Chelsea estavam dentro da área para afastar o perigo, mas três integrantes do Saints estavam livres.
Primeiramente, Nathan Tella não tinha marcação no lado esquerdo. Posteriormente, Theo Walcott finalizou com muita liberdade pelo lado direito e dentro da área. Em conclusão, Vestergaard cabeceou com todo o espaço do mundo e tirou dois pontos do Chelsea na tabela de classificação.
Em outras palavras, o Chelsea apresentou dois erros individuais que custaram um esforço coletivo. Principalmente, na primeira etapa, quando o Chelsea foi superior em relação ao rival. O terceiro gol envolveu falha de posicionamento, erro na tomada de decisão, falta de concentração em um lance, já nos acréscimos. Em contrapartida, Timo Werner foi o grande destaque para o Chelsea – dois gols e uma assistência no duelo. Além disso, Ziyech ganhou minutos de jogo e estreou na competição nacional. Em síntese, o Chelsea apresentou dificuldades principalmente em momentos do segundo tempo, para superar adversidades criadas por Ralph Hasenhüttl e cia.
Confira a última publicação na Lupa Tática. Lupa Tática: é muito cedo para descartar a base.