Colunas: A flexibilidade tática do Chelsea de José Mourinho

Mourinho maximiza a força do excelente elenco do Chelsea através da flexibilidade tática para jogar cada jogo sem estar preso a esquemas e filosofias que definam o time
Mourinho maximiza a força do excelente elenco do Chelsea através da flexibilidade tática para jogar cada jogo sem estar preso a esquemas e filosofias que definam o time

Às vésperas de enfrentar o Manchester United pela Premier League no próximo domingo, dia 26, muitas perguntas são feitas em relação ao o que o técnico José Mourinho irá fazer com o ataque do time. Diego Costa está contundido e seu substituto direto, Loïc Rémy, se machucou no jogo da última terça pela Champions League, enquanto Didier Drogba está voltando de contusão e ainda não se encontra no seu melhor condicionamento físico e técnico. Mas essa talvez seja a última das preocupações de Louis van Gaal – treinador do Manchester United.

Claro que a presença de Diego Costa é preocupante para qualquer adversário, mas o que impressiona no Chelsea desta temporada é a flexibilidade tática do time, que joga bem com a bola, mas também no contra-ataque. Que sabe atuar com a defesa postada atrás, protegida pelos meio-campistas, mas que também se joga ao ataque com os laterais apoiando e os volantes chegando de trás. Os mesmos jogadores que defendem com muita qualidade, apoiam o ataque de maneira perigosa. Basta um nome diferente na lista de titulares para a postura do time mudar completamente. Mesmo jogando no tradicional 4-2-3-1 – que muitas vezes tem se transformado em 4-3-3 no campo, quando Oscar volta para jogar mais recuado – o time de Mourinho apresenta muitas facetas e em muitas ocasiões, mais de uma por jogo.

Na partida contra o que muitos consideram o principal concorrente ao título da Premier League – Manchester City –, Mourinho adotou postura mais conservadora no campo do adversário. Recuando Willian e jogando com Ramires, encorpou o meio-campo, isolando Diego Costa no ataque para explorar contra golpes puxados por Eden Hazard em velocidade ou através dos lançamentos de Cesc Fàbregas. Contra o Everton, também fora de casa, a equipe foi para cima, mesmo diante do perigoso ataque dos Toffees e o resultado foi o alucinante e inesquecível 6×3 para os Blues. Tudo depende da avaliação que Mourinho faz do adversário. O Chelsea não tem um estilo que o caracteriza, mas é um time que se adapta às circunstâncias, sejam elas quais forem.

Imagem 1: Contra o City o Chelsea esperou pelos contra-ataques e uma bola certeira para Diego Costa, mas dos 16 tiros apenas 4 foram no alvo. Legenda: Preto (gol); vermelho (chute no alvo); laranja (chute fora do alvo); amarelo (chute bloqueado pela defesa); azul (chute no travessão)
Imagem 1: Contra o City o Chelsea se defendeu e esperou pelos contra-ataques e uma bola certeira para Diego Costa. O time pouco ameaçou o adversário, mas também limitou o ataque do City que dos 16 tiros que teve, apenas 4 foram no alvo. Legenda: Preto (gol); vinho (chute no alvo); laranja (chute fora do alvo); amarelo (chute bloqueado pela defesa); azul (chute no travessão)

Mesmo na partida contra o City, não se pode dizer que o time de Mourinho foi dominado pelo time de Pellegrini antes da expulsão de Zabaleta. Apesar de estar mais presente no ataque, o time da casa não conseguia criar chances claras de gol e ameaçar Thibaut Courtois de maneira mais efetiva. A defesa se posicionava bem e Diego Costa esperava por um vacilo da dupla de zagueiros formada por Kompany e Mangala. Com a expulsão do lateral, as coisas mudaram e o Chelsea passou a ser perigoso e o gol não demorou a sair.

Já contra o Arsenal jogando em casa, Mourinho deu mais liberdade aos meias e adotou uma postura mais agressiva, que foi contida pelo Arsenal nos primeiros momentos da partida até levarem o primeiro gol. Diante do balde de água fria nos Gunners, o time de Arsène Wenger não conseguiu mais imprimir a marcação forte na saída de bola – até porque não está acostumado a jogar assim – e o Chelsea passou a dominar a partida, mesmo sem conseguir ampliar o placar – o que só aconteceu no segundo tempo. Em nenhum momento os Blues pareciam correr o risco de perder a partida.

