Blog: A utilização das joias da base e o Fair Play Financeiro

Loftus-Cheek ergue a taça da FA Youth Cup de 2014 (Foto: Getty Images)
A equipe sub-21 do Chelsea ganhou, na temporada passada, a Premier League e a FA Cup da categoria (Foto: Getty Images)

Para se adequar às regras do Fair Play Financeiro, o Chelsea tem adotado uma política de contratações bem diferente daquelas que renderam ao clube fama de gastador, no meio da década passada.

Os Blues readequaram suas finanças e, surpreendentemente ou não, o Chelsea tem seguido esta politica à risca, e prova disto é que, em novembro, foi anunciado lucro recorde na última temporada, sendo o segundo ano de lucros nos últimos três. Outra prova foram as significativas vendas de jogadores ao longo da segunda ‘Era Mourinho’, com fim de financiar a contratação de outros, provando a responsabilidade fiscal do clube.

Chegaram Diego Costa, Fàbregas, Matic, Remy, Filipe Luís e Cuadrado, por valor agregado de 131 milhões de libras. Valor alto, claro, mas não tanto se pensarmos que as vendas de David Luiz, Romelu Lukaku, Juan Mata, De Bruyne e André Schurrle renderam aos cofres 155 milhões. Ou seja, fazendo uma matemática simples, o clube gastou menos do que recebeu. É um lucro de pouco mais de 20 milhões apenas com estas transferências; sem falar em Demba Ba, Saville, Van Aanholt e Ryan Bertrand, que renderam outros 18,5 milhões de libras aos cofres azuis.

Atualmente, o Chelsea é visto na Europa como exemplo para os outros clubes quando se trata do Fair Play Financeiro. Porém, uma das alternativas mais inteligentes e satisfatórias para construção de elencos e economia de recursos para grandes contratações, é a utilização de jogadores revelados na base.

E neste quesito, o Chelsea deixou a desejar muito na última década. O último jogador a ter destaque no clube saindo das divisões de base foi John Terry, ou seja, nos últimos 17 anos não revelamos ninguém relevante.

Claro que isso é um reflexo da montagem milionária dos elencos na ‘Era Abramovich’, que se baseava em contratar grandes nomes e não em revelar. Contudo, agora, com a nova realidade responsável do clube, aproveitar os jovens da base é fundamental.

O próprio José Mourinho afirmou a importância desta política, tendo declarado, inclusive, que “se não for para usarmos os jogadores formados no clube, é melhorar acabar com as categorias de base”. O treinador por várias vezes, desde que voltou ao Chelsea, falou sobre os jovens jogadores do clube e deu garantias que irá utilizá-los cada vez com mais frequência. Tendo comentado, até, que ele tem papel importante para que as estrelas da atual geração sub-21 do Chelsea chegue a Seleção Inglesa principal.

Recentemente, o treinador promoveu definitivamente Ruben Loftus-Cheek e Izzy Brown para o time principal, que agora conta, além deles, com Nathan Aké, Andreas Christensen e Jamal Blackman como jogadores formados no clube, além, é claro, de John Terry. Fora eles, Mourinho, nesta temporada, já utilizou Dominic Solanke, que ainda treina com o sub-21, e Lewis Baker, que integrou o time principal até janeiro, quando foi emprestado para Sheffield Wednesday para ganhar experiência

Aké e Solanke são duas das grandes joias da base dos Blues
Aké e Solanke são duas das grandes joias da base dos Blues

E esta geração de jovens talentos dos Blues, que venceram as últimas edições da Premier League sub-21 e da FA Youth Cup, principais competições sub-21 da Inglaterra, conta com outros talentos como Jeremie Boga, Nathaniel Chalobah, Kasey Palmer, Tomas Kalas e Patrick Bamford, que tem sido destaque na Championship.

Interessante notar também que os torcedores do Chelsea podem até não dar muita atenção a estes jogadores, mas os especialistas ingleses colocam Solanke, Baker, Chalobah, Loftus-Cheek e Brown como grandes esperanças para a Seleção Inglesa, mostrando que o investimento do clube nas categorias de base tem rendido frutos. Todos os ingleses da base, inclusive, são líderes na equipe sub-21 da Inglaterra.

Resta saber se eles serão, de fato, bem aproveitados na equipe principal. Mourinho diz que sim, mas eles não tem ganhado minutos em campo, mesmo em jogos de menor porte. E é importante que eles ganhem tempo em campo não apenas para evoluírem como atletas, mas principalmente pra tornar o elenco do Chelsea mais forte, com mais opções.

