Não é fácil admitir, mas a história chegou ao fim

Dizer adeus nunca é fácil, ainda mais após 22 anos de história, 713 aparições – sendo 578 delas como capitão – e 16 títulos. Números incrivelmente expressivos, mas que não são capazes de traduzir quem foi John Terry na história do Chelsea.

Último remanescente da geração formada por Didier Drogba, Frank Lampard e Petr Cech, o camisa 26 dos Blues dará seu adeus ao fim desta temporada, conforme acordo firmado entre clube e atleta na última segunda-feira (17). Apesar de não representar o fim da carreira de Terry como jogador, o término do vínculo é um baque para qualquer torcedor.

A maior dor porém não é a de perder mais um ídolo em tempos onde estes tornaram-se tão raros, mas a de perder alguém que carregava consigo uma identificação fora do comum com a camisa que defendia. Algo que se assemelha ao sentimento de um torcedor.

(Foto: Chelsea FC)

John Terry fez do Chelsea sua casa durante quase toda a carreira. Formado nas categorias de base do clube londrino, chegou em 1995 e, apenas três anos depois fez sua primeira partida como titular, sob o comando do então técnico Gianluca Vialli.

Em 2000, marcou seu primeiro gol na equipe principal, contra o Gillingham, pelas quartas de final da Copa da Inglaterra, e no ano seguinte, foi eleito a grande revelação do Chelsea na temporada. Ainda em dezembro de 2001, o camisa 26 fez sua estréia como capitão jogando em Stamford Bridge, contra o Charlton.

Visto por muitos de seus companheiros e treinadores como um líder nato, Terry assumiu definitivamente a faixa de capitão na temporada 2003/04, aos 23 anos. A posição o levou a uma grande evolução, além de acrescentar consistência ao seu futebol.

Mas os progressos do capitão desde então não limitam-se ao individual. Inteligente e dono de uma leitura de jogo fantástica, John não se prendia apenas às funções de um zagueiro. Era capaz de orquestrar ataques partindo de sua própria defesa, distribuir passes de maneira equilibrada entre seus companheiros e estava sempre pronto a auxiliar no desenvolvimento de outros atletas, especialmente aqueles que também vinham da base dos Blues.

Foi ainda em 2003, ao fim da campanha na Premier Legue com a conquista de uma vaga para a Champions, que Terry chegou a seleção inglesa, fazendo sua estréia em um amistoso contra Sérvia e Montenegro. Naquela oportunidade, atuou apenas no segundo tempo da partida. Mal sabia ele que ainda iria a duas Copas do Mundo e duas Eurcopas representando seu país como capitão da equipe.

Voltando ao Chelsea, em 2004/05, ergueu seu primeiro troféu como capitão dos Blues ao conquistar o título da Copa da Liga Inglesa sob o comando de José Mourinho e, logo em sequência, o Campeonato Inglês, feito que não era alcançado pelo clube desde 1955. O desempenho de John Terry ao longo daquela temporada foi tão impressionante que o zagueiro foi eleito pela PFA como melhor jogador da temporada, além de estar presente no time do ano, tanto da federação inglesa quanto da UEFA.

No ano seguinte, foi bicampeão da Premier League com os Blues, mantendo um excelente desempenho, e eleito o jogador do ano pelo clube. Conquistou, em 2006/07, uma FA Cup e mais um título da Copa da Liga Inglesa, mas viu sua primeira grande oportunidade de conquistar o a Champions Legue, em 2008, escapar por entre os dedos ao perder um dos pênaltis da grande final contra o Manchester United.

Na temporada 2009/10, Terry foi um dos líderes da equipe, nas conquistas da Premier League e Copa da Inglaterra, tornando-se o primeiro capitão da história do Chelsea a conquistar os dois troféus em uma única temporada. E não demorou muito para que chegasse a mais um feito inédito com a camisa do clube londrino.

John Terry foi o único capitão da história do clube a conquistar o título da Premier League e o da Copa da Liga Inglesa em uma única temporada (Foto: Chelsea FC)

Em uma das mais memoráveis temporadas da história do clube, John e seus companheiros de equipe chegaram a mais um título da FA Cup além da tão sonhada UEFA Champions League – da qual o capitão não pôde disputar a grande final devido a uma suspensão. Sua participação ao longo da campanha rumo ao título, no entanto, foi vital, tendo como pontos principais um gol decisivo contra o Napoli e a brilhante atuação defensiva contra o Barcelona, em Stamford Bridge, pelas semifinais da competição.

Ao todo, Terry conquistou com os Blues duas Supercopas da Inglaterra, três Copas da Liga Inglesa, cinco títulos da FA Cup, quatro da Premier League, uma Liga Europa e uma Liga dos Campeões. Mas, por diversas vezes, teve também seu grande desempenho individual como atleta e capitão recompensado.

Esteve cinco vezes entre os 11 melhores do mundo eleitos pela FIFA, quatro entre os eleitos da UEFA e outras quatro na equipe do ano do Campeonato Inglês, além de ocupar posição no time do século da PFA. Também foi escolhido como o melhor zagueiro da UEFA em três oportunidades, futebolista do ano da PFA em 2005, jogador do ano do Chelsea por duas vezes e fez parte da seleção da Copa do Mundo de 2006.

É comum que jogadores tornem-se ídolos por um momento, algo de importância tão profunda na história do clube que defendem que faz com que seus nomes fiquem para sempre marcados na história. John Terry, porém, não conquistou o afeto da torcida do Chelsea por um momento; foi sua trajetória que o levou a essa conquista. Foi a paixão com que vestiu a camisa do clube que lhe deu o direito de ser reconhecido como um dos maiores ídolos de Stamford Bridge.

Foram 22 anos dedicados a um único clube, algo que dificilmente se verá de novo no futebol moderno e, por tanto, um feito que merece ser reconhecido com todo o respeito. O lendário camisa 26 foi, por anos, o coração que impulsionou o Chelsea a tantas conquistas em sua história atual, e ao mesmo tempo, um líder que carregava em suas veias a mais pura paixão e dedicação ao que fazia. São jogadores como John Terry que devemos agradecer sempre por termos em nossa história.

A faixa em homenagem ao mais vitorioso capitão da história do Chelsea fica exposta no setor norte de Stamford Bridge (Foto: Chelsea FC)

No setor norte de Stamford Bridge – mais conhecido como Matthew Harding Stand, há uma icônica faixa que homenageia o zagueiro, definindo-o com os dizeres ‘Captain, Leader, Legend’. Existe melhor forma de descrever JT?

A saída não era inesperada, mas dói confrontá-la. Mais um ídolo se vai, o último integrante de uma geração gloriosa e, acima de tudo, o mais vitorioso capitão da história do Chelsea. Que as memórias grandiosas deixadas sirvam de inspiração às novas gerações de defensores dos Blues, e que a despedida possa ser coroada da forma que uma das maiores lendas do clube merece: com o título da temporada.

Category: Chelsea Football Club

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Article by: Chelsea Brasil

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