Há três anos o Chelsea conquistava seu último título da Premier League. A equipe, treinada na época por Carlo Ancelotti, tinha nomes como Ricardo Carvalho, Michael Ballack, Joe Cole, Deco, Alex e Anelka. E por falar no francês, o trio que ele formava com Malouda e Drogba foi arrasador: No total, o clube marcou 142 gols na temporada, com o marfinense contribuindo com 37 deles.
Porém, hoje o clube não conta com os jogadores citados (exceto Malouda, que treina com o time sub-21). Mesmo com a instabilidade nos últimos anos, os Blues conquistaram a inédita Liga dos Campeões e a Liga Europa nesse período. Mas, para combater a hegemonia das equipes de Manchester e voltar a dominar a Inglaterra, o Chelsea precisa fazer algumas mudanças. Vamos a elas:
Manter o próximo treinador até o final da temporada (e se possível, até depois dela)
Esse é o primeiro passo. Parece algo bem simples, mas não para o Chelsea. Nas últimas 6 temporadas, os Blues passaram por sete treinadores diferentes. Só por curiosidade, desde a fundação do clube em 1905 até 1974, um longo intervalo de quase 70 anos, apenas sete treinadores assumiram o comando do time londrino. Para um torneio longo como a Premier League, é fundamental manter um padrão de jogo, e para obter sucesso, o clube precisa começar por algum lugar.
Contratar corretamente
Ok, admito que isso seja bem óbvio, mas alguém precisa avisar isso aos dirigentes do clube. Não basta apenas desembolsar dezenas de milhões de euros em jogadores que estão bem valorizados no momento, e que não repetem as boas atuações pelo Chelsea. Para os atacantes, por exemplo, há um mês eu postei alguns textos que tratam exclusivamente deles (aqui, aqui e aqui). É claro que não dá pra prever o futuro, para saber se algum jogador se daria bem no clube ou não, mas é recomendado usar o bom senso. Investir em novos jogadores é a melhor solução? Nem sempre…
Investir na base
Eu desafio qualquer leitor a citar três jogadores da base que se firmaram entre os titulares nos últimos anos. Alguns chegaram a ter oportunidades no elenco principal, mas no final das contas não obtiveram sucesso e saíram em busca de novos ares. O último jogador criado pelo Chelsea que se firmou entre os titulares foi John Terry, que não é mais nenhum garotinho. Nessa temporada, Bertrand e Aké tiveram algumas chances, porém nada garante que eles continuem no clube daqui a cinco anos, por exemplo.
É claro que os jovens não devem ser introduzidos imediatamente no elenco principal, mas eles poderiam ter mais oportunidades, como nos jogos da Capital One Cup, por exemplo. Isso ajudaria a preparar melhor os garotos, assim o clube não precisaria gastar toneladas de euros em contratações no futuro; além de dar uma folga aos titulares nessas datas, descansando-os para as partidas mais importantes.
Não subestimar os adversários mais fracos
É importante vencer as equipes que também brigam por uma vaga no topo da tabela, mas para ser campeão inglês o Chelsea precisa (obviamente) garantir os três pontos contra equipes mais fracas. Nessa temporada, o Chelsea não conseguiu vencer QPR e Southampton, times que terminaram na parte de baixo da tabela. Uma equipe que não consegue vencer o último colocado tem sérios problemas.
Não se envolver em problemas extra-campo
Esse foi um dos fatores que afastou de vez o Chelsea da briga pelo título no meio da temporada. A suspensão de Hazard pelo incidente com o gandula do Swansea, a de Mikel após o incidente com o árbitro Mark Clattenburg, e a de Terry depois de todo o processo judicial que envolveu ele e Ferdinand foram situações que abalaram o clube, e será ótimo se nada do gênero ocorrer na próxima temporada.
Variedade de (boas) opções em cada posição
Essa é uma das principais razões para o Manchester United ter conquistado mais um título inglês. A variedade de opções no ataque, por exemplo, foi uma das vantagens dos Red Devils sobre o Chelsea. Nessa temporada, o clube sofreu com a falta de jogadores em alguns setores, o que levou Benayoun a participar de 19 partidas, por exemplo. Agora imaginem o De Bruyne ou o McEachran no lugar do israelense nessas 19 partidas. Obviamente eles não jogariam regularmente como titulares, mas é sempre bom ter várias alternativas. Para preencher possíveis “buracos” no elenco, seria bem-vinda uma ajuda dos…
Jogadores emprestados
Caso montássemos uma equipe apenas com os jogadores emprestados pelo Chelsea (são mais de 20!), esta seria (hipoteticamente) capaz de permanecer na Premier League sem maiores problemas. Imaginem um time com Courtois; Van Aanholt, Bruma, Chalobah, Kalas; Essien, McEachran, De Bruyne; Piazon, Thorgan Hazard e Lukaku. Apesar da pouca idade da maioria dos jogadores, esse time titular já é melhor que o de alguns clubes da Premier League. Vários deles seriam ótimas peças para compor o elenco dos Blues.
Paciência
A equipe passa por uma transição, os veteranos aos poucos estão perdendo espaço entre os titulares. A próxima temporada poderá ser a última para Cole, Lampard e Terry. Em tempos de mudanças, os resultados bons poderão não vir imediatamente (essa temporada foi uma prova disso). Por isso, não esperem que tudo seja perfeito, mesmo se Abramovich contratar grandes jogadores e o clube for taxado como favorito de todas as competições. Por falar no dono do clube, se ele for um pouco paciente e não cometer decisões equivocadas como demitir o treinador ou contratar algum jogador sem motivo aparente, apenas por “achar legal”, já será uma enorme ajuda ao Chelsea.
Daqui a três meses, a Premier League começará novamente, e precisamos voltar a comemorar esse título (sem deixar a Liga dos Campeões de lado).
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.
