Colunas: Reforços são necessários… oportunidades também

Rémy foi destaque contra o Stoke (Foto: Ross Kinnaird/Getty Images)

É difícil fazer quaisquer reflexões sobre uma equipe em seus maus momentos. A discussão sempre tende a ser parcial, para um ou outro lado, e neste momento os rumores envolvendo o Chelsea são basicamente dois: a possível troca de comando dos Blues e a necessária contratação de algumas peças para o elenco. Quanto à primeira opção, penso que não merece consideração, uma vez que qualquer fala seria meramente especulativa; de forma diversa, a segunda faz jus a uma ponderação.

O Chelsea ficou atrás de seus concorrentes no mercado de negociações? Sim. O Manchester United de Louis van Gaal continuou sua reformulação e adequação às ideias do holandês; o rival City reforçou um elenco que já havia obtido o segundo melhor resultado na temporada passada; e o Arsenal, embora só tenha conseguido uma novidade de relevo, a buscou para a função que mais precisava: o gol. Já o Chelsea, talvez por uma crença cega de que “não se mexe em time que está dando certo”, ou por pura soberba de campeão, movimentou-se de forma falha no mercado.

Saiu o goleiro reserva, chegou outro; saiu um centroavante, outro desembarcou em Stamford Bridge; perdeu-se um lateral, contratou-se outro. Fora isso, o que foi feito foram apostas e uma única contratação com cara de reforço: Pedro Rodríguez, que apesar de ter feito uma estreia primorosa, ainda não se adaptou ao clube. O Chelsea esqueceu de pensar no desgaste de seu elenco, cuja base foi extremamente assídua em 2014-2015, e na previsibilidade que advém dos êxitos, quando a equipe vira o alvo a ser atingido.

Tudo bem, Kenedy chegou e Betrand Traoré retornou de empréstimo – além do misterioso zagueiro Papy Djilobodji, que foi contratado, não foi pedido de Mourinho e não tem sido utilizado. Não obstante, os dois supracitados são garotos e não entram na categoria “reforços”. Não são jogadores que pegam o colete do time titular nos treinos e incomodam os titulares (ao menos no primeiro momento). Ainda assim, diante dessa ocasião em que está clara a necessidade de contratações, são jogadores com poucos minutos em campo que estão dando esperanças ao torcedor e não as estrelas – exceção feita ao brasileiro Willian.

Para a defesa, Kurt Zouma vem se afirmando como um belíssimo zagueiro, dono de incomum velocidade e segurança impressionante para alguém com tão pouca idade, merecendo ser titular absoluto no miolo de zaga; no meio-campo Loftus-Cheek (que já foi tema de uma coluna) mostra qualidades na transição; e, como peça versátil, Kenedy (outro de quem já falamos) tem mostrado talento e muita vontade de crescer com o clube. Quanto a Traoré, está difícil entender sua reintegração, já que vem sendo tratado como carta fora do baralho, só tendo atuado em 53 minutos na temporada.

Por outro lado, Eden Hazard está mostrando enorme apatia, bem como Cesc Fàbregas. Na defesa, John Terry e sobretudo Branislav Ivanovic dão sinais claros de envelhecimento e não podem ser opção para todos os jogos, como na última temporada. As estrelas não só precisam de tempo para recuperarem sua forma, como também de uma sombra que os force a dar o seu melhor pela titularidade.

Diante do desempenho recente de alguns atletas jovens e da impossibilidade de contratar até janeiro, oportunidades deveriam ser concedidas. Já imaginou a reação de Hazard vendo seu posto ameaçado por um garoto cheio de vontade de crescer, como Kenedy? E mais, não são só os garotos que andam merecendo oportunidade. No ataque, Loïc Rémy, jogador que embora não tenha a mesma qualidade técnica de seus concorrentes sempre luta muito, tem média de um gol a cada 198,5 minutos enquanto Diego Costa apresenta média de um tento a cada 325. Dizem por aí que futebol é momento…

Até mesmo alguns jogadores emprestados poderiam entrar nesta argumentação, mas no momento não adianta cogitá-los.

É fácil neste momento acusar o golpe da falta de peças, difícil é enxergar que no próprio elenco, bem mais apagados que as estrelas, há atletas com fome de bola e muita disposição para cavarem seu espaço e ajudarem o Chelsea a retomar o caminho das vitórias. José Mourinho muitas vezes é turrão, mas ainda é a mesma mente brilhante do ano passado e deve estar atento a isso. Mudanças no desempenho são necessárias, mas uma mudança de atitude dos atletas também e a solução para isso pode passar justamente pela concessão de oportunidades àqueles que, com bom desempenho, estão pedindo passagem.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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