Stamford Bridge, 13 de fevereiro de 2016. Chelsea e Newcastle em campo. Apito inicial.
16 minutos depois, o placar já registra 3×0 para os Blues e o Newcastle não vê a cor da bola. Aliás, vê e até tem mais posse da bola que o Chelsea, circulando-a entre o lateral direito Daryl Janmaat, os zagueiros Ryan Taylor e Fabrico Coloccini, o lateral esquerdo improvisado Rolando Aarons e, quando muito, o volante Cheick Tioté. A forma como o time londrino se coloca em campo impede qualquer fluidez ao jogo dos Magpies.
Assim foi o encontro todo, que terminou com goleada azul – 5×1. Mantendo a bola na defesa, com muitas dificuldades, o Newcastle jogou 90 minutos acuado. Quando tentou arriscar passes mais longos, logo viu a bola nos pés de algum jogador do Chelsea e segundos após já teve que correr o mais rápido possível para evitar maiores danos nos contragolpes dos Blues, que fizeram um jogo de marcação fortíssima, paciência e grande velocidade, à moda da Bundesliga.
As trocas de posição entre Pedro, Willian e Eden Hazard mostraram coordenação e na frente o “mascarado” Diego Costa, mesmo com o nariz quebrado, acossou os beques alvinegros com a bravura do verdadeiro Zorro. Atrás, Cesc Fàbregas voltou a mostrar maestria na armação do time, com muitas assistências, e Nemanja Matic – que não estará presente na partida contra o PSG, suspenso – finalmente mostrou solidez na marcação.
Quanto à defesa, não há o que comentar, não tendo sido ameaçada. Preocupação mesmo é apenas a forma de John Terry, que deixou o gramado com um problema, após dividida com o forte centroavante rival Aleksandar Mitrovic. É assim que o time deve comportar-se contra o PSG, no meio de semana, pela Champions League. Para bater os líderes soberanos e virtuais campeões da Ligue 1, o time terá que correr como nunca e até mesmo oferecer a bola ao adversário, marcando-o fortemente e aguardando seu erro para partir em contragolpes.
Ao contrário do fraco Newcastle, o meio-campo parisiense é excelente. Marco Verratti, Blaise Matuidi, Thiago Motta, e até mesmo Zlatan Ibrahimovic, que tem recuado constantemente, são fantásticos na gestão da bola. Ou seja, para parar o PSG, é fundamental dificultar sua saída de bola, marcando os meias e defensores com a intensidade que foi vista contra os Magpies. Forçar o time a sair jogando com David Luiz pode ser uma alternativa, já que o brasileiro, como todo torcedor do Chelsea bem sabe, gosta de subir ao ataque e grande parte das vezes deixa a retaguarda desprotegida.
Evitar que o meio francês trabalhe é fundamental ainda para impedir a bola de chegar aos flancos do ataque adversário, onde quem quer que jogue – Edinson Cavani, Ángel Di María ou Lucas – tem muita qualidade técnica. Pressão na saída de bola será fundamental e é o que foi visto na última partida. Principalmente jogando no Parc des Princes, o Chelsea terá que deixar a iniciativa de jogo com o adversário e fazer um jogo reativo.
Fica também o alerta para que lances como um protagonizado por Pedro na parte final da segunda etapa, ocasião em que o espanhol errou um passe no meio-campo e deixou a defesa exposta – por sorte o jogador adversário teve dificuldades no domínio –, e o do gol de Andros Townsend, que teve excesso de liberdade para caminhar, não aconteçam.
Se conseguir repetir, ainda que não com tanto ímpeto ofensivo, o estilo de jogo contra o Newcastle, o Chelsea tem boas chances. Ao recuperar as bolas, o jogo azul é simples: do armador a um dos meias, dos meias ou para o gol ou para Diego Costa. Na prática, de Cesc Fàbregas para a linha mais avançada e daí para a meta do time treinado por Laurent Blanc. Eficiência nos avanços será crucial.
Na teoria, é simples a tarefa, na prática é dificílima – como também eram dificílimos os confrontos da histórica e heroica Champions de 2011-2012. O time de Guus Hiddink terá que mostrar seu melhor nível. É decisão. É a hora da verdade. Suar sangue, mostrar humildade, jogo coletivo e concentração não serão opções e sim necessidades.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil