Nomes como Roberto Carlos, Zambrotta, Gary Neville, Daniel Alves e Ashley Cole sempre foram sinônimo de segurança para seus times e ameaça para os adversários. A importância do lateral no futebol sempre foi inquestionável pelos times que tinham esses atletas à disposição. Recentemente isso se tornou mais claro devido à participação fundamental de Robertson e Alexander-Arnold nos títulos do Liverpool.
Pensando nos seus próprios problemas de flanco, o Chelsea anunciou a contratação de Ben Chilwell após uma pequena “novela” de verão flertando com o lateral. O inglês de 23 anos é desejo antigo de Frank Lampard e coleciona elogios de grandes figuras do futebol inglês. Após boa temporada com o Leicester, o atleta fechou por um valor próximo dos 50 milhões de libras. Ou seja, mais uma tacada de mestre da diretoria azul.
Todavia, não saem da cabeça do torcedor perguntas como: será que ele é a solução dos problemas dos Blues? Como ele se encaixa no esquema de Lampard? Ele é tão melhor assim que os nossos laterais? É disso que a Lupa Tática desta semana irá tratar, então aperte os cintos e continue a leitura.
Problemas já conhecidos
Não é novidade que um dos maiores problemas do Chelsea vem sendo a lateral esquerda. Portanto, é de se comemorar que um novo atleta tenha sido buscado nesta janela de forma tão meticulosa.
Tanto Emerson quanto Marcos Alonso são considerados alas mais ofensivos e têm seus problemas na fase defensiva. Enquanto o primeiro peca no mau posicionamento, o segundo não consegue acompanhar a velocidade das incursões adversárias há algumas temporadas. Entretanto, ambos não são tão magníficos assim no ataque para que essas falhas sejam ignoradas.
Assim, foram incontáveis as vezes em que os adversários exploraram o flanco esquerdo para conseguir colocar a bola na área dos londrinos. Essa inaptidão defensiva dos laterais foi uma das principais causas do questionamento sobre a qualidade técnica dos zagueiros e do goleiro na última campanha.
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Por conta disso, Lampard teve de alterar seu esquema preferido de jogo para um com três zagueiros. Assim, visava proteger mais o setor e dar liberdade para seus alas. Apesar de ter funcionado relativamente bem, a formação não deve ser usada com tanta frequência agora que o treinador tem um lateral com características mais equilibradas.
Estilo de jogo
Chilwell é o clássico “full-back” como descrito nos manuais de futebol ingleses: equilibrado, bom ritmo, comete poucos erros e, principalmente, é inteligente na ligação com outros atletas. O jovem se caracteriza por ocupar toda a faixa de campo que lhe cabe e faz isso com maestria. Isso ficou evidente durante a temporada passada quando somou quatro assistências e três gols em 33 jogos. Todavia, suas melhores atuações ficaram restritas à primeira metade da temporada, assim como as de todo o time.
Grande ladrão de bolas (7,3 por jogo), seu baixo número de cartões (0,06 por jogo) mostra o quanto é inteligente nas ações defensivas. Além disso, uma de suas características principais é o posicionamento, tanto no um contra um, quanto nos contra-ataques. Portanto, isso se traduz em sucesso em 63% dos duelos defensivos e 58% dos aéreos, ótimos números para um lateral.
Apesar da solidez defensiva, foi a transição e a ofensividade que chamou a atenção dos especialistas. Chilwell é uma locomotiva canhota. Após roubar a bola, vai engatando marcha após marcha sem diminuir o ritmo, o que o torna uma excelente válvula de escape. Sua força física e explosão compensam a baixa velocidade final. Ou seja, de longe ele parece lento, de perto ele já passou por você.
Quando chega à linha de fundo é versátil. Melhor em passes curtos, o inglês não deixa a desejar nos cruzamentos. Assim, não está tão longe de Robertson, líder em aproveitamento pela esquerda (30% vs. 40%). Além disso, seus 70% de acerto em passes no campo adversário demonstram a cautela do jogador em não desperdiçar a posse de bola com passes infrutíferos. Apesar disso, frequentemente tenta jogadas mais incisivas.
Como se encaixa nos Blues
Por ser um lateral clássico, Chilwell tem imensa capacidade de se conectar com atletas nas imediações. No caso do Chelsea, provavelmente Thiago Silva, Kovacic e Pulisic, Assim, ele terá uma ampla gama de opções para auxiliar suas progressões. Por outro lado, os atletas terão um jogador dinâmico que pode dar opções ofensivas e cobrir espaços defensivamente com a mesma qualidade.
O lateral tem moral na Inglaterra. Tanta que Pat Nevin, ídolo dos Blues, já teceu comparações com Leighton Baines, um dos grandes da posição nos anos recentes de Premier League. Outro fã assumido é nada menos que Ashley Cole. O ex-Blue sabia como ninguém fazer a ultrapassagem rumo à linha de fundo.
O posicionamento avançado e as progressões rápidas foram duas das estratégias mais tentadas por Lampard. Contudo, laterais que saibam a hora de ultrapassar são fundamentais para o sucesso da operação. Assim, criam sobrecarga e eventuais chances de gol. Entretanto, a campanha dos Blues viu pouquíssimas dessas ocorrências serem convertidas em chances claras, principalmente pela esquerda.
Após a chegada de Chilwell, o manager terá dois laterais com consciência posicional e disposição para atuar em várias faixas do gramado. Porém, o inglês oferece uma ameaça muito mais palpável no terço final do campo do que o capitão Azpilicueta,. Híbrido de lateral e ala, ele promete resolver o setor defensivo como Cole e reviver os melhores dias ofensivos de Alonso.
Pensamentos finais
Mais uma vez o Chelsea foi cirúrgico em suas contratações. Foi atrás de um atleta que se encaixa perfeitamente dentro da filosofia e estratégia do treinador. Além disso, o valor pago, a mentalidade, a nacionalidade e a idade do jogador o tornam candidato ideal para uma longa carreira como titular dos Blues. Isso só mostra que, finalmente, o clube está pensando a longo prazo. Mais do que isso, está confiando o suficiente em um treinador para moldar o esquadrão ao seu redor.
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