Terceiro tempo: O Chelsea foi o terceiro melhor time da Premier League?

Mais uma temporada da Premier League chegou ao fim no último domingo (12). O Chelsea conseguiu uma boa terceira colocação no campeonato. Com isso, a vaga na próxima UEFA Champions League foi assegurada, mesmo que o time não consiga vencer o Arsenal na final da Europa League.

Os dois primeiros colocados fizeram campanhas históricas, o Liverpool terminou em segundo lugar, mesmo fazendo o maior número de pontos de sua história na competição. Porém, ainda assim, o treinador dos Blues, Maurizio Sarri, é bastante contestado por parte da torcida. Por isso cabe a pergunta do título. O Chelsea foi mesmo o terceiro melhor time nessa PL? Ou “deu sorte” e não se sabe por que o time está ali? Vamos analisar mais alguns fatos.

Primeiro Tempo: uma campanha de altos e baixos

Kepa fez excelentes defesas ao longo da temporada [FOTO: Reprodução: @ChelseaFC]

O Chelsea terminou o campeonato com:

  • 72 pontos;
  • 21 vitórias;
  • 9 empates;
  • 8 derrotas;
  • 63 gols marcados;
  • 39 gols sofridos;
  • Maior vitória: 5×0 vs Huddersfield
  • Maior derrota: 6×0 vs Man. City

Forçando um pouco a barra, e considerando todos os empates como tropeços, foram 21 resultados positivos, 17 negativos, e um saldo de 24 gols a favor. Passa longe de ser a campanha que a torcida do Chelsea espera no torneio.

Se analisarmos apenas jogos contra os outros integrantes do Big Six (Arsenal, City, Liverpool, Tottenham e United), o resultado não é bom.

  • 10 jogos;
  • 3 vitórias;
  • 3 empates;
  • 4 derrotas;
  • 12 gols marcados;
  • 19 gols sofridos;
  • 12 pontos conquistados de 30 disputados.

Irregularidade foi uma palavra constantemente usada por jornalistas e torcedores ao falar do Chelsea nessa Premier League. Basta analisar as sequências do time. Depois do bom início, com 5 vitórias nas cinco primeiras rodadas, o time só conseguiu vencer três jogos seguidos mais uma vez durante todos os 38 jogos. Em compensação, só perdeu duas direto uma vez, e também ficou sem vencer durante três rodadas apenas em uma oportunidade (2 empates e uma derrota).

O novo treinador, Maurizio Sarri, chegou com a ideia de implementar uma nova filosofia de jogo no Chelsea. Um 4-3-3 que conta com um “regista” na base do meio campo, no caso, o Jorginho. Um futebol ofensivo e com posse de bola, que troca passes desde o campo de defesa, visando chegar tocando até a área adversária.

Esse sistema precisa de tempo para ser implementado. Ainda mais em um Chelsea que vinha de temporadas jogando um futebol mais reativo, que dava mais a bola para o adversário buscando contra atacar com velocidade.

No início do campeonato, Jorginho desequilibrava demais, não havia um jogador como ele na Inglaterra, e por isso os adversários ainda não sabiam como marcar. Porém, depois de alguns jogos, o meia parou de funcionar tão bem, e o time foi superado algumas vezes. Em muitos momentos, equipes que praticavam um futebol mais defensivo, anularam o sistema de jogo dos Blues, que não tinham repertório o suficiente para superar a retranca adversária. E tropeços vieram.

O momento mais delicado da temporada aconteceu depois de duas derrotas muito duras, contra times que praticavam um futebol completamente diferente uma da outra. A primeira foi para o Bournemouth, que jogou recuado e apostando em contra golpes, um Chelsea sem criatividade nenhuma foi dominado pela modesta equipe, que aproveitou momentos de pane dos Blues para vencer por 4×0.

A segunda derrota foi daquelas que são lembradas pela eternidade, infelizmente. Um 6×0 para o Manchester City, um time que jogava um futebol parecido com o que o Chelsea pretende jogar um dia, mas que provou que há muito a ser evoluído e melhorado. Desde a parte tática, até o nível do elenco e postura dos jogadores. Uma derrota que quase fez com que tudo fosse derrubado, inclusive o treinador.