Figura 2: Contra o Arsenal o time apertou a saída de bola e dividiu a posse de bola com o Arsenal, mas mesmo assim era mais perigoso, tendo tido 13 dribles completados de 21 vezes que tentou se livrar dos marcadores dos Gunners, dos quais 11 no ataque.
Figura 2: Contra o Arsenal o time apertou a saída de bola e dividiu a posse de bola com o adversário em 50% para cada, mas mesmo assim o Chelsea era mais perigoso, tendo tido 13 dribles completados de 21 vezes que tentou se livrar dos marcadores dos Gunners, dos quais 11 no ataque.

O Chelsea está sempre bem postado em campo e é difícil dominar o time de Stamford Bridge, mesmo longe de Londres. Na maioria das partidas que jogou, o time venceu confortavelmente e mesmo o empate contra o Schalke pela Champions League foi consequência do desperdício do ataque. Van Gaal não sabe o que o espera no fim de semana, exceto que será uma parada dura, com ou sem Diego Costa. Isso porque a estabilidade que o meio-campo dá à equipe dificulta a vida dos adversários quer seja atacando, quer seja compondo o sistema defensivo. Não precisa ser excelente analista tático para perceber que o que tem feito diferença no início de temporada excelente dos Blues é o meio campo coeso, dinâmico, criativo e pegador. O Crystal Palace preferiu usar uma marcação individual no maestro e garçom do time, Cesc Fàbregas, o resultado foi espaço para o brasileiro Oscar brilhar e controlar o ritmo da partida.

Voltando à partida de domingo, ninguém sabe o que esperar do Chelsea em termos táticos. Os dois times de Manchester possuem jogadores de ataque letais, com David Silva e Sergio Agüero pelos atuais campeões e Angel di María e Radamel Falcao pelos Red Devils, mas enquanto a defesa do time azul é segura e forte, a defesa do United não é confiável. Tentaria Mourinho medir forças no ataque como fez contra o Everton? Marcaria sob pressão, buscando o ataque incessantemente e esperando o erro do adversário como fez contra o Arsenal? Ou seria mais defensivo como no caso do City? Ninguém tem a resposta para isso exceto José Mourinho e seu staff e não seria inesperado se o português surpreendesse a todos e trouxesse uma nova opção ainda não usada na temporada.

Figura 3: no fogo cruzado contra o Everton, o Chelsea foi para cima, buscando o ataque em chances rápidas e capitalizou as oportunidades que teve, O Everton criou 14 chances de gol, contra 11 do Chelsea, mas o time de Londres marcou seis gols, enquanto o time de Liverpool marcou apenas três.
Figura 3: no fogo cruzado contra o Everton, o Chelsea foi para cima, buscando o ataque em chances rápidas e capitalizou as oportunidades que teve, O Everton criou 14 chances de gol, contra 11 do Chelsea, mas o time de Londres marcou seis gols, enquanto o time de Liverpool marcou apenas três.

Seja quem for o atacante titular e as opções do banco, não se sabe se Oscar vai jogar mais recuado ou com mais liberdade, se Nemanja Matic vai se aventurar ao ataque ou se vai segurar posição à frente da zaga. Se os laterais Branislav Ivanovic e Filipe Luís vão subir mais ou se vão ficar mais postados. Se o time irá atuar com Willian, que consegue tanto segurar a bola ou imprimir velocidade, além de acrescentar qualidade técnica na saída de bola, ou se vai com Ramires, que oferece mais estabilidade defensiva e energia ao meio-campo, isso sem falar em André Schürrle que traz velocidade e objetividade. São muitas opções que se traduzem em muitas possibilidades táticas, mas o que mais impressiona são os jogadores se adaptarem com tanta facilidade a cada um dos sistemas armados por Mourinho.

O português tem sido tão engenhoso com o seu plantel de jogadores, que em se falando de Chelsea, tão difícil quanto prever o resultado das partidas – afinal o futebol é imprevisível – é tentar antecipar a postura do time.

 As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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