Com atletas da base tendo papel importante, mesmo que sejam de coadjuvantes, mas com destaque, o Chelsea colhe não só um impacto esportivo, mas também financeiro. Jogadores da base jogando significa a não necessidade contratar, o que significa gastar menos. O que significa, no final das contas, maior disponibilidade financeira para que o Chelsea busque grandes nomes no mercado para fortalecer ainda mais o grupo, sem precisar fazer loucuras.

Loftus-Cheek estreou pelo Chelsea na atual edição da UEFA Champions League
Loftus-Cheek estreou pelo Chelsea na atual edição da UEFA Champions League (Foto: Getty Images)

Um exemplo a se citar é o de Mohamed Salah, que foi contratado por 11 milhões de libras em janeiro de 2014, e acabou de ser emprestado sem custos à Fiorentina, como parte do negócio que trouxe Cuadrado para Stamford Bridge. Para a posição dele, vindos da base, o Chelsea poderia utilizar Loftus-Cheek, Solanke e Baker, para citar apenas alguns e, certamente, eles teriam dado mais retorno em campo que Salah.

Se assim houvesse ocorrido, o Chelsea teria economizado 11 milhões de libras, que poderiam, mais tarde, terem sido utilizadas para ajudar a financiar um grande jogador, de grande porte no mercado europeu.

Se ao invés de ir ao mercado gastar valores considerados “médios”, como estes 11 milhões do egípcio, para compor elenco, o Chelsea utilizasse garotos formados no clube, quantas dezenas de milhões de libras seriam economizadas em alguns anos?

Além do mais, dar espaço a estes jogadores pode fazer com que o clube descubra joias, como têm feito os nossos rivais, que tem jogadores da base causando estrago como jogadores do elenco principal.

Para citar apenas alguns casos, o Liverpool revelou Raheem Sterling, 20 anos, que hoje tem valor especulado em 35 milhões de libras, e que tem tido grande impacto no time. O Manchester revelou Adnan Januzaj, 20 anos, que atualmente é cotado em 25 milhões de libras. Já o Arsenal revelou Theo Walcott, Oxlade-Chamberlain e Jack Wilshare, todos importantes no elenco e na Seleção Inglesa e com valores acima dos 20 milhões de libras.

O Tottenham recentemente mostrou ao próprio Chelsea o talento de Harry Kane, 21 anos, que hoje é avaliado em 25 milhões de libras pela imprensa britânica. Já o Everton revelou Ross Barkley, 21 anos, que foi para a Copa do Mundo de 2014 com a Inglaterra e que tem sua compra especulada pelos rivais de Manchester e Chelsea com cifras chegando aos 40 milhões de libras.

Equipe sub-21 dos Blues levantando a taça de campeão da Premier League da categoria
Equipe sub-21 dos Blues levantando a taça de campeão da Premier League da categoria

Se o Chelsea colocar em campo os jogadores desta grande geração da Academy, que é considerada a melhor da Inglaterra, eles certamente poderão estar no patamar destes destaques de outros times, e podem render um plantel de grande nível aos Blues.

Atualmente temos jogadores para todas as posições subindo das categorias de base. Christensen e Kalas, na zaga, sendo que o último rende muito bem na lateral direita; Aké para lateral esquerda, zaga e volância. Os excelentes Loftus-Cheek, Baker, Solanke para o meio de campo ofensivo. Além de Brown e Bamford para o comando de ataque. Todos podem compor elenco e não apenas no banco, mas em campo também.

Ou seja, em poucos anos, podemos ter toda uma estrutura de elenco baseada em jogadores formados no clube. Quem sabe até teremos um time titular com alguns deles? A certeza é apenas de que é uma geração de ouro, e que não pode ser desperdiçada. O elenco pode, e deve, passar por eles.

E sem precisar gastar milhões de libras com jogadores secundários, para formar um elenco, utilizando os jogadores da base para ocupar estas posições no grupo, deixando que se desenvolvam no próprio elenco principal, o Chelsea estará dando chance para que alguns deles sejam titulares um dia, e mais, está salvando muitos e muitos milhões que podem ser utilizados para contratar novos Fàbregas, Diegos e Hazards, que chegaram como grandes estrelas, e assim, o elenco dos Blues será cada vez mais forte, pois unirá os jovens talentos com os melhores do futebol europeu, que Chelsea conseguirá custear.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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