Depois desses resultados, o time e o treinador mostraram inquietação. E isso foi fundamental para que algumas mudanças de mentalidade acontecessem, e o time adquirisse alguns bons resultados no momento seguinte ao baque.

Porém, como foi citado anteriormente, nada que fosse tão constante de modo que realmente emplacasse e voltasse a trazer 100% da confiança do torcedor. Foram altos e baixos durante todo o tempo.

Uma caminhada complicada na Premier League, mas que acabou com um resultado final positivo. Pelo menos na tabela. O Chelsea superou Tottenham, Arsenal e Manchester United na tabela, e acabou ficando com a terceira colocação.  Muito demérito dos adversários diretos, que tiveram uma reta final de campeonato muito ruim.

A expectativa do torcedor é de que o esquema seja aplicado com mais precisão na próxima temporada, de forma mais assimilada pelos jogadores. Sem comparar o nível dos treinadores, Pep Guardiola terminou sua primeira temporada no comando do City com 78 pontos, a de Sarri foi de 72. Ambos ficaram na terceira colocação.

Segundo Tempo: rumo à Final da Europa League

Uma defesa fundamental nos pênaltis, responsável pela classificação [FOTO: Reprodução: @ChelseaFC]

Se existiam torcedores do Chelsea que não davam moral para a Europa League, eles devem ter acabado, assim que o adversário da final foi confirmado. Não é possível ser indiferente a uma final europeia contra o Arsenal, seja ela qual for.

Antes de falar da final, é necessário comentar a perigosa Semifinal contra o Eintracht Frankfurt, que acabou sendo definida nos pênaltis, depois de dois empates por 1×1, na Alemanha e Inglaterra.

O Chelsea adotou a estratégia de poupar alguns jogadores no primeiro jogo, e isso quase custou bem caro. Analisando depois, com o resultado na Premier League conquistado (que aconteceu entre os dois confrontos da Semifinal), graças à exibição de Hazard, e com a classificação para a Final garantida, tudo deu certo no final, mesmo sem o belga na ida.

Porém, vendo o sofrimento que foi o jogo da volta, com a classificação ficando mais perto dos alemães em muitas oportunidades, talvez fosse melhor ter contado com um time mais forte nas duas partidas.

O Chelsea salvou duas bolas em cima da linha na prorrogação, uma com David Luiz e outra com Zappacosta, em um momento do jogo em que não haveriam forças e nem tempo para o empate. A vaga ficaria com o Frankfurt e o Chelsea ficaria de fora dessa histórica final de Liga Europa entre dois ingleses. Coincidindo com a final da Champions League, que será entre Liverpool e Tottenham. Ser o único a estragar esse feito seria bem chato para a torcida.

O jogo foi para os pênaltis, e novamente o Chelsea precisou sofrer para vencer. Após perder a segunda cobrança, com Azpilicueta, os Blues tiveram que contar com o goleiro Kepa Arrizabalaga, que salvou as duas últimas do time alemão, e garantiu a vitória sofrida no final.

A decisão acontecerá no dia 29 de maio, em Baku no Afeganistão.

Infelizmente, algumas reclamações estão partindo de torcedores dos dois times para esse jogo. Menos de 10% dos ingressos serão disponibilizados para a torcida de Chelsea e Arsenal. Mais precisamente, em um estádio com capacidade para 69870 torcedores, apenas 5.801 ingressos foram disponibilizados para cada equipe, totalizando 11.602 entradas e 16,5% da capacidade total. Dados da ESPN.

Os outros ingressos ficarão com moradores locais, além de patrocinadores e convidados da UEFA. A entidade parece não se preocupar muito com esse problema, que já aconteceu com outras equipes em anos anteriores.

