Há poucos anos, vindo do Anderlecht, um centroavante de enorme potencial, que aliava força física, qualidade técnica e uma potente perna canhota desembarcou em Stamford Bridge. Pelo estilo, aquele garoto era comparado a Didier Drogba, eterno ídolo dos Blues. O belga era visto com uma das maiores promessas do futebol mundial, uma vez que aos 16 anos já era profissional. Apesar disso, só jogou 15 partidas pelo time de Londres e foi queimado pela perda de uma penalidade em jogo contra o Bayern de Munique, válido pela Supercopa da UEFA.
Antes deste fato crucial, o goleador já havia sido emprestado ao West Brom e ido bem, anotando 17 gols em 38 jogos. Mas o Chelsea, mesmo sem ter opções de ataque em bom momento, preferiu enviá-lo emprestado ao Everton e depois ficou satisfeito ao vendê-lo aos Toffees por pouco mais de £25 milhões. Muitos avaliaram como bom o negócio, pensando que o garoto não tinha futebol para defender os Blues.
O destino, com toda a sua ironia, levou o Chelsea a ver a temporada 2015-2016 terminar já em março e pelos pés do garoto que não tinha nível para jogar em Stamford Bridge. Lukaku foi extremamente decisivo na partida da sexta rodada da FA Cup e com dois gols decretou a eliminação dos Blues da competição. Sem chances de título na Premier League, o Chelsea não tem mais nada a fazer na temporada senão projetar seu futuro. E não apenas o da temporada 2016-2017.
A queda do Chelsea pelos pés de um ex-jogador que não teve oportunidade de se desenvolver em Stamford Bridge volta a colocar na mesa azul a discussão sobre os rumos do clube. De que adianta detectar grandes e promissores nomes e não aproveitá-los a longo prazo? O mesmo aconteceu com Kevin De Bruyne e pode vir a acontecer com o defensor Andreas Christensen, que tem sido ligado a uma transferência para vários clubes, diante de seu excelente momento no Borussia Mönchengladbach, que o recebeu por empréstimo.
E o mesmo tende a acontecer com outros garotos se as chances não vierem. Mario Pasalic, Ola Aina e Charly Musonda, por exemplo, receberam propostas em passado recente de transferências definitivas. Será que o clube continuará vendo suas promessas com os mesmos olhos? Se sim, seguirá perdendo e a conta continuará tendo preço salgado. Demorou muito pouco para Lukaku e De Bruyne despontarem. Basicamente, eles só precisaram estar em equipes que lhe dessem continuidade e confiança.
A eliminação da FA Cup não é um baque qualquer, porque justamente provoca, no íntimo do torcedor, a impressão de que a história poderia ser muito diferente. Em cenário diverso, Lukaku poderia sim ter decidido a partida, mas com a camisa do azul de Londres e não do de Liverpool.
O aproveitamento recente de Bertrand Traoré pode até ser um alento nesse sentido, mas seu crescimento se deu pelas mãos de Guus Hiddink, que, como é sabido, não mais será o treinador do Chelsea ao final desta temporada. Dentre as mais de três dezenas de emprestados do Blues, há alguns jogadores que hoje já demonstram qualidade para estar no elenco do clube londrino. É preciso planejar seu aproveitamento. Para 2016-2017 e para o prazo mais longo.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.