Colunas: Baba é o novo Filipe Luís?

Rahman não vem tendo oportunidades no time (Foto: Getty Images)
Rahman não vem tendo oportunidades no time (Foto: Getty Images)

Contratado na última temporada para ser titular da lateral-esquerda dos Blues, então campeão espanhol com o Atlético de Madrid, o brasileiro Filipe Luís amargou uma temporada esquentando o banco de reservas do Chelsea e, evidentemente insatisfeito, procurou deixar o clube assim que foi possível, retornando ao clube madrilenho. No total, o jogador que assumiu a titularidade da Seleção Brasileira com o retorno de Dunga jogou 26 partidas, marcando um gol.

O número, em si, não foi tão irrelevante, não obstante, os minutos de Filipe na cancha foram. Considerando esse dado, Filipe esteve em média 72 minutos em campo por partida, o que conduz a um total de 20,6 partidas (considerando que um jogo tem 90 minutos), o que é bem pouco, considerando o estatuto com o qual o jogador desembarcou em Stamford Bridge, tendo chegado com um currículo recheado de bons resultados recentes e por um valor considerável (aproximadamente £14 Milhões).

Durante sua única temporada em solo inglês, Filipe foi reserva de César Azpilicueta, lateral-direito de origem, que fez bela campanha. A despeito disso, o fato de o espanhol ter feito um grande ano não justifica as poucas chances concedidas ao brasileiro. Em algumas ocasiões, José Mourinho poderia, por exemplo, poupar Branislav Ivanovic – que já não era nenhum garoto –, deslocar Azpi para sua função originária e incluir Filipe Luís no onze inicial.

Entretanto, de forma geral, Mou explorou uma mesma escalação básica durante a temporada. Em condições normais, foi fácil escalar o Chelsea com Thibaut Courtois na meta; Ivanovic, Gary Cahill, John Terry e Azpi na defesa; Nemanja Matic, Cesc Fàbregas, Willian, Oscar e Eden Hazard no meio-campo; e Diego Costa à frente. Qualquer coisa diferente disso foi originada de lesões e suspensões. E essa pode, inclusive, ser uma das razões responsáveis pelo mal desempenho dos principais jogadores do time na atual temporada – o desgaste do ano anterior.

Agora, com a saída de Filipe, o Chelsea contratou o garoto ganês Abdul Baba Rahman para a lateral-esquerda. Em um momento em que Ivanovic mostra terrível forma técnica, sofrendo com bolas nas costas, com a velocidade e a habilidade de seus adversários, o treinador português insiste na manutenção do ídolo sérvio, o que anula as chances do novo contratado, uma vez que a titularidade de Azpi é indiscutível. Sim, Ivanovic é ídolo, mas isso não o torna intocável e o bem da equipe deve vir sempre em primeiro lugar. Ao invés de a permanência do lateral estar dando-lhe mais confiança, o efeito visto é o contrário.

Hoje, não seria bom ter Filipe Luís no elenco – um jogador confiável e de quem se sabe a qualidade? A resposta positiva parece unívoca. Não obstante, não adianta chorar pelo passado e hoje o clube tem Baba Rahman, uma promessa que mostrou personalidade nos míseros dois jogos em que este presente. A curiosidade da torcida em acompanhar o futebol de seu novo lateral, que atuava no modesto Augsburg, só não é maior do que o desejo de ver Ivanovic fora do time – neste momento, evidentemente, o que não exclui de forma alguma a possibilidade de um retorno posterior.

Antes de chegar ao Chelsea, Baba foi pretendido por vários outros clubes e, se não conseguir espaço em Londres, certamente seguirá os passos de Filipe e os Blues terão que procurar um novo jogador. Não há quadro mais favorável para a utilização do ganês no time titular do que o atual. Ivanovic vive má fase e não mostra a confiança de outros tempos, com isso, o óbvio seria sacar o experiente jogador, devolver Azpi para o lado em que foi criado e incluir Baba no onze inicial.

O clamor por essa mudança é público e facilmente verificável nos comentários que têm sido vistos pelo mundo virtual. A contratação de Filipe Luís na temporada passada não se justificou e a de Baba também não se justifica, uma vez que Mourinho, justamente quem dá o aval para a maioria dos negócios, não o usa.

A idolatria pelo Special One é muito grande ainda – bem como a gratidão diante de seus êxitos. Todavia, são atitudes como essa que abrem margem para contestações. Há razões para se ter um elenco com opções e há uma razão bem clara que justificaria o uso de Baba Rahman no time. Seguindo nessa toada, ao que parece, só será verificável a insatisfação do ganês e a perda cada vez maior da confiança de Ivanovic e da equipe como um todo.

Nenhum jogador ou treinador é imune à má fase e isso não fere sua história. O que é inadmissível é a insistência em erros que qualquer um consegue verificar. Diante disso, não há dúvidas de que, se não jogar, Baba seguirá os passos de Filipe Luís, tornando-se mais um jogador que custou caro e apenas “passou” por Stamford Bridge.

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Em tempo: Recomendo a leitura da crônica de Felipe Maia escrita após a derrota para o Porto. Acesse por aqui.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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