Voltando ao que interessa, com a vaga para a próxima Champions League já conquistada através da Premier League, o Chelsea joga essa final por um título que vale demais para seu treinador, Maurizio Sarri. O italiano nunca conquistou um troféu relevante em sua carreira e esse traria uma confiança enorme e importante. Além disso, vencer o Arsenal na final acrescenta uma dose de motivação extra aos jogadores, que não querem dar o gosto da derrota aos torcedores.

Um título seria bem-vindo para fechar uma temporada de altos e baixos, mas que marca o início do trabalho de um treinador que trouxe um estilo novo a Stamford Bridge. O resultado final não é ruim, terceiro colocado na Premier League e duas finais. Ainda com a possibilidade de uma conquista.

Acréscimos: a punição da FIFA e as premiações no Chelsea

Hazard ganhou três prêmios durante a cerimônia [FOTO: Reprodução: @ChelseaFC]

A temporada vai chegando ao fim e ainda existem indefinições que preocupam demais o torcedor do Chelsea. A punição aplicada pela FIFA segue de pé, mesmo depois de mais uma tentativa de reverter no tribunal.

A Comissão Disciplinar da entidade decidiu pela manutenção da punição imposta ao clube. Com isso, o Chelsea segue sem poder contratar e inscrever nomes para seu elenco pelas próximas duas janelas de transferência, ou seja, até junho de 2020 (uma temporada).

A notícia não é boa. O elenco está envelhecido. Segundo dados do Transfermarkt, o Chelsea apareceu mais de uma vez no ranking dos 11 iniciais com maior média de idade na atual edição da Premier League.

Por exemplo, na vitória por 2xo contra o Tottenham, quando Maurizio Sarri entrou em campo escalando uma equipe com:

  • Caballero; Azpilicueta, Rudiger, David Luiz, Alonso; Jorginho, Kanté, Kovacic; Hazard, Pedro e Higuaín

Essa equipe teve uma idade média de 29,5 anos. Por isso seria necessário renovar algumas peças do elenco.

Além disso, é sempre importante dar ao treinador algumas peças que ele julga importantes para a manutenção do esquema tático e a melhora na qualidade do time. Mesmo contanto com uma grande quantidade de jogadores emprestados, a maioria deles nunca foi testado numa liga como a da Inglaterra, e podem não dar certo na estratégia de Sarri.

Outro problema é a longa novela da renovação de Eden Hazard.

E antes de chegar em seu contrato, é necessário fazer uma pausa para falar da premiação dos melhores jogadores da temporada no Chelsea, o Chelsea Football Club Awards 2019.

Ao todo, são sete prêmios. O belga ganhou todos os três em que concorreu.

A lista com os resultados finais foi:

  • Melhor jogador da base: Conor Gallagher
  • Melhor jogador jovem: Callum Hudson-Odoi
  • Melhor jogadora: Erin Cuthbert
  • Melhor jogador: Eden Hazard
  • Melhor jogadora segundo as jogadoras: Sophie Ingle
  • Melhor jogador segundo os jogadores: Eden Hazard
  • Gol da temporada: Eden Hazard (vs Liverpool)

Além de todos os prêmios dados pelo Chelsea, Hazard ainda venceu o prêmio de armador de jogadas do ano, pela Premier League, por suas 15 assistências na temporada. Mais do que qualquer outro jogador na competição.

Com 15 assistências, Hazard ganhou o prêmio da Premier League [FOTO: Reprodução: @ChelseaFC]

Ou seja, um jogador fundamental ao time, que no momento vive uma situação bem delicada com relação ao seu contrato. Hazard tem vínculo com o Chelsea até junho de 2020. Exatamente quando acaba a punição imposta pela FIFA. Então a situação é a seguinte: caso não aconteça uma renovação, ou o jogador é vendido nessa janela por um bom valor, ou sai de graça ao fim de seu contrato.

Mas, na pior das hipóteses, com punição aplicada e perda de Eden Hazard, os jogadores emprestados e os garotos da base serão mais aproveitados, e a missão é do treinador de montar um time competitivo com as peças que tem em mãos.

Category: Conteúdos Especiais

Tags:

Article by: Victor Rosa

Jornalista e viúvo de Eden Michael Hazard.